quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Na terra dos pés vermelhos....

Depois de um longo período de afastamento deste espaço que tanto amo, volto a escrever-lhes daqui da minha terrinha, Londrina, Paraná.
E gostaria de problematizar com vocês a delicada e complexa relação médico-paciente, especialmente na assistência pré-natal, obstétrica e puerperal.
Ontem, Iara e eu voamos de Congonhas a Londrina.
Lá no embarque, uma moça chamava a atenção porque exibia seu bebê pequeno num lindo sling pocket. A Iara ficou doida e logo quis ir lá ver o bebê dentro do sling. Minha primeira pergunta tratou logo de saber de quem era o sling. Era do GAMA (www.maternidadeativa.com.br), São Paulo.
Embarcamos no mesmo voo. Sentamos perto. Eu não me aguentei** e fui logo perguntando se ela tinha contratado doula do GAMA.
A conversa foi muito especial porque muito incomum. Juntas, duas desconhecidas falavam de seus partos naturais.
Ela disse que não contratou doula porque a GO escolhida "fazia a doulagem". Achei muito interessante quando ela disse que a médica foi acompanhar o TP na casa dela, porque isso eu nunca tinha ouvido falar: chegou no início do TP, ficou 4h, saiu por mais 4h, voltou tardão da noite. Dormiu na casa do casal. De manhã, houve uma queda na evolucação do TP e a médica saiu de novo, esteve fora por mais 3h. Voltou e ficou até o final.
Agora, hoje, depois de quase dois anos de bem parida, penso que o mais legal de tudo o que o GO "fez por mim", ou melhor, "deixou que Iara-na-barriga-Pata-doula-e-eu fizéssemos" foi deixar bem claro durante vários momentos a seguinte explicação: "Normalmente, eu faria tal coisa, mas vocês querem algo diferente, especial, então, vamos agir assim".
Sabe porque isso foi legal? Porque foi real. Porque ele não é o meu médico. Ele não é meu nada. Ele está sendo contratado para prestar um serviço, e só, mais nada. Acho que se a gente assume uma posição desta, fica muito mais fácil partir em busca de um profissional que atenda aos nossos desejos de parto.
Agora, como podemos planejar esta nossa experiência se, durante o pré-natal, os médicos evitam o assunto do dia P?
** E o que é isso que está acontecendo comigo quando encontro uma barriguda e não quero falar de parto? Ando me reservando para papear somente com adeptos da humanização. Mas não tá certo, tá? Como a gente se protege das "pregações" que são, em última instância, cesaristas?
A imagem é a pintura Hope , do austríaco Gustav Klimt (1862–1918). Seus temas falam das energias primitivas da sexualidade, do amor e da morte.

Um comentário:

  1. Adorei o post, rs. Pois é... depois de passar pela cesárea de Ícaro, meu 1o filho, onde tinha 22 anos e apesar de procurar informações durante a gestação desconhecia o Movimento de humanização do parto e nascimento, assim, fui deitada, tive meu TP induzido c/ o "sorinho" (ocitocina sintética), muitos toques vaginais (TV), tricotomia (raspagem dos pêlos pubianos) e, depois de 12 horas de bolsa rota fui p/ a cesárea... motivo: distócia.
    Na gestação de Rudá, onde LUTEI p/ parir em casa, em paz, no aconchego, acompanhada de pessoas q confio e amo tdo foi diferente! Mas, p/ tdo isso acontecer fui a fundo durante os nove meses... leituras, listas de discussão virtual, como a Parto Nosso, comunidades no Orkut e um novo mundo SIM, se mostrou possível... gestação de baixo risco e parto domiciliar pós cesárea - PD VBAC.
    Fui a três ginecologistas obstetras (GO) diferentes, até parir c/ uma enfermeira obstetra (EO)/parteira q viajou 600 Km p/ nos atender!
    O médico/a p/ mim é como um outro profissional de tantas áreas do saber q existem, ele não é o dono da razão, o sabe-tudo... ele/a estudou p/ isso. Suas ideologias/posturas valem muito mais p/ mim do q suas técnicas de rotina.
    Por isso, acredito q médico/a e parturiente tem q JUNT@S cuidar da gestação, c/ informação, debate e escolhas respeitosas.
    Qto discutir sobre saúde materno-infantil c/ o outro lado é difícil, mas extremamente necessário, c/ bons argumentos vamos q vamos!
    Confio em nosso paradigma! Divulgá-lo é nossa tarefa! E assim, seguimos na luta diário entre fraldas e tetas!

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