quinta-feira, 30 de junho de 2011

Registro de obstetrizes no Conselho de Enfermagem


De peitos a mostra obstetrizes e ativistas protestaram contra o fechamento do curso de Obstetrícia, em março de 2011, no vão livre do MASP, em São Paulo, capital. Imagem da internet.
Como previsto na Lei 7.498/86, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, o art. 6º estabelece que é enfermeiro “o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfermeira obstétrica, conferidos nos termos da lei”. Mesmo assim, @s obstetrizes graduad@s pela EACH-USP não conseguem atuar na assistência obstétrica, pois os conselhos não reconhecem o ofício.
Mas, boas novidades! Confiram nas inúmeras matérias noticiadas pela internet:
MPF quer que conselho reconheça obstetrizes como enfermeiros - http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5212504-EI8266,00-MPF+quer+que+conselho+reconheca+obstetrizes+como+enfermeiros.html
A medida beneficia os estudantes de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP). De acordo com o MPF, um inquérito civil público foi aberto após a constatação de que o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP) estava indeferindo o registro de bacharéis formandos pela USP. O Coren-SP e o Cofen têm um prazo de 25 dias para informar se cumpriram a recomendação.
MPF recomenda a conselho que registre formado em Obstetrícia como enfermeiro - http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,mpf-recomenda-a-conselho-que-considere-como-enfermeiro-formado-em-obstetricia,738459,0.htm
A grade curricular foi alterada baseando-se no curso de enfermagem e o Coren/SP concordou em reconhecer como bacharéis os alunos que a cumprissem. No entanto, a decisão foi refutada pelo Cofen, que expediu a resolução nº 378 em 29 de abril de 2011, determinando que os conselhos regionais não aceitassem a inscrição de obstetrizes, independente da carga horária cumprida.
MP quer que órgãos de enfermagem reconheçam formados em obstetrícia Conselho Federal de Enfermagem não reconhece diploma de obstetriz - USP decidiu manter as 60 vagas oferecidas no vestibular - http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/06/mp-quer-que-orgaos-de-enfermagem-reconhecam-formados-em-obstetricia.html
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Cofen e aguarda retorno. Em março, o órgão emitiu nota assinada pelo presidente Manoel Carlos Neri da Silva, na qual afirmava que o curso da USP “não preenche os requisitos legais para o exercício profissional da enfermagem”. Ainda segundo a nota, o Conselho Federal de Enfermagem, desde 2008 tem emitido pareceres repetidos indicando a impossibilidade de concessão de registro profissional aos egressos do curso de obstetrícia porque contraria as diretrizes curriculares para o curso de graduação em enfermagem.
MPF recomenda ao COFEN que reconheça bacharéis em obstetrícia como enfermeiros - Cursos de obstetrícias devem voltar a valer, mas formados devem ser considerados enfermeiros - http://www.redebomdia.com.br/noticias/dia-a-dia/58638/mpf+recomenda+ao+cofen+que+reconheca+bachareis+em+obstetricia+como+efermeiros
O Ministério Público havia recusado a base curricular do curso da USP e proibido a inscrição de obstetrizes nos Conselhos Regionais de Enfermagem. Agora, o MPF pediu o cancelamento dessa proibição.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Agenda Parto no Brasil

Confiram os eventos e oportunidades em nossa Agenda Parto no Brasil desta semana, c/ incríveis encontros e capacitações p/ o início de julho!
No portal Absoluta, participem da Promoção Meu Bebê é meu Melhor Presente:

2a. Semana Gênero e Direito:

Nesta quarta, Roda de Casais Grávidos, em São Paulo, capital, na Casa Jaya:

Simpósio Multidisciplinar de Parto Humanizado, em 1o e 2 de julho, c/ carga horária de 20 horas, na Câmara Municipal de Dourados/MS, p/ acadêmicos e profissionais da área da saúde, da atenção básica, especialidades e hospitalar. Mais informações no site - www.humanizadourados.com
Lançamento dos resultados do Projeto Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco e do Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco. O evento acontecerá no sábado, dia 02 de julho, das 13 às 15 horas, no auditório da Livraria Cultura. No lançamento haverá uma mesa redonda, composta por uma representante do Instituto Nômades, que apresentará os resultados das pesquisas; pelo Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros/UFPE, através da antropóloga Cida Nogueira, que falará sobre o conceito de tradição na atualidade; pela Gerência de Saúde da Mulher da SES/PE, que apresentará o Programa Estadual de Parteiras Tradicionais; pelo Iphan, que fará uma exposição sobre a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) e o processo de registro de um bem como patrimônio cultural imaterial, e por parteiras. Será entregue também ao Iphan uma solicitação do registro dos saberes e práticas das parteiras tradicionais como patrimônio cultural brasileiro, e as pessoas físicas e jurídicas presentes no evento que apoiam a solicitação poderão assinar o documento, reforçando o pedido.

Congresso Virtual de Aleitamento:

Curso de Doulas, em Recife/PE:
O Instituto Nômades e o Ishtar Espaço para Gestantes anunciam a tod@s a realização do seu Curso de Capacitação de Doulas no Grande Recife. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas!
Com o objetivo de capacitar mulheres de diversas áreas/profissões para atuarem como doulas (acompanhantes de parto) em partos hospitalares e domiciliares, sendo que o público alvo são mulheres de qualquer formação profissional que desejam ajudar outras mulheres no trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
De 09 a 12 de julho, c/ carga horária de 37 horas, c/ uma atividade prática numa maternidade local com 5 horas de duração. Na Granja Jaguaroca, Aldeia, Camaragibe/PE, c/ uma equipe formada por Melania Amorim (obstetra); Leila Katz (obstetra); Dan Gayoso (doula); Ana Katz Schuler (doula); Kelly Brasil (doula); Fabiana Melo (fisioterapeuta) e Marcelle Mello (enfermeira obstetra). Investimento de R$ 600,00, parcelado em até 3x. Mais informações/inscrições pelo tel.: (81) 3454-2505 / 9973-8035 / 8825-1274, e/ou pelo email: dan@institutonomades.org.br / espacoishtar@gmail.com
E, p/ finalizar, Michel Odent também no Rio de Janeiro/RJ:

terça-feira, 28 de junho de 2011

Parto em evidência

A partir de hoje, terça-feira, vários eventos incríveis sobre Saúde da Mulher, c/ foco na gestação e parto estarão em destaque, a começar pelo encerramento da disciplina Evidências em Saúde, das profas. Maria Luiza Riesco, Diná Monteiro da Cruz e Simone Diniz, ofertada pelos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem e Enfermagem na Saúde do Adulto, na Escola de Enfermagem da USP, na capital paulista, na sala 349 - 3o. andar, das 9 às 12 horas.
Na oportunidade ainda terão relatos de pesquisas e experiências de usuárias mobilizadas em favor das melhores práticas na atenção ao parto vaginal, sendo uma aula aberta e gratuita. Além disso, o objetivo da disciplina foi de ampliar a capacidade d@s alun@s em interpretar criticamente o conhecimento gerado por pesquisas científicas e suas publicações. Na aula aberta de encerramento, o curso destacará a mobilização de mulheres usuárias dos sistemas de saúde, em favor do uso das evidências em obstetrícia, por melhores práticas na atenção ao parto e nascimento. O país que é campeão em número de cesáreas, mantém uma assistência ao parto vaginal que pode ser considerada até retrógrada, em termos de evidências científicas. Neste contexto, brasileiras mobilizam-se virtualmente e presencialmente para popularizar e garantir as práticas mais seguras e efetivas, evidenciadas por metaestudos.
Abaixo a Programação:
9h - Abertura
9h15 - www.partonobrasil.com - Internet, Obstetrícia e Empoderamento, com Ana Carolina Franzon (GEMAS, PPGSP, FSP/USP)
* Apresentando resultados da pesquisa divulgada em BSB, em nov/2010, na Conferência organizada pela ReHuNa - saiba mais aqui! E, também, palestrado em Bauru, em maio passado, no seminário realizado pelo SENAC/GAAME - saiba mais aqui!
9h30 - Parto do Princípio: Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa, com Heloisa Salgado (GEMAS, PPGSP, FSP/USP)
10h - Parto do Princípio: Representações no Ministério Público baseadas em Evidência, com Denise Yoshie Niy (GEMAS, PPGSP, FSP/USP)
10h15 - Parto do Princípio: Participação na Rede de Usuários Cochrane, com Deborah Rachel Audebert Delage Silva (GEMAS, PPGSP, FSP/USP)
Realização:
GEMAS (Gênero, Evidências, Maternidade, Saúde) - FSP/USP
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - EEUSP
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto - EEUSP
Rede Parto do Princípio

Na terça, ainda, conforme divulgamos na Agenda Parto no Brasil da semana passada, do dia 22, teremos à tarde o Seminário Parir e Nascer, na Faculdade de Saúde Pública e, na quarta, um evento incrível (e imperdível) - Saúde dos Brasileiros, sobre os artigos publicados na revista inglesa The Lancet. Para fechar a semana, na quinta-feira, em Campinas/SP, na Unicamp, a palestra Assistência Perinatal como Desafio para atingir a 4a. meta do milênio: Redução da Mortalidade Infantil, no Auditório do Centro de Convenções, das 9 às 17 horas, organizado pelo CAISM. É necessário se inscrever pelo site: http://foruns.bc.unicamp.br/saude/saude41.php
E, dá-lhe ocitocina!!!
* Ilustração de Leonardo da Vinci.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Promoção de Inverno

228 páginas de puro deleite!
Para quem não leu Parto com Amor, leia! É daqueles livros em que três boas sentadas, se as crias permitirem, bastam! O motivo? Leitura cativante, envolvente, e tão comum nas conversas, muitas vezes virtuais, nas listas de discussão, daquelas que tomaram para si seus corpos e seus partos.
A procura por um profissional humanizado, a mudança de médico nos "45 do segundo tempo", a busca, o empoderamento e a escolha - em casa, com parteira, na água, no hospital! Essas "histórias de nove mulheres que vivenciaram o parto humanizado" inovaram as publicações sobre o tema, pois deram voz às protagonistas do nascimento: as mulheres!
Organizado pela jornalista Luciana Benatti e pelo fotógrafo Marcelo Min, pais de Arthur e Pedro, nascidos de partos naturais, no hospital e, em casa, respectivamente, que transformaram a vida e a visão destas duas pessoas através de momentos únicos da vida deste casal que compilou depoimentos recheados por belíssimas imagens gravadas em outros momentos especiais, de outros casais e famílias.
Nove mulheres-mães, nove bebês que, com amor, nasceram!
Lançado em 04 de maio, na Livraria Cultura, em São Paulo, capital, e, também, em outras cidades, o livro já foi para sua segunda tiragem, pela Panda Books - um sucesso de edição!
Ana Carolina teve o prazer de ir neste evento, e, em mãos e autógrafos recebeu de Luciana e Marcelo seu exemplar, ao lado da Sereia Iara, que em suas brincadeiras de bonecas também pari de parto normal, sem episio e kristeller, e adora ver as fotos dos bebês nascendo - e, assim, as boas práticas são (re)transmitidas p/ as futuras gerações!
Fotos maravilhosas, texto delicioso! - confiram aqui trechos do livro.
E, c/ grande alegria lançamos hoje a Promoção de Inverno c/ o sorteio de Parto com Amor, gentilmente cedido pela Panda Books e Luciana Benatti! Para concorrer deixem nos Comentários abaixo Nome, Email, e divulguem para suas redes sociais (blogs, sites, Twitter, Facebook, Orkut etc.).
O sorteio será daqui duas semanas, em 11 de julho, a partir das 20 horas, aproveitem!
Nossa Loja Virtual também comercializa a obra - aqui! Conheçam, ainda, nossos produtos!
* Fotos de Cesar Ogata.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mulheres que correm com os lobos

Compartilho uma leitura que estou empolgadíssima p/ ler, acerca dos arquétipos femininos e as forças que carregamos em nossa feminilidade, em Mulheres que Correm com os Lobos: mitos e histórias dos arquétipos da mulher selvagem, de Clarissa Pinkola Estes, que pode ser baixado, em PDF, no link - http://veterinariosnodiva.com.br/books/MULHERES_QUE_CORREM_COM_OS_LOBOS.pdf

Outro título da autora é A Ciranda das Mulheres Sábias, que Ana Carolina leu e adorou! Neste a autora trata das relações de compadrio e do amor entre as comadres, que cuidam-se como mães - #ficaadica!
Boa pedida p/ esse feriado!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Mulheres da floresta


Por Patrícia Schleumer
Uma mulher de longos cabelos negros acompanha a filha que acaba de menstruar até a beira do rio para um ritual de passagem. São índias da etnia Arara Shawãdawa, uma aldeia situada nas entranhas da Floresta Amazônica, no Acre. Em sua primeira menstruação, as jovens aprendem que devem devolver esse sangue para a Terra e para a água, a fim de reverenciar a sintonia dos seus ciclos com a natureza. Diz a sabedoria da floresta que, dessa forma, elas ficam protegidas de cólicas e garantem um bom parto. As índias usam um pano – como os absorventes ecológicos ainda pouco usados pelas mulheres da cidade – e durante os seus ciclos lavam o pano no rio: “A índia primeiro oferece o sangue para a Terra e depois devolve o resto para a água, onde ela lava o pano e guarda para usar sempre que menstruar. Meu avô, que foi pajé, falava que a mulher não pode usar nada a não ser um pano limpo, de algodão, para ser saudável e não pegar uma inflamação ou uma doença no útero”, explica dona Francisca das Chagas, parteira, com experiência em mais de mil partos naturais na sua aldeia e em vários locais do Brasil. Dona Francisca é uma das representantes brasileiras que participa das atividades do Conselho Internacional das Treze Avós Indígenas, organizado pela ONU, que reúne anciãs de várias etnias indígenas para trocar experiências e preservar as tradições de seus povos. Elas se declaram representantes de uma aliança de prece, educação e cura para a Mãe Terra, para todos seus habitantes e para as próximas sete gerações. Dona Francisquinha, como é mais conhecida, mãe de 12 filhos e avó de 13 netos, também nasceu em uma família grande, com doze irmãos: – O mais velho foi o Manuel, depois veio a Nair, depois a Nedina, depois o Francisco, depois o Nalésio, o Raimundo, aí veio a …” Ela para para lembrar e percebemos, rindo, que finalmente era ela: a Francisca, nascida pelas mãos da tia da mãe e do próprio pai que era parteiro e pajé. O pajé é o conselheiro e o curandeiro da aldeia. Ele aprende com o pai, que aprendeu com o avô etc., seguindo uma tradição oral que passa ensinamentos como a medicina da floresta, de geração em geração. Com um tom de voz calmo e olhar sereno, sem a pressa que costumamos ter nas grandes cidades, ela explica: – O pajé sabe tudo, das coisas da matéria e, principalmente, do espírito. Ele conversa e fala o que você precisa ouvir, é muito sábio. A mulher ou filha do pajé também sabe muito. Eu aprendi muito com meu pai e minha mãe, que também era parteira; quando tinha um parto na aldeia, minha mãe dizia que não era bom me levar, porque a cena era muito forte. E meu pai respondia: “Não, ela tem de ir porque ela tem de aprender, ela vai ser parteira, não tem nada forte para minha filha, ela vai aprender tudo.” Desde pequena ouço meu pai dizer: “Minha filha, você deve ter amor por você; se você tem amor por você, você tem amor pela humanidade.” E a profecia do pajé se cumpriu. Além de dona Francisca ter se tornado uma parteira conhecida e requisitada fora dos limites de sua aldeia, ela também se tornou uma das guardiãs da cultura e da sabedoria de seus ancestrais. Vivendo no ritmo da própria natureza Muitas mulheres da cidade procuram dona Francisca para tratamentos de saúde ou para se prepararem para o parto. Seus remédios são feitos com as plantas, raízes, folhas e flores da floresta amazônica. Perguntei o que ela achava sobre a dificuldade que muitas mulheres têm para engravidar ou para parir naturalmente; ela me disse: – As mulheres que vivem na cidade trabalham muito para pagar contas e perdem a tranquilidade e o amor de dentro delas. Elas pensam em ganhar mais dinheiro e o tempo passa; quando param e querem filhos com a idade avançada, fica mais difícil. Diante da simplicidade de sua sabedoria, concluo que o estresse da mulher urbana a desconecta de sua própria natureza e essência feminina, dificultando a possibilidade de uma gravidez e pergunto sobre como é o ritmo de trabalho das índias: – Na aldeia, as índias também trabalham muito na cultura, fazendo remédios, mas elas trabalham vendo o que está acontecendo com os filhos e com elas, com a própria matéria e o espírito porque elas estão pisando na terra, sentindo a Mãe Terra, sentindo a floresta o tempo todo. Elas trabalham muito para plantar, para alimentar os filhos, mas com o sentimento da floresta, com sentimento pela Terra, que significa o amor e a paz.” Quando a lua nova aparece no céu, as índias se enfeitam, pintam o corpo todo e fazem uma roda em volta de uma fogueira para dançar para lua. É uma folia. Elas cantam chamando todas as mulheres da aldeia para a roda, até as pequenas índias, e celebram os ciclos da vida noite adentro. Com a benção das estrelas Se para a maioria das mulheres da cidade todas as informações sobre a gravidez e os preparos para o parto são resolvidos em um consultório médico, para as índias é bem diferente. Na aldeia, elas já crescem assistindo a partos naturais e, logo que engravidam, começam a se preparar para receber seu filho. As massagens com óleos para abrir o quadril começam a partir dos três meses de gravidez; a permanência na postura de cócoras também é praticada desde o início da gestação: “Na aldeia, as mulheres não têm problemas com dilatação ou contração porque lá a mulher se prepara bem antes, logo que engravida ela toma os remédios das plantas da floresta e as parteiras vão ajeitando a criança. Quando chega a hora do trabalho de parto, está tudo certo. As mulheres não têm medo da dor, aprendem a entregar-se a si mesmas, a confiar na natureza e as índias mais velhas explicam desde cedo para as moças como são as contrações e a dilatação”. Quando uma criança nasce na aldeia, as parteiras cortam o cordão umbilical e enterram a placenta encostada em uma árvore para devolvê-la para a floresta e para a Terra. E na hora que o nenê começa a nascer, a parteira faz uma reza e começa a entoar uma canção para receber a criança. A canção fala da lua, da água, da terra, do fogo e das estrelas e o bebê nasce envolvido em uma benção sagrada que lhe descreve o cenário da sua nova morada.
Fonte: http://materna.uol.com.br/reportagem-especial/mulheres-da-floresta/#.TfDuw59kuq0;facebook
Imagem: Comadrona hands, de Rebecca Plummer Rohloff

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Agenda Parto no Brasil

Confiram nossa Agenda Parto no Brasil desta semana!
Na semana que vem a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), em São Paulo, capital, terá vários eventos incríveis, na terça e quarta, confiram:
Seminário Parir e Nascer no Brasil: Evidências,Desafios e Políticas - 28 de junho, das 14 às 18 horas, no Anfiteatro João Yunes, na Av. Dr. Arnaldo, 715 - Metrô Clínicas.
No evento teremos o encontro de quatro especialistas da área e a apresentação da pesquisa Nascer no Brasil, Inquérito Epidemiológico sobre Parto e Nascimento, que está em desenvolvimento e é o maior estudo já organizado sobre o tema no país. Abaixo segue a programação.
14h00 - Boas-vindas ao evento: Helena Ribeiro e Paulo Gallo (FSP/USP)
14h15 - Panorama da Saúde e Mortalidade Materna no Brasil: Série The Lancet Saúde no Brasil – Maria do Carmo Leal (ENSP/FIOCRUZ)
15h00 - Comentários:
- Ana Cristina Tanaka (FSP/USP) - Acesso a leitos obstétricos - uma atualização do problema da peregrinação
- Ruy Laurenti (FSP/USP) - Qualidade da Informação em morbimortalidade materna - atualizando o debate
- Maria Esther Albuquerque Vilela (Coord. Área Técnica da Saúde da Mulher/Ministério da Saúde) - As ações do MS na Saúde Materna
16h00 - Intervalo / Coffe break
16h20 - Apresentação da pesquisa Nascer no Brasil – Prof.a Maria do Carmo Leal (ENSP/FIOCRUZ)
17h00 - Debate
17h45 - Encerramento
* Não é preciso efetuar inscrição. Evento gratuito e aberto ao público. Haverá transmissão do evento ao vivo, via IPTVUSP.
No dia 29 de junho, a FSP expande o debate para as outras áreas da Saúde contempladas pela edição especial da revista "The Lancet". Durante todo o dia, seis especialistas brasileiros, autores da série, estarão na Faculdade para apresentar e discutir especificamente suas publicações. As informações completas sobre o Seminário “A Saúde dos Brasileiros” estão disponíveis aqui - A "Saúde dos Brasileiros", das 9h30 às 17 horas, c/ transmissão na web pelo IPTV – www.iptv.usp.br. Outras informações pelo email - svalunos@fsp.usp.br
Inscrições aqui!
* Lançada em 09 de maio de 2011 pela revista inglesa médica “The Lancet”, influente no mundo todo, a série faz uma ampla revisão sobre os determinantes e as condições de saúde da nossa população, em seis artigos e com comentários redigidos pelos editores da revista e por pesquisadores convidados. Pode ser acessada em - www.thelancet.com/series/health-in-brazil
Abaixo, a programação:
09h30-10h00 Abertura - Helena Ribeiro, FSP/USP
10h00-10h30 Sistemas de Saúde – Celia Maria de Almeida, ENSP/FIOCRUZ
10h30-10h45 Perguntas e Comentários
10h45-11h15 Saúde Materno-Infantil, Maria do Carmo Leal, ENSP/FIOCRUZ
11h15-11h30 Perguntas e Comentários
11h30-12h00 Doenças Infecciosas – Maurício Lima Barreto, UFBA
12h00-12h15 Perguntas e Comentários
14h00-14h30 Doenças Crônicas – Maria Inês Schmidt, UFRGS
14h30-14h45 Perguntas e Comentários
14h45-15h15 Causas Externas – Michael Eduardo Reichenheim, UERJ
15h15-15h30 Perguntas e Comentários
15h30-16h00 Conclusões e Desafios – Carlos Augusto Monteiro, FSP/USP
16h00 Perguntas, Comentários e Encerramento
Apoio - Instituto de Estudos Avançados da USP - IEA
Patrocinadores
Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Saúde Pública – CPG - FSP
Comissão de Cultura e Extensão da Faculdade de Saúde Pública – Ccex - FSP
Diretoria da Faculdade de Saúde Pública - FSP
Departamento de Nutrição e Departamento de Saúde Materno-Infantil da FSP
- Dança p/ gestantes, no Rio de Janeiro:
- Blogagem Coletiva e sorteio de peças comercializadas pela Loja What Mamy Needs, de Carol Pombo:
- Palestra c/ Michel Odent em Florianópolis, no Espaço Hanami:
- 3o. Módulo da Formação em Educação Perinatal pela Anep Brasil sobre Corporificando a Consciência:

terça-feira, 21 de junho de 2011

O direito ao parto humanizado também é direito ao nosso corpo

O post de hoje vai tratar sobre o direito que todas nós mulheres temos em parir c/ respeito, através de nossas escolhas e individualidades!
Leiam aqui - O Direito ao Parto Humanizado Também é Direito ao Nosso Corpo, de Luka, postado no blog Blogueiras Feministas, em 23 de abril. Nele vocês vão encontrar outros links p/ outras postagens também interessantes como as palavras da mulher que depois de mãe virou militante (coincidência, ou não, rs?!).
Confiram um trecho:
"Há alguns assuntos que me interessam e parecem não pertencer ao mesmo universo, dentre eles está a política e a maternidade. Cada vez que leio sobre a situação da assistência à mulher seja no pré, parto ou puerpério, seja na garantia de equipamentos públicos para a mulher conseguir retomar a vida para além da maternidade fico indignada com a falta de assistência, a violência… A relação intrínseca existente entre maternidade e política ficou muito nítida depois que entrei para a realidade de mãe militante, pois mesmo em uma sociedade onde somos criadas para sermos mães e cuidarmos de nossos entes, vistas como reprodutoras e sem assegurado o direito ao nosso corpo quando vamos encarar a realidade da assistência ao parto e ao puerpério vemos o quão cruel a sociedade é conosco, pois no final das contas possuímos quase nula informação sobre sexo, parto e o nosso corpo e como dizer que, por exemplo, hoje há liberdade de escolha em como criar e parir nossos filhos quando estas escolhas são induzidas e feitas por causa de uma severa desinformação?"

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Revista Tempus

Compartilhamos hoje um material muito interessante c/ diversos textos sobre a humanização da assistência ao parto e nascimento - a Revista Tempus-Actas de Saúde Coletiva, Vol. 4, No. 4, de 2010.
Nela vocês poderão ler, entre outros:
Os desafios de uma filosofia para a humanização do parto e do nascimento, de Marcos Leite DOS SANTOS (pag.17-24)
A primeira verdade inconveniente, de Michel ODENT (pag.61-65)
A iniciativa internacional pelo nascimento MãeBebê: Uma abordagem de um atendimento materno eficiente à luz dos direitos humanos, de Robbie DAVIS-FLOYD, Debra Pascali BONARO, Rae DAVIES, Rodolfo Gomez Ponce DE LEON (pag.93-103)
Humanização da atenção ao parto e nascimento no Brasil: pressupostos para uma nova ética na gestão e no cuidado, de Dário Frederico PASCHE, Maria Esther de Albuquerque VILELA, Cátia Paranhos MARTINS (pag.105-117)
Parto Humanizado e Memória do Nascimento: uma reflexão sobre a produção de saúde desde os seus primórdios, de Liliane PENELLO, Liliana LUGARINHO, Selma Eschenazi do ROSARIO (pag.119-127)
Reflexões sobre a trajetória do Aleitamento Materno no Brasil e suas interfaces com o movimento pela Humanização do Parto e Nascimento e com a Política Nacional de Humanização, de Sonia Isoyama VENANCIO, Maria Cezira Fantini NOGUEIRA-MARTINS, Elsa Regina Justo GIUGLIANI (pag.129-141)
Analise crítica dos benefícios do parto normal em distintas posições, de Hugo SABATINO (pag.143-148)
Apoio à parturiente por acompanhante de sua escolha em maternidade brasileira: ensaio clínico controlado randomizado, de Odaléa Maria BRÜGGEMANN, Mary Angela PARPINELLI, Maria José Duarte OSIS, José Guilherme CECATTI, Antônio dos Santos Carvalhinho NETO (pag.155-159)
Ocitocina: novas perspectivas para uma droga antiga, de Steven L. CLARK, Kathleen Rice SIMPSON, G. Eric KNOX, Thomas J. GARITE (pag.161-172)
Práticas baseadas em evidências para a transição de feto a recém-nascido, de Judith S. MERCER, Debra A. ERICKSON-OWENS, Barbara GRAVES, Mary Mumford HALEY (pag.173-189)
Gestão da qualidade e da integralidade do cuidado em saúde para a mulher e a criança no SUS-BH: a experiência da comissão perinatal, de Sônia LANSKY (pag.191-199)
A experiência de trabalho do Grupo Curumim com parteiras tradicionais, de Paula VIANA (pag.209-214)
ReHuNa – A Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, de Daphne RATTNER, Marcos Leite dos SANTOS, Heloisa LESSA, Simone Grilo DINIZ (pag.215-228)
A JICA e a Humanização do Parto e Nascimento no Brasil, de JICA Brasil (pag.229-230)
* Revista coordenada pelo Núcleo de Estudos de Saúde Pública (NESP) do Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da Universidade de Brasília (UnB) com a colaboração editorial da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) da UnB.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Carta Manifesto da Marcha das Vadias de Brasília – Por que marchamos?

A Marcha das Vadias vai acontecer nesse sábado, dia 18, com concentração às 12h em frente ao Conjunto Nacional, em Brasília/DF. É uma marcha cujo objetivo principal é alertar para a violência sexual sofrida pelas mulheres e a necessidade de termos direito sobre o nosso próprio corpo.
Em Brasília, marchamos porque apenas nos primeiros cinco meses desse ano, foram 283 casos registrados de mulheres estupradas, uma média de duas mulheres estupradas por dia, e sabemos que ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos; marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de transporte público do Distrito Federal, que nos obriga a andar longas distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias mulheres que são violentadas ao longo desses caminhos.
No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.
No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos.
Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e estupradas por vários homens ao mesmo tempo durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.
Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.

Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas, avós, putas, santas, vadias...todas merecemos respeito!
Marcha das Vadias BSB

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Deusa da Maternidade

Hoje vou falar um pouco de Mitologia Egípcia! Há muito tempo sou fascinada pelo Egito, suas histórias, lendas, deuses... não foram raras às vezes em que sonhei que estava lá, junto das pirâmides e dessa incrível energia, em cores pastéis e alaranjadas! Grande sonho conhecer essa terra (um dia eu vou!)!
Ainda nos tempos da graduação, em 1998, tatuei um Olho de Hórus, no braço direito, minha 2a. tatuagem, das nove que tenho hoje (amo arte corporal!).
Hórus é um dos deuses egípcios, filho de Osíris e Isís, também chamado de Deus Sol, e representado por um falcão. O tempo passou (pois é, já sou uma balzaquiana...) e a tatoo foi perdendo as cores vivas. Bora fazer um cover up nela! Assim, resolvi pintá-la novamente e incluir outro desenho. Dias de pesquisas, buscas de imagem. E Isís não saia da minha mente, apesar de saber apenas que Ela foi mãe de Hórus, esposa de seu irmão Osíris. E, quantos desenhos lindos encontrei!
Depois de decidir que ilustraria Isís em meu corpo continuei buscando outras informações mais detalhadas, e para minha surpresa não é que a deusa alada é símbolo da maternidade e da fertilidade, além de ter sido parteira dela mesma, quando pariu Hórus!
Fiquei muito emocionada quando soube desses outros detalhes de Isís e mais do que na agora corri agendar c/ um tatuador, o Will Shanti, da Aldeia Tatoo, algumas sessões!
É incrível como o Universo devolve, através da Intuição, respostas para nossas escolhas, angústias, decisões... basta se (re)conectar a Ele!
Já foram duas "rabiscadas", em free hand (s/ decalque), c/ cerca de três horas cada (guenta mulher!), e ainda tenho que finalizar c/ alguns retoques e o fundo, mas já está maravilhosa e poderosa! Essa foto abaixo é da 1a. sessão (depois tiro outra p/ vcs verem como já está diferente, c/ as asas pintadas e a antiga cobra coberta).

Eu sou a mãe e a natureza inteira, senhora de todos os elementos, origem e princípio dos séculos, divindade suprema, rainha da alma dos mortos, primeira entre todos os habitantes do céu, os sopros salutares do mar, os silêncios desolados dos infernos, sou eu quem tudo governa segundo a minha vontade.
(Citado por Serge Sauneron em "Dictionaire de la civilisation égyptienne", Paris, 1959, p. 140)
P/ saber mais acessem os links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dsis
http://intensidade.wordpress.com/2008/05/25/isis-osiris-horus-e-set/
* Imagens encontradas na internet:
- Escultura egípcia de mulher parindo em posição vertical.
- Olho de Hórus, em amuleto.
- Hórus, em papiro.
- Isís.
- Isís amamentando Hórus.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Agenda Parto no Brasil

Confiram a programação de nossa Agenda Parto no Brasil desta semana!
Roda de Casais Grávidos, promovida pela Associação de Parteiras Tradicionais Urbanas de São Paulo, p/ esclarecer dúvidas, contar histórias, trocar experiências, c/ a intenção de que cada pai e cada mãe se envolva e se empodere no processo de dar à luz uma criança. Informações também sobre cuidados naturais, movimentos corporais e parto natural. Acontece todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21h30, na Casa Jaya, na R. Capote Valente, 305, próximo ao metrô Clínicas. Mais informações c/ Isadora pelos contatos isa@cores.com.br / (11) 7029-8015.
Evento virtual de inauguração do novo site What Mommy Needs no ambiente virtual da Escola Virtual para Pais, com uma palestra entitulada "Consumo Consciente para a Maternidade/Paternidade ativa", ministrada pela empresária e blogueira ativista Ana Cláudia Bessa, da marca Futuro do Presente, no dia 18 de junho, sábado, às 14 horas. Para participar, basta se inscrever no site da Escola Virtual para Pais, ter acesso a um computador com internet e áudio no horário marcado (um email será enviado antes da palestra começar, com as orientações para o login e a entrada na sala virtual). O site e a loja podem ser acessados a partir de hoje!
"Nós da What Mommy Needs acreditamos que consumo consciente tem tudo à ver com maternidade/paternidade ativa e com o bem estar materno. Acreditamos que um negócio focado nesses três princípios pode e deve contribuir para uma economia mais solidária e um mercado de consumo mais adaptado às reais necessidades das famílias brasileiras. Vamos pensar juntos sobre isso?"
Carolina Pombo, Melissa Marsden, Marcelo Lino
No dia 19 de junho, domingo, Nina Wirtti promete boa musica e animação c/ o Projeto Sambebê, além disso, terá oficina de musicalização para bebês e crianças no intervalo do show, c/ Tatibitati, sala com massagem especial para as mães, pela Mimos Baby, distribuição de brindes da Mam e Nirvana e sorteio de produtos e serviços MAM, Warner Music, Nirvana, Owoko, Mini Humanos, Mimos Baby, em São Paulo, capital.
Palestra gratuita com o psicanalista francês Bernard Montaud, sobre "O Novo Nascimento", no dia 23 de junho, das 10 às 12h30, na Vila Madalena. Estão arrecadando alimentos não perecíveis que serão encaminhados para o Hospital de Cancêr infantil - ITACI. Inscrições e mais informações através do email patricia@massagemshantala.com.br
Curso de Doulas:
- De 29 de julho a 1º de agosto, em Porto Alegre/RS. Contato com doulazeze@yahoo.com.br
- De 09 a 11 de julho, em Recife/PE, promovido através da parceria entre Ishtar e Instituto Nômades. Como facilitadoras uma equipe de doulas, obstetras, enfermeiras, fisioterapeutas, c/ alguns nomes como Melania Amorim, Leila Katz, Dan Gayoso, Ana Katz Schuler, Fabiana Melo, Kelly Brasil, c/ prática em dois hospitais públicos. Mais informações pelos emails dan@institutonomades.org.br / espacoishtar@gmail.com e/ou pelo tel.: (81) 3454-2505/9973-8035/8825-1274
Em Santos/SP Aula-Curso de Shantala:
Em Campinas/SP, palestra gratuita "Assistência Perinatal como Desafio para atingir a 4a. meta do milênio: Redução da Mortalidade Infantil", no dia 30 de junho, no Auditório do Centro de Convenções da UNICAMP, das 09 às 17 horas, organizado pelo CAISM. É necessário se inscrever pelo site: http://foruns.bc.unicamp.br/saude/saude41.php
Em São Paulo/SP, na Casa Jaya, workshop c/ o obstetra Michel Odent "Parto: como escapar das armadilhas?", em 05 de julho, das 10 às 17 horas. Inscrições até o dia 21 de junho,no valor de R$160,00 / R$110,00 (estudantes). Informações e inscrições c/ Mayara Boareto pelos contatos: ma_boareto@hotmail.com / (11) 5787-2802.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Plano de Parto

Para iniciar a semana, especialmente p/ quem está gestando, ou pensando em ser mamãe, divulgamos um instrumento pouco utilizado entre as grávidas, mas que reúne seus desejos e escolhas p/ um dos momentos mais especiais relacionados a sua saúde reprodutiva - o parto. O Plano de Parto nada mais é do que um documento que a mulher e seu companheiro, caso queiram, redige e expõe como ela gostaria de ser atendida, incluindo o tipo de assistência e procedimentos realizados.
Àlias, tais assuntos deveriam ser discutidos durante o Pré Natal junto de quem lhe presta atendimento, seja seu G.O, seu/sua obstetra ou sua parteira, porém é muito comum passarmos as 40 semanas da gestação (quando esperam!) sem falar sobre o trabalho de parto e o parto, dependendo da escolha que fazemos, deixando aos cuidados médicos essa responsabilidade - a tal da medicalização do corpo feminino que tanto salientamos neste blog!
Neste post falamos sobre isso - E dr., como vai ser o parto?
* O parto é seu! Empodere-re! *
Abaixo algumas informações sobre o Plano de Parto - a blogesfera está recheada deste tema, basta consultar os blogs ou o Google nosso de cada dia!
- No site da Parto do Princípio tem exemplos de Planos de Parto escritos (inclusive o meu, rs!), deem uma espiada também.
- No site Amigas do Parto vocês podem conferir - O Que É _Porque Fazer: http://www.amigasdoparto.com.br/plano.html
- No site da HumPar (Associação Portuguesa pela Humanização do Parto), de Corroios, em Portugal:
Questões relacionadas com as rotinas hospitalares na admissão ao parto:
_ Gostaria que não me realizassem enema (clister);
_ Prefiro que me realizem enema;
_ Gostaria que apenas me realizassem tricotomia, se for necessária na altura da expulsão;
_ Gostaria que me realizassem tricotomia parcial logo na admissão;
_ Gostaria de poder tomar uma ducha;
Questões relacionadas com o trabalho de parto:
Gostaria que me acompanhasse durante o trabalho de parto:
_ o meu companheiro;
_ um parente;
_ um(a) amigo(a);
_ a minha Doula;
_ ninguém;
_ Gostaria de ter liberdade de movimentos durante esta fase;
_Gostaria de poder beber líquidos claros (água, chá);
_ Gostaria de circuncrever ao mínimo o número de exames vaginais;
_ Gostaria de ter musica ambiente no quarto;
_ Gostaria de ter o máximo silêncio no quarto;
_ Gostaria de ter luz suave no quarto;
_ Gostaria que não me rompessem artificialmente as membranas, se o bebê estiver bem;
Questões relacionadas com a monitorização do bebê:
_ Gostaria de ter monitorização intermitente, se o bebê estiver bem;
_ Desejaria ter monitorização contínua do bebê;
Questões relacionadas com a gestão da dor:
_ Gostaria de não ter medicação para a dor, a não ser que seja eu a solicitá-la;
_ Gostaria que me fosse administrada epidural, mais para o fim do trabalho de parto;
_ Gostaria que me fosse administrada epidural, o mais cedo possível;
_ Gostaria de poder utilizar métodos não farmacológicos para o alívio da dor (bola, massagens, terapia frio/calor);
Questões relacionadas com a fase de expulsão:
_ Gostaria que estivesse presente para assistir ao parto .....................;
_ Gostaria de poder usar os meus óculos;
_ Gostaria de poder escolher a posição mais confortável para parir;
_ Gostaria de poder tocar a cabeça do meu bebê, assim que ele coroar;
Questões relacionadas com a episiotomia:
_ Gostaria de não ser submetida a episiotomia (e assino termo de responsabilidade);
_ Gostaria de ser submetida a episiotomia apenas em situação de risco eminente de laceração;
_ Gostaria de ser submetida a episiotomia apenas em situação de risco de vida para o bebê;
_ Prefiro que me seja realizada a episiotomia;
Questões relacionadas com o recém-nascido:
_ Gostaria que o cordão fosse cortado, depois de deixar de pulsar;
_ Gostaria que fosse ................... a cortar o cordão umbilical;
_ Gostaria de pegar imediatamente no meu bebê;
_ Gostaria que realizassem os procedimentos ao recém-nascido na minha presença;
_ Gostaria de poder amamentar o meu bebê, na sua 1ª meia-hora de vida;
Questões relacionadas com a 3ª fase - expulsão:
_ Gostaria que me fosse mostrada a minha placenta;
_ Não desejo ver a minha placenta;
Questões relacionadas com a cesariana:
_ Gostaria de realizar uma cesariana apenas por razões clínicas, e sob efeito de epidural;
_ Gostaria que o meu acompanhante assistisse à minha cesariana;
_ Em caso de cesariana de emergência, gostaria que fosse .................. a cortar o cordão umbilical;
_ Em caso de cesariana de emergência, gostaria que fosse ..................... a pegar no bebê, assim que ele estivesse vestido;
_ Gostaria de realizar uma cesariana, a meu pedido.
MEU PARTO, MEU CORPO, MEU BEBÊ - A ESCOLHA É MINHA!
(SMRN-2011)
* Relendo meu PP vejo a idealização de um momento, que às vezes não coincide c/ nossas vontades. Comigo tive o parto que poderia ter, como desejei - em casa, c/ uma enfermeira obstetra, mesmo assim tive que lutar por ele e enfrentar esse cenário tortuoso da assistência obstétrica pública e privada - parto vaginal repleto de intervenções e violências versus cesárea eletiva (boa briga essa!)... Passei por 32 horas de trabalho de parto/parto, sendo um parto vaginal pós cesárea (PVPC, ou VBAC, em inglês); dequitação de placenta em seis horas, s/ tração; varizes no ânus (a tal das hemorróidas, que quase me mataram!), mas em contraponto me senti mais bicho do que nunca, cheia de ancestralidade, de gozo, c/ a cria vindo todinha p/ meu corpo, meu calor... grudadinho, juntinho - não tem preço, nem valor! Faria tudo novamente p/ viver esse momento único, mágico e transformador - afinal esse blog só existe pq Ana e eu parimos, oras!!!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A palavra. O primeiro passo

Boa noite,
Não consegui acessar o blog mais cedo, e agora que o filhote dormiu venho compartilhar um retorno que tive da Central de Atendimento ao Telespectador, da Band, sobre uma postagem que redigi ao Fale Conosco, em 1o. de junho, sobre as falas de Rafinha Bastos e Marco Luque no CQC 3.0 do dia 30 de maio, sobre o Mamaço e o fato de amamentar em público.
Confiram abaixo minha mensagem enviada e o retorno dado:
De: lunabianka@yahoo.com.br [mailto:lunabianka@yahoo.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 1 de junho de 2011 11:47
Para: Fale Conosco Cat
Assunto: [Band] [CQC] [Crítica]
Nome: Bianca Lanu
E-mail: lunabianka@yahoo.com.br
Mensagem:

Esperava utilizar este espaço p/ contar o qto me delicio nas noites de segunda, c/ vcs no ar, porém hj faço o meu proteste já contra a fala preconceituosa e desprovidade de qualquer humanidade dita nesta última segunda, dia 30, especialmente por Rafinha, sobre o nobre ato do Mamaço ocorrido em São Paulo, no Itaú Cultural. Tantas instituições, órgãos, pessoas, mulheres e mães atuam e trabalham em prol da amamentação p/ vcs irem em rede nacional, em um programa c/ excelentes índices no Ibope p/ desarticular tda uma construção da sociedade civil e tb de algumas instituições públicas, como os Bancos de Leite e consultores em amamentação. Lastimável! Triste e vergonhoso! Amamentar é um ato de extremo amor, p/ c/ a prole e a sociedade! Alimenta o corpo e a alma! Edito o Blog Parto no Brasil sobre Saúde da Mulher e Materno-Infantil, e coordeno atualmente um trabalho c/ parteiras caiçaras, e nessa empreeitada muitos são os obstáculos contra esse status quo. Vcs deveriam ser um elo pela humanização da assistência obstétrica em nosso País, divulgando boas práticas neste cenário c/ a mais alta taxa de cesáreas no Mundo, c/ relatos de violência institucional sofridas pelas mulheres ao parir seus filhos, pela falta de cumprimento da Lei do Acompanhante, existente há cinco anos, mas pouco exercida nos hospitais e maternidades. Amamentar no banheiro? Se esconder? Qtos absurdos foram ditos... Parir, amamentar são atos fisiológicos, naturais! Falta de informação e de bom senso! Uma pena...
*
Olá Bianca,
Boa noite!
Pedimos desculpas pela demora na resposta do seu e-mail, estávamos com problema no sistema o que causou esse atraso.
Agradecemos o seu contato.
Gostaríamos que soubesse que não aprovamos tais comentários ou comportamento. Por isso toda reclamação referente aos apresentadores são encaminhadas para diretoria do programa “CQC”.
Atenciosamente,
Tatiane - CAT-CENTRAL ATENDIMENTO AO TELESPECTADOR | SÃO PAULO
Tel.: 55 11 3743-9647 - www.eband.com.br/faleconosco

Nota:
Muitos blogs comentaram o assunto, que repercutiu, inclusive, em uma ameaça de processo, por Marcelo Tas à educadora universitária e blogueira Lola, que edita o blog Escreva Lola Escreva. Nós também expressamos nosso protesto no post - "Derrama o leite bom na minha cara e o leite mau na cara dos caretas"
Também aconteceu uma Blogagem Coletiva:
http://redemulheremae.blogspot.com/2011/06/blogagem-coletiva-basta.html
Além das críticas virtuais contra o depoimento dos humoristas também aconteceram diversos Mamaços em vários estados - confiram aqui o clipping que Kathy postou hoje no Mamíferas.
Leiam também um post do blog CQCBlog, editado por fãs do programa - http://www.cqcblog.com/2011/06/cqc-e-o-mamaco.html
Para mim, pessoalmente, o que ficou dessa história toda é que, primeiro, em boca fechada não entra mosquito (que simbolismo não é, já que a mosca é um dos símbolos do CQC), já diria a sabedoria popular, ou então, fala o que quer, ouve o que não quer... e, que nunca devemos ficar calad@s quando nos indignamos com posturas como essas, ditas desmedidamente, como se humor fosse manter a ordem patriarcal de nossa sociedade, ou de desvalorizar o corpo feminino! Um email enviado pode não ser muito, mas minha opinião foi lida, e quem sabe aonde ela pode ou poderá estar... Esse espectro de ativismo hoje está latente, coisas de quem assistiu o documentário incrível de Michael Moore sobre o capitalismo e a crise americana, em Capitalismo - uma história de amor, de 2009 (#ficaadica: assistam!!!). E, finalizo c/ a música A Palavra/O Primeiro Passo, de BNegão e os Seletores de Frequência - um ótimo fim de semana, regado a cobertores e fogueiras!
A palavra me fustiga, a palavra me futuca
A palavra quer invadir a minha cuca
A consciência se expande
A consciência se contrai
A consciência, da cabeça entra e sai
A palavra, a consciência, a cabeça, a nossa existência
B negão e os seletores de frequência
uma semente é pequena, uma chave é pequena
O primeiro passo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

As parteiras da floresta

Por Eliane Brum
As mãos de um punhado de mulheres fazem do Amapá a região recordista em partos normais no Brasil das cesarianas
Elas nasceram do ventre úmido da Amazônia, no extremo norte do Brasil, no Estado esquecido do noticiário chamado Amapá. O país pouco as escuta porque perdeu o ouvido para os sons do conhecimento antigo, para a música de suas cantigas. Muitas não conhecem as letras do alfabeto, mas são capazes de ler a mata, os rios e o céu. Emersas dos confins de outras mulheres com o dom de pegar criança, adivinham a vida que se oculta nas profundezas. É sabedoria que não se aprende, não se ensina nem mesmo se explica. Acontece apenas.
Esculpidas por sangue de mulher e água de criança, suas mãos aparam um pedaço ignorado do Brasil. O grito ancestral ecoa do território empoleirado no cocuruto do mapa para lembrar ao país que nascer é natural. Não depende de engenharia genética ou operação cirúrgica. Para as parteiras, que guardaram a tradição graças ao isolamento geográfico do berço, é mais fácil compreender que um boto irrompa do igarapé para fecundar donzelas que aceitar uma mulher que marca dia e hora para arrancar o filho à força.
Quase 90% da população do Amapá, composta de menos de meio milhão de habitantes, chega ao mundo pelas mãos de 752 "pegadoras de menino". Campeão no Brasil em partos normais - e ostentando o segundo mais baixo índice de mortalidade infantil -, o Estado fez do nascimento tradicional uma política pública. Encarapitadas em barcos ou tateando caminhos com os pés, a índia Dorica, a cabocla Jovelina e a quilombola Rossilda são guias de uma viagem por mistérios antigos. Cruzam com Tereza e as parteiras indígenas do Oiapoque, onde já começou o Brasil. Unem-se todas pela trama de nascimentos inscritos na palma da mão. "Pegar menino é ter paciência", recita a caripuna Maria dos Santos Maciel, a Dorica, a mais velha parteira do Amapá. Aos 96 anos, mais de 2 mil índios conheceram o mundo pelas suas mãos pequenas, quase infantis. Dorica - avó, mãe, madrinha - nem mesmo gostaria de possuir o "dom". "O dom é assim, nasce com a gente. E não se pode dizer não", explica. "Parteira não tem escolha, é chamada nas horas mortas da noite para povoar o mundo." O espectro quase centenário é visto quando se navega pelos rios do Oiapoque iluminado apenas por uma lamparina. Viaja acompanhada da irmã Alexandrina, de 66 anos. "Mulher e floresta são uma coisa só", compara Alexandrina. "A mãe-terra tem tudo, como tudo se encontra no corpo da mulher. Força, coragem, vida e prazer." Quando os remos cortam o rio, são perseguidos pelos olhos fosforescentes dos jacarés. "Não tem perigo. Eles só comem cachorro e sandália", tranqüiliza Dorica. "Abrimos o bucho de um, dia desses, e era só o que tinha." Dorica lembra dos 16 abortos do próprio ventre, ela mesma impedida de ter um filho por desígnios que não lhe cabem invocar.
Está cansada, confidencia. "Queria pedir a Deus o meu aposentamento de parteira." Deus é ainda menos apressado que o ministro da Previdência: até agora, não deu resposta ao pedido. Assim, Dorica crava os pés nus no chão sempre que alcança o destino e acocora-se entre as pernas da mulher. Alexandrina abraça o corpo da gestante com as pernas, por trás. Das entranhas do corpo feminino Dorica nada arranca, apenas espera. "Puxa" a barriga da mãe endireitando a criança, lambuzando o ventre com óleo de anta, arraia ou mucura (gambá) para apressar as dores. Perfura a bolsa com a unha se for preciso e corta o cordão umbilical com flecha se faltar tesoura. "Pegar menino é esperar o tempo de nascer", ensina. "Os médicos da cidade não sabem e, porque não sabem, cortam a mulher." No escorrer de oito dias, Dorica abandona a roça de mandioca.
É missão da parteira lavar, cozinhar, "puxar" o útero para que a mulher fique sã. É obrigação pentear o seio para que o leite jorre entre os lábios do menino. É sabedoria aspirar o nariz do bebê com a boca até ouvir o choro. Cumpridas as etapas, Dorica entrega a mulher ao marido: "O que eu podia fazer pela sua mulher eu já fiz. Agora você tem de cuidar da família". O marido agradece. "Se eu puder lhe dar alguma coisa, lhe dô." E Dorica responde: "Deus dá o pago". E o diálogo se encerra. É tudo. E é assim há mais de 500 anos. Dos mais de 2 mil partos consumados no chão da Amazônia, Dorica só perdeu três. Não passa um dia sem lamentar. "É uma criança que faltou na comunidade", constata. Na cultura dos povos da floresta, ninguém é substituível. Ou descartável. A vida que feneceu antes de vingar será chorada para sempre. Brasil de cesarianas · 24% dos 2,6 milhões de partos anuais são cirúrgicos · Mato Grosso do Sul é o recordista, com 40,46% · Apenas entre 5% e 10% dos partos requerem cirurgia · A cada 10 mil partos normais morrem duas mulheres. A cada 10 mil cesarianas sucumbem sete · O SUS paga R$ 194,79 por parto normal e R$ 293,84 por cesariana. A parteira dá adeus enquanto a canoa some no rio. A arara a observa de um galho, um bando de papagaios corta o céu em algazarra, uma menina se banha no igarapé antes da escola. Dorica pousa a mão no velho coração e, pronunciando palavras silenciosas, arranca de lá a bênção aos que partem. Depois, dá as costas e vai pitar tabaco enquanto espera a hora em que o quinto filho de Ivaneide Iapará irá esmurrar a porteira do mundo pedindo passagem.
As parteiras da floresta comungam da religião católica. Algumas adotaram as pentecostais. Outras são espíritas, batuqueiras. Mas no coração vive uma religião antiga, em que a grande deidade era feminina. Aquela que governa o nascimento-vida-morte, presente-passado-futuro. No tempo dos ancestrais, a relação entre o sexo e os bebês era desconhecida, tabu insondável de onde surgiram os mitos da cobra grande ou do boto fecundador. Hoje, mesmo invocando um deus masculino, o Espírito Santo ou os orixás, elas guardam uma herança silenciosa em que o feminino é fonte de toda a vida, e cada mulher é a guardiã do mistério. Quando remam quilômetros por rios ou vão "de pés" para auxiliar uma igual a consumar o milagre da vida, o parto é símbolo de resistência, uma lembrança subversiva de que cada mulher guarda um pouco da deusa.
Aos 77 anos, Jovelina dos Santos é a parteira mais afamada de Ponta Grossa do Piriri, lugarejo a cerca de 100 quilômetros de Macapá. "Deus me deu esse prestígio", anuncia da porta do casebre. Tem mais rugas no rosto que a noite tem estrelas. Risonha, quando abre a boca parece que vai se desprender um pedaço do mundo. Não que Jovelina seja exatamente feliz: ri porque decidiu não ficar triste. De uma simplicidade complexa, ela quando acorda nem sempre sabe se vai comer antes de outro amanhecer. Pelo parecer de Jovelina, é mais rica que a maioria. "Filho é riqueza, minha irmã." De novo a filosofia. "No meio deste fundão de morte, ou a gente vai enchendo o mundo de filhos ou desaparece." Só assim para entender quando a cabocla Jovelina esconde os dentes, ameaçando mergulhar o planeta na escuridão: "Só tive oito". Como só? "Só, oras. É tão bom parir..." E emenda, no tom de quem desfruta safadezas: "E de fazer gosto mais ainda". Jovelina junta gente quando conta como estreou no ofício. Vale bem pagar ingresso para ouvi-la. "O primeiro foi com Isabel, mulher do compadre Sevério, que estava lá para o povoado da Volta das Cobras. 'Deixa, compadre', disse mamãe, 'que a Isabel fica com nós.' De noite Isabel teve a febre, sentiu tremor de frio, não falou um ai. De manhã mamãe foi pra roça, fiquei eu mais Isabel. 'Jovita, bota água para um banho.' 'Tá aqui, Isabel', disse eu. 'Sabe que de madrugada me deu um grande tremor de frio?', disse ela. 'Foi, Isabel?', disse eu. 'Foi, Jovita.' Tava penteando o cabelo quando se deu o despejo. 'Jovita, minha mana, me acode.' Peguei o menino. Tava frio, tava morto. Quando mamãe chegou, perguntou: 'Que tal, Jovita?' 'Tá bom, mamãe.' Aí, ela disse: 'Bem, minha filha, a partir de agora você vai no meu lugar'. E eu fui." Simples assim.
De ajutório, Jovelina só conta com São Bartolomeu, advogado das parteiras, como São Raimundo, Nossa Senhora do Bom Parto e outras santidades. São Bartolomeu, não. Para Jovita, é "São Bertolamê", um tantinho afrancesado e com muito mais brilho. "Às 4 horas da tarde, Bertolamê se levantou e seu bastão se 'amantumou'. Em seu caminho, caminhou. Encontrou Nossa Senhora, perguntou onde vai Bertolamê. Vou à casa de Nossa Senhora. Vai, Bertolamê, que lá te darei bom condão. Onde não morre mulher de parto nem menina abafada." Pronto. Basta recitar a oração e o menino desliza floresta abaixo, pousando nas mãos de Jovelina. "O que essa mulherada sofre na maternidade é um golpe", apavora-se. "Aqui, se o menino acomodou de mau jeito, a gente vai e dobra. Vou puxando até ele se ajeitar, botar a cabeça no lugar. Aí não precisa cortar. Médico, coitado, não sabe dobrar menino." País de parteiras · 60 mil aparadoras realizam 450 mil partos anuais · Apenas 6 mil estão organizadas em rede · Elas querem reconhecimento da profissão e acesso aos direitos trabalhistas · O SUS paga R$ 54,80 por parto domiciliar, mas poucas recebem. No Amapá, têm capacitação e material. E integram programas de renda mínima. Na despedida, Jovelina chama os "filhos de umbigo" para exibir. Planta as pernas de Garrincha, bota as mãos de bênção na cintura e dá um grito: "Venham cá, seu bando de abestado! Ô, se minha mãe tivesse me botado na escola, eu não tava dando murro para passar". Abre de novo o sorriso para dar uma alumiada no céu e se enternece: "Ô, filharada bonita, é não?" Parto é mistério de mulher. Feito por mulheres, entre mulheres.
Está além da compreensão das parteiras da floresta que a vida se desenrole em berço de morte, no hospital, como se doença fosse. Para cada parteira, a dor primal é o prenúncio do êxtase do nascimento. Parto, com as devidas desculpas à condenação divina, não é sofrimento. É festa. "Eu sou de um tempo em que já tinha de ser mãe de filho para conhecer o mistério. Donzela não conversava de sexo para não sentir prazer no falar", conta Rossilda Joaquina da Silva, de 63 anos, 11 filhos, 20 netos, quatro bisnetos. "Quando é hora do menino chegar, a mulherada se reúne e é uma graça." Negra, negríssima, como a terra do quilombo do Curiaú, nos arredores de Macapá. Abre os braços gorduchos, musculosos de pegar menino, alinhavar vestidos e benzer doentes: "Curiaú de Dentro, Curiaú de Fora, fiz os partos no de aqui e no de lá. Tudo aqui nasceu pela minha mão". Solene, Rossilda larga a vassoura para contar a sina, sacudindo-se na cadeira de balanço ao som de cantiga para apressar parto embaraçado: "Valei-me, Senhor, meu glorioso São João! São João foi ancorado lá no Rio de Jordão.
Valha-me Deus, ó Deus de misericórdia! As cordas que me ouvem haverão de me levar". Rossilda pega o rumo de cada parto acompanhada de outra parteira, Angelina. Em espírito invocado, porque Angelina deixou este mundo há muito. O segredo dessa dupla de vivente e não vivente não conta. "Senão, perde a valoridade." Quando a hora chega, vencidas as nove luas, os homens são despachados para não fazer zoada. Parto é festa feminina. Vem vizinha de todo canto, comadre e não comadre. Enchem a casa, fazem café e mingau e se põem a contar casos e piadas para distrair a barriguda. Rindo um pouco, rezando outro tanto, de branco dos pés à cabeça, Rossilda vai ajeitando a criança, vigiando a dor. Quando se vê, "lá vem o menino escorregando pro mundo". O pai é chamado então para engatilhar a espingarda e dar dois tiros para cima, se for menina, ou três, para o caso de ter nascido menino. Se for homem, mais um Joaquim ou Raimundo. Mulher, obviamente Maria. Se despede rimando, a Rossilda: "Tenho mão limpa e coração puro. Sou parteira, trago criança ao mundo".
A floresta das parteiras é assim, uma terra de cantorias. "Quem disse que não somos nada, que não temos nada, já se enganou. Repare nós organizadas e bem preparadas, com as parteiras estou...", cantarola Tereza Bordalo, de 51 anos, parteira desde os 16. Convoca as irmãs para o ritual de agradecimento, vai cumprimentando as amigas de Saint George, na Guiana Francesa, com um Bonsoir, ça va bien? No outro lado do Rio Oiapoque, são todas madames. Ou melhor, "madam". Como madam Marie Labonté, que penetra na mata em busca da pele das serpentes. "Tomando chá de pele de cobra, o menino nasce sem dor, oui?" Do fundo da floresta, as parteiras vão surgindo tímidas, silenciosas. As mãos da vida se agarram, os pés do caminho se plantam em círculo no útero da mata quando agradecem à divindade ao amanhecer. Assim como a criança, o dia nasce sem outra força que não seja a da natureza. Surge em hora precisa, sem que ninguém tenha de arrancá-lo do ventre da noite.
Elas erguem as velas pedindo iluminação no ofício. Invocam a terra, o rio e a floresta. É uma conversa de comadres, uma prosa ao pé do ouvido. A imagem primitiva parece falar a uma sociedade surda - esquecida do cordão umbilical com algo maior que o mundo forjado dentro do mundo. Do útero circular, a índia Nazira Narciso aviva a chama: "Índia, crioula, brasileira, é uma dor só. É tudo o mesmo chorar. O mesmo coração de mulher".
A roda se desfaz e as parteiras pegam a barca para singrar os rios da fronteira do Brasil. Uma "pegadora" em prosa e verso. Aos 92 anos, Juliana Magave de Souza é a mais antiga parteira de Macapá: "Escuta o que eu vou lhe dizer. Nasci em 20 de janeiro de 1908, dia de São Sebastião. Casei com 15 anos, por amor e mais nada. Comecei a partejar com fé em Deus e sozinha. Minha avó me deixou o endereço. Minha Virgem Nossa Senhora, minha Santa Catarina, aja no momento, no minuto me ajudando. Eu nem gostava de ser parteira, mas tinha de estar presente. Meu Deus do céu, nesse meio não se fica sossegada, se está sempre ocupada. Fiquei com as mãos aleijadas pelo sangue da mulher. Estes nós todos, esta paralisia. Este sangue é muito forte, vai encaroçando sem que a gente faça fé. Minha única filha não quis que eu aparasse o menino, morreu de parto por sua vontade. Anunciou que seguiria o pai, Manoel Carapuça, que havia se ido meses antes. Quando me chamaram já era tarde, minha filha estava perdida. Criei os nove filhos dela, mais outros quatro por fora. Fazendo queijo para um tal de Moacir Gadelha, caçando de espingarda. Neste mundo fiz 339 filhos de pegação. Todos me chamam de mamãe. Era importante a vida antiga porque de tudo se entendia. Agora não se entende é mais nada. Tão aqui estas mãos. Elas são o mostruário do trabalho que eu fiz. Tá bom? Então tá. Ô Virgem, sua vontade é da minha também.".
Produzido pela Tv Cultura - Caminhos
Fonte: http://shaktilalla.blogspot.com/2010/01/as-parteiras-da-floresta.html

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