quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Agenda Parto no Brasil

Simbora c/ as novidades p/ este mês de março em nossa agenda semanal!

Workshop “Desbloqueiando as Emoções para Bem-Parir”.-  Com a Psicologa e terapeuta mexicana Yolanda Vargas e a Parteira Naolí Vinaver, que fazem parceria desde o ano 2000 na prática do desbloqueio das emoções em procesos de parto desafiantes.


É um workshop para profissionais de varias áreas da saúde, mais é especifico para a área da gravidez, parto e pós-parto. Para aprenderem técnicas e formas de ajudar a indentificar e desbloquear as emoções para abrir o processo de parto e nascimento do bebê e da famiíia.

Público Alvo: Parteiras, Enfermeiras, Doulas, Médicos, Pediatras, Terapeutas diversos, mulheres gestantes, casais.

Dias: 03 e 04.03.2012 - Carga horária: 14 horas

Horários: Das 09 às 17 horas com 1 hora para o almoço.

Valor: R$ 350,00
ReHuNa: 10% desconto

Inscrição: até dia 29.02.2012

Local: Rua Altenor Vieira, 377 Lagoa da Conceição, Florianópolis/SC, Brasil.

Número de vagas: 20 pessoas

Inscrições e contato: naolivinaver@yahoo.com.br

Em março inicia-se tb o primeiro módulo de fim de semana dos cursos em Florianópolis e Brasília:

·      Curso Livre de Aprofundamento em Parto Domiciliar, 2012

             Este curso foi desenhado tanto para profissionais na atenção do parto que desejam desenvolver as suas práticas  para incluir a atenção do parto domiciliar, como para Parteiras, Médicos e Doulas, que já acompanham o parto domiciliar mas que tem vontade de expandir, enriquecer,  ou adquirir segurança nas práticas de um acompanhamento seguro, cálido e gostoso do parto domiciliar.

A visão deste curso é baseada nas prácticas da Parteria Tradicional Mexicana assim como na Parteria Profissional não-medicalizada do mundo moderno.

Datas e locais:
•  Florianópolis, Santa Catarina (Datas: março 17 e 18. Abril 7 e 8. Maio 19 e 20. Junho 9 e 10. Julho 14 e 15. Agosto 4 e 5. Setembro 15 e 16. Outubro 13 e 14. Novembro 10 e 11.

•  Brasilia (Datas: março 21, 22 e 23. Maio 23, 24 e 25. Junho 20, 21 e 22. Agosto 8, 9 e 10. Setembro 19, 20 e 21. Novembro 14, 15 e 16.

Público Alvo:  Parteiras, Enfermeiras, Doulas, Médicos, Pediatras, Terapeutas diversos, mulheres gestantes e tentantes. Porque o parto deveria ser um processo que todas as pessoas e sociedade compreendam e conheçam mesmo se nâo vao atuar nessa Área.  Saber e conhecer é se-sentir com poder e confiança nos processos de vida.

Carga horária: 126 horas

Horários: Das 09 às 17 horas com 1 hora para o almoço.

Valor: R$ 3.150,00 à vista ou parcelado em 6x de R584,00 ou em 9x de R400,00

Obs.:O custo do transporte das viagens da Naolí entre Florianópolis-Brasília vai ser compartilhado entre as participantes, como iniciativa das organizadoras.

Inscrição: até dia 07.03.2012

Local: R. Altenor Vieira, 377 Lagoa da Conceição, Florianópolis.

Número de vagas: 20 pessoas

Inscrições e contato para os dois cursos: naolivinaver@yahoo.com.br

Tem mais Naoli E Yolanda em Campinas/SP, nos dias 10 e 11:





terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Entrevista c/ a parteira tradicional Suely Carvalho

O Blog Parto no Brasil compartilha hoje uma entrevista c/ a parteira tradicional Suely Carvalho, por Say Adinkra, que nos trás a beleza do Chamado e da sacralidade feminina, numa perspectiva holística guiada pela Tradição dos povos, além da história do CAIS do Parto, em Olinda/PE, que todas às terças-feiras, há 22 anos realiza rodas de casais grávid@s, no Centro Cultural Luiz Freire, às 19h30,  na R. 27 de janeiro, 169, Carmo.




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Chá de bençãos - boas práticas brasileiras

Elas não precisam ser profissionais da saúde, especialistas ou bacharéis em obstetrícia. Elas nem precisariam ser fundamental/excludentemente mulheres. O requisito é apenas que sejam capazes de "parar o mundo" para celebrar o sagrado feminino. Uma barriga imensa, dois corações - um deles ansioso com a espera mais divina, brilhante. Coragem, calma e amor. Abertura para o novo iminente.


"Será que é hoje?"
Relaxamento e espera pelo início do trabalho de parto: dias muito especiais!

Os últimos dias de barriga geralmente acometem as mulheres de muita ansiedade, que às vezes torna-se até mesmo angustiante. Afinal, vivemos em um país que tem o desrespeito, a pressa e a intervenção, como padrão de acolhimento nas maternidades. Outra característica marcante é o não-compromisso com a integridade física das mulheres e dos bebês. Um corte aqui, outro acolá. Mas tudo tão rápido, e tão profunda e sinceramente feliz quando o bebê está bem, que tod@s pensamos que estes pontos estão, em alguma medida, ok. Sobrevivemos. E de volta à nossa casa, de onde talvez pudéssemos nunca ter saído, cicatrizamos nossas feridas.


Como é possível, diante deste nosso cenário, esperar pelo início de trabalho de parto espontâneo, com serenidade, segurança e felicidade pelas inúmeras escolhas que somamos ao longo de 40 semanas? 

Para muitas de nós, é um repertório de muita luta - o médico privado, os profissionais do serviço público, a família, a mídia, parece que o mundo todo atenta-se apenas para os "perigos do parto normal". E vai explicar que não é esse tipo de parto normal que a gente fala que é lindo e prazeroso.... Como é difícil mudar a posição de uma mulher, evitar um corte cirúrgico tão didático, perder o controle da dinâmica dos fatos e deixá-la livre para se movimentar no momento do expulsivo! 

É mesmo muito difícil. E são poucas as redes de apoio verdadeiro para as mulheres que querem um parto ativo, sem cortes e intervenções desnecessárias, em casa ou no hospital, na água ou no chão. Mas as que existem são muito poderosas - quem já esteve numa roda de mulheres sábias, conhece a delícia que é parar o mundo para celebrar o sagrado feminino. A Parto do Princípio mantém uma lista de grupos de apoio atualizada em novembro de 2011, acesse aqui.

Então, o convite hoje é abrir-se para um nova experiência, o Chá de Bençãos. São práticas já consolidadas em algumas cidades do país, promovidas, entre outros, pelos grupos de apoio ao parto e à gestante Ishtar (em vários estados) e a Roda Bem-Nascer (Belo Horizonte, MG).


Vejam como Kalu Brum, co-editora do Blog Mamíferas, descreve o chá:
"O evento é uma delícia: mães com filhos grandes, pequenos, recém nascidos, barrigudas se reúnem e levam uma contribuição para o lanche comunitário, assim como ervas para um escalda pés. Enquanto algumas correm atrás dos filhotes, outras amamentam, as barrigudas se agrupam. E ali, mulheres com boas experiências de parto e maternagem escutam histórias, inspiram-se em caminhos de outras mulheres para encontrarem sua própria maneira de maternar.

Escalda pés. Foto Kalu Brum. Disponível aqui.
Às vezes uma ou mais gestantes se reúnem no mesmo chá de bençãos. Enquanto seus pés estão imersos em bacias com ervas e água quente, doulas e mães conversam sobre o parto, tiram dúvida, criam relação com a gestante. Os papais também participam e se tranquilizam tendo nas mãos mais informações sobre a bendita hora. E nesse encontro se estabelece uma verdadeira corrente positiva.
Depois do escalda pés, procuramos um local mais tranquilo para as bençãos. Todos fecham os olhos e Geo conduz em uma vizualização focando, principalmente, na idealização do parto perfeito e a chegada tranquila da nova vida no planeta. Cada uma das mulheres presentes envia suas bençãos, verdadeiras intenções que são pérolas, repletas de emoção.
Conto hoje sobre este evento para inspirar que você possa fazer o mesmo em um chá de bebê ou em um encontro bacana com amigas. Ao invés de brincadeiras bobas ou presentes sem significado,  um chá de bençãos, com histórias positivas, com a vizualização do parto, a dissolução de mitos e medos pode ajudar muito no pré e pós parto.
Neste momento de fragilidade e força, com outras mulheres, nos sentimos poderosas e amparadas. Realmente é uma delícia. Fica aqui a idéia para você levar para os quatro cantos deste Brasil e do mundo."
Fonte: Chá de Bençãos

E o relato de uma mãe:
"Foi muito importante pra mim ouvir cada bênção, cada uma ficou gravada em minha mente e coração e já estão servindo de um suporte tremendo nessa grande etapa. Obrigada! Muito obrigada por compartilharem seu amor e força. Por me transmitirem tanta confiança, segurança e me empoderarem para este momento único.", declarou Aline.
Fonte: Chá de Bençãos 2

Você não está sozinha!

Em Londrina-PR, estamos nos preparando para um primeiro brinde! Que venham pés-vermelhinhos em seus tempos, bem cuidados e acalentados!

Como deixar estes encontros ainda mais preciosos?
Bianca, comadre, por gentileza, tem aí uma prece bem bonita para este momento?




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Anunciação



Por Alceu Valença

Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...


O post neste fim de terça-feira carnavalesca é p/ compartilhar o lindo nascimento de Estela, a filhota da comadre Priscila Rocha, que pariu a pequena de 2.690, c/ 47 cm, às 21h57, neste último domingo, dia 19. Mas, a beleza desse pequeno relato é porque a Pri buscou imensamente esse parto, depois de uma cesárea anterior, do 1o. filhote, o Luan, filho do nosso parceiro Fernando Oliveira, um dos coordenadores culturais do Ponto de Cultura "Caiçaras", onde realizamos nossos eventos, em Cananéia/SP.

Pois bem, leitora assídua do blog ela se empoderou durante toda a gestação. Leu, pesquisou, participou de rodas de gestantes, em São Paulo, onde reside, além de consultas c/ algumas parteiras. No pacote terminou seu mestrado em Ciências Morfofuncionais em Neuroanatomia Funcional da Dor - Pri, comadre, o que é isso, hehe?!

Na foto, em companhia de Laura Gutman!

(Orgulho!)

E, na noite de sábado, a própria me escreve pelo bate-papo que estava em trabalho de parto, c/ contrações de 10 a 15 minutos. Latente. Já sem tampão mucoso.

Passamos boa parte da gestação conversando, trocando, compartilhando...

Nesta mesma noite nos falamos outras vezes, até ela ir p/ uma maternidade paulista, onde ia (tentar) parir.

Isso já era madrugada adentro. E, só na segunda pela manhã fui ter notícias.

Estela tinha sido recebida c/ muito amor e respeito por uma enfermeira-obstetra e uma doula, junto de seu companheiro, no domingo à noite, depois de um trabalho de parto longo, cansativo, de entrega, dor, confiança, nesta Lua Minguante que nos assistia. Embora tenha tido um expulsivo rápido, pendurada por um rebozo ao teto - Estela me ajudaaaaaaaaaaaaaaa!


Calma, carinho e afeto.

Assim!

P/ mim essa história muito particular tb faz parte de minha história nesse caminho ligado à gestação e nascimento. Parte das memórias que guardo de mulheres-comadres que pude compartilhar boas narrativas de parto desse poder esquecido de beleza e perfeição da fisiologia feminina. E, da capacidade que nós temos de parir!

Estou muito feliz! Muito!

É como fazer parte desse regate sagrado guiada pelo coração, pela missão. Álias, é como não. É.

Das inúmeras cesáreas agendadas neste feriado, outras mulheres-mães parem seus filhos!

E, toda beleza tb trás espinhos. Na prosa c/ a comadre soube de como foi a sua fria assistência obstétrica inicialmente, já que Priscila chegou a ir p/ a maternidade. Ainda c/ três centímetros de dilatação foi orientada a voltar p/ casa, grosseiramente. E, num lampejo de instinto - essa é a parte linda do desfecho - ligou p/ uma doula conhecida, que encontrou uma parteira urbana que aceitou receber a parturiente. 

Massagem, atenção, assistência 1:1. E, na hora de ir p/ o hospital Priscila disse que queria parir ali. Ok. Vamos lá!

Moral da história: Quando conhecemos o cenário de cuidado durante a gestação e parto munida de boas informações, orientações e uma busca pessoal de liberdade e arbítrio somos levadas a ser a protagonista deste rito que nos torna mãe e, mulher. Selvagem, mamífera, empoderada!

Como Fênix, renascemos!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Ciranda das Mulheres Sábias

O post de hoje compartilha uma leitura maravilhosa e indispensável p/ quem adora um papo de comadre!

O livro "A Ciranda das Mulheres Sábias", de Clarissa Pínkola Estes está disponível p/ leitura no link - http://pt.scribd.com/doc/41198357/A-Ciranda-Das-Mulheres-Sabias-Clarissa-Pinkola-Estes


"Por isso vamos nos sentar um pouco, comadre, só nós duas... e o espírito que se forma sempre que duas almas ou mais se reúnem com apreço mútuo, sempre que duas mulheres ou mais falam de "assuntos que importam de verdade".
Aqui, neste refúgio afastado, permite-se... e espera-se que a alma diga o que pensa. Aqui sua alma estará em boa companhia. Posso garantir-lhe que, ao contrário de muitas no mundo lá fora, aqui sua alma está em segurança. Fique tranquila, comadre, sua alma está a salvo."


Já postei outrora sua publicação mais consagrada - e que estou doida p/ ler, rs - "Mulheres que correm com os lobos" - (re)vejam aqui!

Eu edito também o blog Comadre, sobre trabalhos artesanais, costura, projetos "Faça-Você-Mesmo", e, assuntos ligados ao universo do sagrado feminino, bora espiarem - http://co-madre.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Agenda Parto no Brasil

Confiram as novidades para meados de fevereiro e nossa agenda semanal!
‎1ª Fraldada de Curitiba adiada, por conta da greve do sistema de transporte público A nova data será dia 29 de Fevereiro, quarta-feira, as 15 hs no Parque Barigui.







terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Partejando: quais os caminhos para esta arte?

O texto de hoje nos conta, na voz de três obstetrizes, ou parteiras graduadas, como se configura o ofício através da Faculdade de Obstetrícia, da EACH - USP Leste, bem como os desafios da profissão.



Por

Bianca Alves de Oliveira Zorzam
Formada pela 1a. turma do Curso de Obstetrícia da USP, em 2008. Doula, consultora em amamentação, e mestranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), integrante do Grupo La Mare
biancazorzam@gmail.com

Bianca Dias Amaral
Formada pela 1a. turma do Curso de Obstetrícia da USP, em 2008. Especialista em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde (SES/SP), integrante do Grupo La Mare e obstetriz da Medicina Preventiva da Unimed Jundiaí 
bibadias@yahoo.com

Maíra Fernandes Bittencourt
Formada pela 2a. turma do Curso de Obstetrícia da USP, em 2009. Integrante do Grupo La Mare, conselheira fiscal da Associação de Alunos e Egressos do Curso de Obstetrícia da USP (AO-USP), colaboradora da ONG Amigas do Parto e obstetriz da Medicina Preventiva da Unimed Jundiaí
mairafarfala@yahoo.com.br

A criação de parteiras acadêmicas no Brasil é antiga. No século XIX, mme. Durocher, francesa naturalizada aqui no Brasil, foi a primeira mulher a se formar como parteira através do curso aberto pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Com o passar do tempo, formaram-se obstetrizes, termo acadêmico que se criou para designar as parteiras acadêmicas em várias cidades brasileiras, inclusive na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

No século XX, os cursos tinham em média três anos de duração e formavam profissionais diferentes da área médica e da área de Enfermagem. Nos centros obstétricos e em casa, os partos normais eram assistidos por obstetrizes, além dos médicos, mas não por enfermeiras.

Em torno dos anos 70, o modelo político que passou a vigorar começou a rejeitar a formação de obstetrizes e a defender a formação exclusiva de enfermeiros especializados em Obstetrícia, uma vez que esta categoria garantiria a atenção à mulher dentro do contexto obstétrico. Além disso, o crescente número de escolas de Enfermagem abertas em todo o País levou à extinção do último curso de formação direta de obstetrizes, o da USP, deixando em vigor apenas uma legislação quanto às atribuições das obstetrizes.

No entanto, movimentos e visões sobre a assistência ao parto e nascimento nunca foram lineares e homogêneos e, aqueles que também se iniciaram por volta dos anos 70 no mundo todo, hoje identificado como o movimento de humanização do parto e nascimento, defensor de uma assistência que respeita a fisiologia e a normalidade deste processo, continuaram a defender a permanência de parteiras tradicionais e acadêmicas como profissionais de vital importância dentro das equipes de saúde e em diversos contextos.

Em vários países, como Holanda, Canadá e Inglaterra, a atuação da obstetriz na assistência ao parto trouxe melhores resultados perinatais, como a redução dos índices de morbi-mortalidade materno-infantis. Essa profissional, especializada em parto normal, promove assistência integral às gestantes, parturientes e puérperas de baixo risco, preservando e protegendo o processo fisiológico do nascimento. Através de técnicas que propiciam o manejo não-farmacológico da dor e a condução do parto fisiológico, a assistência centra-se na segurança e promoção do conforto físico e emocional da mulher durante todo o período gravídico-puerperal, incluindo os primeiros cuidados com o bebê e a amamentação.

Nos últimos anos, muitos esforços têm sido impulsionados pela categoria da Enfermagem Obstétrica no Brasil para a promoção da humanização da assistência ao parto. Estes esforços incluem o trabalho de um grupo de profissionais da Escola de Enfermagem da USP (EEUSP) a partir do projeto da obstetriz Dulce Maria Rosa Gualda, para a retomada da formação direta de obstetrizes no Brasil. Este ousado projeto causou grande polêmica e muitos não entenderam o motivo de se formarem obstetrizes para além da já existente especialização em Enfermagem Obstétrica.

Embora os cursos de especialização em Enfermagem Obstétrica insiram, recentemente, novas perspectivas para a formação de um profissional capacitado a respeitar a fisiologia do nascimento, percebia-se a necessidade de se investir em uma formação com sólidas bases acadêmicas no complexo contexto do parto e do nascimento, sob a perspectiva do modelo de humanização da assistência e as práticas baseadas em evidência, que compreendesse e, acima de tudo, valorizasse as esferas sexuais, culturais e espirituais das mulheres e famílias inseridas no evento da parturição.

O atual curso de Obstetrícia foi concebido e tem se desenvolvido em meio à necessidade de mudanças nos paradigmas dentro dos processos de cuidados, defendendo um novo modelo de assistência obstétrica. 
Durante a formação das novas obstetrizes, além de incluir a importância da assistência obstétrica frente às situações de riscos e patogenicidades, que necessitam de intervenções, são enfocadas e aprofundadas as formas de promoção e proteção de um processo que é essencialmente natural e saudável no contexto da vida da mulher.

Neste sentido, a defesa da retomada do curso de Obstetrícia e sua manutenção objetiva fortalecer e impulsionar as mudanças de paradigmas em relação à atual assistência obstétrica, cujo modelo é extremamente intervencionista e medicalizado, com índices alarmantes de morbidade e mortalidade materno-infantil, decorrentes de intervenções dolorosas e desnecessárias.

Ao contrário do que podem parecer, as obstetrizes estão em plena parceria com os esforços promovidos pela Enfermagem Obstétrica no movimento de humanização da assistência obstétrica. A exemplo de outros Países do mundo, enfermeiras obstétricas e obstetrizes atuam conjuntamente no sistema de saúde. 
Geralmente, as obstetrizes estão no modelo de Centro de Parto Normal (CPN), Casa de Parto e parto domiciliar, realizando a assistência às gestantes de baixo risco, enquanto as enfermeiras estão no cuidado de gestantes de alto risco, em modelo hospitalar. Embora as competências de ambos os profissionais permitam que o inverso também aconteça, isto é, que obstetrizes possam atuar nos contextos hospitalares e de alto risco e as enfermeiras nos contextos não-hospitalares citados acima, de qualquer forma se aposta antes de tudo na promoção e ampliação de um perfil de profissionais profundamente identificados em oferecer assistência para o baixo risco.

Enfermeiras obstétricas e obstetrizes podem e devem coexistir, quando se entendem as diversas instâncias de cuidados e níveis de atenção que envolve a assistência obstétrica. O Brasil tem uma alta demanda por profissionais competentes e qualificados que assistam o parto normal, especialmente porque existe uma escassez, inclusive de enfermeiras obstétricas, em muitos lugares do nosso País.

Após a formação da primeira turma do curso de Obstetrícia, um importante embate e disputa se estabeleceram como resistência ao resgate desta profissional e sua inserção no mercado de trabalho. O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) se negaram a registrar as obstetrizes recém-formadas, ainda que este registro lhes fosse obrigatório por Lei Federal vigente, pela alegação de ser necessária uma formação anterior em Enfermagem para atuar nesta área. Além disso, estes órgãos estimulam uma disputa, já antiga e ultrapassada, entre obstetrizes e enfermeiras obstétricas, admitindo que as obstetrizes vieram tomar o lugar das enfermeiras.

Para entender esta disputa, é importante retomar o papel dos Conselhos na sociedade. Todo profissional de saúde, assim como qualquer profissão que possa colocar em risco a vida de outra pessoa, precisa juridicamente estar inserido num Conselho de classe. Mas, por que obstetrizes esperavam ser registradas no Conselho de Enfermagem? Novamente é preciso voltar na História e entender por que os criadores e docentes do curso de Obstetrícia da USP se surpreenderam com esta posição do Conselho de Enfermagem.

Quando, nos anos 70, se extinguiu o último curso de Obstetrícia, a presença de obstetrizes se manteve no mercado de trabalho e a conquista social pela manutenção desta profissão se conservou. Os Conselhos de Enfermagem abarcaram naturalmente essa profissional (até aquela época, a profissão era exclusivamente de mulheres) e as registraram como obstetrizes, isto é, as obstetrizes tinham um registro nos Conselhos de Enfermagem, mas identificadas como obstetrizes e não enfermeiras ou enfermeiras obstetras, como rapidamente passou a ser designado na formação de Enfermagem.

Nos anos 80, com a reformulação da Lei do exercício profissional de Enfermagem, a obstetriz foi inserida dentro desta plataforma. Nesta Lei, definiu-se que é enfermeiro o portador do diploma de Enfermagem ou Obstetrícia, e a obstetriz é citada inclusive nas determinações exclusivas do enfermeiro obstetra. Por que então esta resistência atual do Conselho em registrar obstetrizes?

Muitas discussões e ações foram e são necessárias para resolver este impasse, que tem gerado grandes obstáculos para as obstetrizes iniciarem sua vida profissional. Como pontua em reflexões com estudantes e egressos do curso de Obstetrícia, a profa. dra. Elizabete Franco Cruz, “não é preciso ser um grande leitor de Foucault e perceber que se trata de uma questão de disputa de poder”.

A formação de obstetrizes e as discussões ideológicas envolvidas seguem em diversos fóruns e alcançaram diversas entidades e associações que militam dentro do movimento de humanização do parto e nascimento e de direitos da mulher. Estes embates estimularam um amadurecimento político entre os estudantes e egressos do curso de Obstetrícia. Em meio a estas dificuldades, originou-se a Associação de Alunos e Egressos do Curso de Obstetrícia da USP (AO-USP), que acaba de se formalizar juridicamente, mas que desde o início do ano de 2011 já conta com membros empenhados, engajados e dedicados na luta pelo reconhecimento desta profissional e do modelo de assistência ao qual se inseriu a retomada das obstetrizes.

As obstetrizes que já conseguiram iniciar sua prática no contexto da assistência obstétrica vêm devagar encontrando reconhecimento dentro dos serviços e fora deles. Algumas iniciaram o trabalho ainda fora da prática de partejar, com o importante papel de produção acadêmica e científica para a manutenção e fortalecimento de uma assistência embasada e consistente, levando à frente todas as reflexões filosóficas e ideológicas que as práticas de promoção para a saúde da mulher e perinatal necessitam.

Outra minoria já iniciou sua jornada de atuação em um modelo não hospitalar, sintonizadas com mulheres que também buscam e desejam experiências diferentes, mais plenas e conscientes no seu processo de parturição e iniciação na vida como mãe, promovendo assistência domiciliar às mulheres e suas famílias durante a gravidez, parto e puerpério.

Também podemos encontrar outras poucas que iniciaram sua prática dentro de serviços obstétricos. Estas iniciam sua jornada com uma presença que reluta em desempenhar procedimentos que entende desnecessários e que fazem parte da rotina hospitalar, o que pode soar como incompetência dentro da ótica intervencionista e hegemônica da maior parte dos serviços. As obstetrizes causam estranhamento por alguns colegas de trabalho, encantamentos ou curiosidade e despertar em outros. Apesar de destoantes, a compreensão e aceitação de um novo olhar se desperta aos poucos.

Ainda que a grande maioria das obstetrizes nem sequer ganhou a chance de trabalhar na área e as poucas que estão dentro do Cavalo de Troia contam somente com a perseverança a cada dia, o que realmente alimenta estas parteiras que retomam um lugar na atual assistência obstétrica brasileira é o apoio de multidões de mulheres, que lutam há mais de décadas pelos seus direitos para uma vivência respeitosa do parto e nascimento, que foram às ruas por seu sólido objetivo de mudar o modelo hegemônico de assistência ao parto no Brasil. Esta é uma luta, sobretudo, de nós mulheres.

* Texto integrante de "Parteiras Caiçaras: relatos e retratos sobre parto e nascimento, em Cananeia, SP" - Capítulo Outras Vozes, organizado por Bianca C. Magdalena, publicado em dez. de 2011, c/ apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura, do Governo de São Paulo.

Foto de Silmara Guerreiro, dinda e comadre, em meu trabalho de parto, em ago. de 2009.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Liberdade a Ágnes Geréb!

Neste fim de semana soube do caso judicial de Ágnes Geréb, parteira acusada na Hungria há dois anos de prisão, e outros 10 sem exercer o ofício da partería, além do pagamento dos custos da sentença, por conta de quatro processos. Vejam no link um pouco desta história de injustiça, por Réka Morvay, psicóloga, doula, educadora perinatal e estudante de Obstetrícia - http://www.budapest-moms.com/2012/02/hungarian-midwife-agnes-gereb-receives-2-years-in-prison/

Uma petição circula pela web, participem - http://www.freeagnesgereb.com/petition/ e escrevam p/ protestar para o Consulado - consulate.brz@kum.hu e consul02@hungria.org.br

Neste outro site, mais informações e espaço p/ doações - www.freegereb.org

No Facebook uma campanha também está no ar: Free Ágneshttp://www.picbadges.com/free-gereb-agnes/2492171/?utm_campaign=viral&utm_medium=short-url&utm_source=facebook&login=1#

No vídeo abaixo conheçam um pouco mais sobre o assunto:

 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Multimídia Parto no Brasil - "Temos Direito": O bom parto na TV

Blog Parto no Brasil compartilha hoje quatro das melhores peças audiovisuais já produzidas sobre os direitos das mulheres e seus bebês no parto e nascimento. 

São vídeos da série publicitária "Temos Direito", produzida pela organização argentina Dando a Luz, em parceria com a portuguesa Humpar. As peças são curtas, para serem transmitidas em veículos de massa, e contaram com a participação de artistas famosos da argentina.  

Um belo projeto de comunicação em saúde! Não percam e compartilhem!

Parir acompanhada

Parir sem pressa

Esperar somente 3-4 minutos

Em posição de escolher

[Use o Keepvid para baixar os vídeos]

Assistam outros vídeos na página Dando a Luz.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Blog do Dia em Minha Mãe que Disse

O Blog Parto no Brasil é destaque de hoje na coluna Blog do Dia do site Minha Mãe que Disse - acesse aqui!


O portal abrange uma série de outros sítios virtuais escritos por outras mães, que incluem a maternidade como carro chefe, em Minha Mãe Conhece a Sua!

Bora lá conhecer e compartilhar suas experiências maternas!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Texto inédito: Os Benefícios Comparativos de um Parto Ativo, por Janet Balaskas


O Blog no Brasil compartilha nesta segunda-feira, c/ grande satisfação, um texto inédito, de 2001, traduzido por Talia Gevaerd de Souza, da educadora perinatal inglesa, Janet Balaskas, sobre os benefícios de uma gestante ter um parto ativo.

Janet também é autora do livro "Parto Ativo: guia prático para o parto natural" - disponível em nossa Loja Virtual, além de coordenar o Active Birth Centre, e estará no Brasil novamente, em abril, p/ palestras, imersões e encontros, nos Estados do Rio de Janeiro e Paraná! Confiram no site Parto Ativo Brasil a agenda e as inscrições.



Apreciem, ainda, a entrevista que fiz c/ ela, em 2011, no 1o. módulo em Parto Ativo, em Curitiba/PR, e a publicação autorizada do Manifesto pelo Parto Ativo!



Os Benefícios Comparativos de um Parto Ativo

Janet Balaskas 

Posições Verticais - Cócoras, de pé, de joelhos

* Atuação eficiente da gravidade
O peso da cabeça e do corpo do bebê fazem pressão por igual e vinda de cima sobre o colo do útero, o que resulta em uma dilatação mais rápida.

* O útero pende para frente durante as contrações
Quando a mãe inclina o tronco para frente, isto pode acontecer sem resistência. As contrações então são mais eficientes, e com menos dor.

*Não há pressão sobre as artérias e veias
Inclinar o tronco para frente permite melhor fluxo de sangue para o bebê e a placenta, e melhor oxigenação. Portanto, há menos risco de sofrimento fetal.

*O sacro está móvel
O canal pélvico pode se alargar e se ajustar ao formato da cabeça do bebê.

*As articulações da pélvis podem se expandir
Menos pressão nas articulações diminui a dor (principalmente das costas). Mais espaço, já que aumentam as proporções pélvicas internas.

Segundo estágio – o parto

* Pélvis na vertical
O ângulo de descida do bebê é o mais fácil – para baixo e para fora.
O útero pode aplicar o máximo de sua força, tornando o esforço para parir mais eficiente, e diminuindo o tempo do segundo estágio.

*O períneo expande uniformemente
Diminui o risco de lacerações.

*O bebê no nascimento está em ótimas condições quando o parto é ativo
Menor necessidade de anestesia, analgesia e intervenções, o que reduz o risco de efeitos colaterais. A mulher se sente orgulhosa, com poder e satisfeita.

Mantendo-se em posição vertical para o terceiro estágio  - a saída da placenta

*A gravidade ajuda na separação e expulsão da placenta e na retração do útero, reduzindo a necessidade de sintometrina (no Brasil, é usado atualmente apenas a ocitocina pura)

*Os fluidos são drenados eficientemente do útero, reduzindo o risco de infecção.

*Fica fácil posicionar bem o bebê para a primeira mamada. Sugar o peito estimula o útero a contrair e reduz a perda de sangue.

Posições Reclinadas - Semi-reclinada, supina

*Oposição à gravidade
Menos pressão do peso do bebê sobre o colo do útero. Pressão desigual no colo uterino leva `a dilatação mais lenta e maior propensão a um ‘lábio anterior’ (pedacinho do colo uterino que ainda falta dilatar)

*O útero trabalha contra a gravidade
Estas posições se opõem à gravidade, e a resistência resultante torna as contrações menos eficientes e mais dolorosas.

*O peso do útero comprime as artérias e veias
Pode comprometer o fluxo sanguíneo para o útero, aumentando o risco de sofrimento fetal.

*O sacro está imóvel
Com o peso da mãe sobre o sacro, a passagem pélvica fica mais estreita.

*Pélvis menos móvel
Maior pressão sobre os nervos aumenta a percepção da dor. Menos espaço para o bebê, já que diminuem as proporções internas da pélvis.

Segundo estágio – o parto

Pélvis na horizontal

*O ângulo de descida do bebê é mais difícil – para cima
A força feita para parir se mostra menos eficiente, prolongando o segundo estágio.

*O períneo não pode expandir uniformemente
A cabeça do bebê faz pressão direta sobre o períneo, e o risco de laceração aumenta.

*O bebê no nascimento pode estar comprometido caso o parto seja passivo
Maior necessidade de analgesia, anestesia e intervenções, com possíveis efeitos colaterais.

Deitar-se após o parto

*Separação e expulsão da placenta menos eficientes. Retração mais lenta do útero pode criar a necessidade de sintometrina (no Brasil, atualmente se usa ocitocina pura) para prevenir perda de sangue excessiva.

*Os fluidos tendem a represarem no útero, aumentando o risco de infecção.

*Fica mais difícil posicionar bem o bebê para amamentá-lo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Agenda Parto no Brasil

Em nosso 1o. dia de fevereiro temos uma agenda especial, c/ eventos, cursos, palestras e encontros incríveis! Confiram, e bora anotar!







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