quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Recomendações da OMS para o parto normal

Hoje inicio uma série de posts explicativos com o objetivo de dar mais visibilidade às recomendações da OMS para o parto normal; porque estas são informações que devem ser amplamente divulgadas e apreendidas pelas mulheres brasileiras; com intuito último de orientar quem atualmente está gestante e procurando saber de seus direitos e das rotinas médico-hospitalares, para que tenha uma boa experiência com o nascimento de um filho.
Gostaria antes, de salientar a importância da participação de vocês neste espaço, importante para tod@s, e pedir que colaborem, compartilhando suas experiências, dúvidas e expectativas. Proponho a vocês que participem da enquete que está sendo lançada com este post, e abro o espaço de comentários para narrativas, relatos e considerações. Cada enquete ficará disponível para votos por três dias.
Em 1996, a Organização Mundial da Saúde publicou seu primeiro manual de recomendações para a assistência ao parto normal. Acesse o conteúdo na íntegra: Maternidade Segura. Assistência ao Parto Normal: Um Guia Prático.
As recomendações foram então organizadas e sumariadas pelo Ministério da Saúde que, em 2001, publicou Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à Mulher.
A primeira categoria de procedimentos são considerados claramente úteis, que devem ser encorajados. Posteriormente, virão as condutas prejudiciais ou ineficazes que devem ser eliminadas; condutas que devem ser utilizadas com precaução até a conclusão de novos estudos; e condutas freqüentemente utilizadas de forma inapropriada. O elenco de todas elas foram pulicadas aqui no blog Parto no Brasil em abril: http://partonobrasil.blogspot.com/2010/04/recomendacoes-da-organizacao-mundial-da.html. Outras enquetes serão propostas.
A lista que segue é válida para todo o território nacional no que se refere à assistência humanizada à saúde.

Pergunto: a assistência que você recebeu incluiu quais destas condutas?
1)Permitir e respeitar o desejo da mulher de ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto e parto.
2)Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher durante todo o trabalho de parto e parto. Verificar pressão e sinais vitais; se está hidratada. Com relação à monitoração fetal, o uso intermitente de estetoscópio de Pinar e o Sonar Dopler: a cada 30 min durante o trabalho de parto, e durante o expulsivo, a cada 15min. Importante: A ausculta deve ser realizada com a mulher em posição não-supina; o uso rotineiro e repetido de cardiotocografia não é indicado, e segundo pesquisas recentes, seus resultados vem sendo relacionados com falsas indicações de cesáreas.
3)Oferecer o máximo de informações e explicações sobre o processo natural e os procedimentos médicos. Interação profissional-paciente deve compreender uma relação de respeito. Extremamente importante.
4)Respeitar o direito à privacidade da mulher; evitar estímulo acentuado do neocórtex, sobretudo no período expulsivo.
5)Garantir a liberdade de movimentos em todos os momentos.
6)Incentivar e oferecer o uso de métodos não-farmacológicos: a própria presença da doula e do acompanhante de parto; aromaterapia; musicoterapia; banho quente de imersão e de chuveiro, massagens, eletroestimulação, acupuntura, bola suíça e liberdade de movimentar-se. Incentivo a adoção de posições não-supina: vertical; lateral e quatro apoios, durante o TP e parto – facilitam todo o processo por diversos fatores.
7)Oferecer líquidos durante o trabalho de parto. A indicação de jejum só serve para os casos em que uma paciente apresenta necessidade de receber anestesia *geral* durante o processo de nascimento de um filho. A indicação deste tipo de procedimento, atualmente, é muito remota.
8)Encorajar contato físico precoce entre mãe e bebê; além do aleitamento materno. Esse quesito requer a não-realização de algumas manobras e procedimentos no bebê, as quais são comumente realizadas pelos neonatologistas *antes* do contato com a mãe. Bebê que nasce bem deve ir direto para o colo da mãe. Informe-se sobre estes procedimentos e faça valer seus direitos e do seu filho
** A OMS recomenda o uso rotineiro de ocitocina intravenosa ou intramuscular em TODA MULHER, , como medida profilática com objetivo de reduzir os índices de hemorragia pós-parto.
9)Uso do partograma e outras formas de padronizar procedimentos. Pesquisas encomendadas pela OMS concluíram que, em países com grande população de baixa renda, o uso do partograma diminiu a necessidade de cesáreas.
10)Apoio ao alojamento conjunto e aleitamento materno em livre demanda. Implica em evitar manter os bebês nos berçários.
Fonte: vídeos do projeto ISEA, da Dra. Melania Amorim: http://partonobrasil.blogspot.com/2010/08/video-do-projeto-isea-da-dra-melania_3133.html; http://partonobrasil.blogspot.com/2010/08/video-do-projeto-isea-da-dra-melania_6979.html

3 comentários:

  1. Bom pessoal, ao mesmo tempo em que descobrimos as vantagens da tecnologia, também percebemos suas limitações.

    Quem tem mais de um filho só está conseguindo responder uma única vez, a experiência de uma gestação só.

    Ao mesmo tempo, isso é bom porque dá mais credibilidade aos dados!

    Nós vamos confabular sobre a estrutura de enquete que é permitida aqui pelo blog, e comunicaremos quando tivermos alguma novidade.

    Fiquem à vontade para utilizar este espaço de comentários para oferecer informações sobre outras gestações.

    E obrigada!

    Aproveito para deixar meu relato. Minha filha nasceu de parto natural hospitalar. Tivemos atendidos quase todos os critérios de humanização. Mas gostaria de compartilhar que não houve uso de partograma; fiz tococardiografia a cada dois dias nos últimos dez dias de gestação (que foi “sem risco” as 40 semanas); tomei ocitocina no pós-parto imediato; e nas primeiras horas de vida da Iara, na maternidade, tive diversas ofertas por parte das enfermeiras e auxiliares para que a levassem ao berçário, para que eu pudesse descansar! Era o bichinho acordar e chorar que lá vinha uma “santa”, cheia das boas intenções, se oferecendo para levar minha cria para longe de mim.... Na total santa paz de deus, totalmente ocitocinada e louca pelo cheirinho amniótico, eu sabia que aquela era apenas a primeira das minhas noites mal dormidas. Aproveitei inteirinha.... rs

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  2. Bom, como sou mãe de dois vamos ao meu relato de nascimento de Rudá, q ao contrário do meu 1o filho Ícaro tive tdas as recomendações realizadas, tendo em vista q nasceu em casa fugindo dos protocolos hospitalares e iatrogenias, c/ o amparo de uma EO, nossa querida parteira Kátia, da Roda Bebedubem, de SJC/SP.

    Meu parto foi natural - SIM

    Presença de um acompanhante durante todo o trabalho de parto e parto - SIM, maridão e cumadre

    Monitoração fetal e materna adequadas - SIM, c/ Sonar Dopler

    Interação profissional-paciente em favor da troca de informações e expressões - SIM, a tdo momento Kátia conversava comigo, me explicava qdo ia fazer um toque vaginal, por ex., q posição poderia ser mais confortante etc.

    Respeito à privacidade da mulher - SIM

    Garantia de liberdade de movimentos em todos os momentos - SIM

    Incentivo e oferta de métodos não-farmacológicos - SIM, usamos Aromaterapia e Do-in

    Oferta de líquidos durante o trabalho de parto SIM, dentre eles um especial chazinho!

    Contato físico precoce entre mãe e bebê; e aleitamento materno - SIM SIM SIM, do cordão p/ o colo e teta!

    Injeção de ocitocina no pós-parto - NÃO

    Uso do partograma - NÃO, pelo menos não a vi c/ nenhuma tabela, mas na Partolândia vai saber né, rs... vou perguntar

    Apoio ao alojamento conjunto e aleitamento materno em livre demanda - Tive um PD - SIM, teta exclusiva até o 6o mês na hora em q o filhote desejava e ainda c/ 1a1m mama somente LM!

    - 10 recomendações atendidas: viva a escolha de cada mulher e a confiança em nossos corpos, pois SIM, eles podem parir!

    Obs.: Lembrando q tive uma gestação de baixo-risco.

    Belo post Ana!

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  3. Hum... ontem fui dormir pensando nesse questionário e nas proporções q ele vem ganhando... o perfil de nossas leitoras são de mulheres empoderadas - dos 50 votos até o momento (24/set - 9h56) 37 tiveram um parto normal, em um País onde a cultura cesarista vigora! Fico pensando nas inúmeras mulheres q não tiveram seus direitos garantidos... álias, daria uma bela pesquisa averiguar quais destas recomendações os hospitais/maternidades/casas de parto aplicam!
    Ideias...

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