Não Sei..
Não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo. É o que dá sentido à vida!
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, pura, enquanto durar...
Cora Coralina
Conto hoje uma linda história, de uma pequena garotinha chamada Cora, que pode vivenciar o nascimento de outra pequenina, a Luna, em sua casa, em um grande e delicioso susto!
No dia 07 de janeiro Flávia entrou em trabalho de parto. Contando com a presença de sua doula Gisele, mãe de Cora, recebeu a cria junto de seu companheiro Leandro sem conseguir há tempo ir para o Hostital Santa Martha, em Niterói, local programado para o parto. De doula, Gisele passou a aprendiz de parteira, pegando em seus braços este novo serzinho que por aqui aterriza!
Luz de Luna!
Cora desenhou este mágico momento com uma sensibilidade de tirar o fôlego. Muitos suspiros!
Dois sóis, muitos corações, espirais energéticas, a mãe com o ventre todo decorado, ao lado da filhota, junto de um terceiro elemento, em um ninho de muito, muito amor!
Pura ocitocina no ar!
Abaixo o desenho da pequena que desde cedo experimenta o sagrado feminino e o relato de Gisele, compartilhado por email após o parto!
"Querid@s, agradeço a ajuda de todos durante o trabalho de parto da Flávia. Ela desejava um parto domiciliar, mas não tinha condições finaceiras para tal e optou pelo parto hospitalar, com o acompanhamento do Rodrigo Vianna (em Niterói, local que o plano cobria o parto) e eu como doula. Como Flávia mora no Rio e não tem carro, quis vir aqui pra casa há dois dias, quando começou a sair o tampão, para aguardar o TP. Assim foi e ela veio na quarta. A fase latente (fase inicial do TP) começou ontem e era dia de consulta com o Rodrigo. Lá ele disse que tava muito no início e para ela ficar tranquila e que provavelmente ainda demoraria. Por volta das 22h o humor mudou e ela começou a ter umas contraçõeszinhas mais chatas, mas sempre falante. Por volta de meia noite ela estava com sangramento no momento das contrações e aí veio a dúvida. Para mim, ela estava em início de trabalho de parto. Tinha contrações de cinco em cinco minutos e com intervalo às vezes maior. E só duravam 30 segundos. Não passou disso. E aí quis perguntar a alguns conhecidos mais experientes se era normal sangrar assim na fase latente. Ela se queixava que era forte e que sentia vontade de empurrar. Mas, dizia também que não sabia se era vontade de fazer cocô. Como os TPs que acompanhei a fase ativa era bem "punk", para mim ela estava realmente no início e nem dei muita "trela". Ficava junto, mas levantava, fazia coisas e ela reclamando um pouco, mas dando conta das contrações, sentada na poltrona da sala. Ficou assim o TP todo. Só levantava pra ir ao banheiro achando que ia fazer cocô. Como ela estava insegura com o sangramento (que era pouco) e combinei de esperarmos amanhecer para irmos para maternidade. Ela topou. Só que às 3 e meia (mais ou menos), ela foi ao banheiro e sangrou bastante e eu só tinha visto assim em fase de expulsivo. Liguei pro Rodrigo, expliquei e disse que as contrações eram curtas e irregulares. Ele disse que podia ser normal, mas que era melhor avaliar e combinamos de ir ao hospital. Quando desliguei ela estava acocorada no chuveiro empurrando e dizendo que queria ir pro vaso e que tava sentindo a cabeça da neném. Olhei pra vulva e vi aquela bola preta se apresentando! Gelei! Disse pra não empurrar e pro marido tirar ela do vaso. Colocamos ele sentando no vaso e ela sentada em cima dele, bem aberta, bem entregue. Corri e busquei uma luva estéril, que resolvi comprar quando rolou uma discussão na lista de doulas sobre "a bolsa da doula" e Ana Cris (parteira) postou que achava importante porque já tinha usado 12 vezes em sua carreira de doula (12 partos emergenciais). E me coloquei de cócoras, a esperar pela Luna, aprontando uma "caminha" no chão. Tive receio de uma intercorrência após o nascimeto. Foi o único medo que senti, pois do jeito que aquela bebê estava vindo, percebi que não teríamos problemas no parto. E eu disse: não faz força, Flavinha. Não vamos ajudar (brincando um pouco e um pouco nervosa). Se ela tiver que vir em casa, vai vir sozinha! E assim foi. Flávia se abriu na contração sem fazer nada e começou a sair a cabeça. Ela se queixou e perguntei se tava ardendo, ela respondeu que sim e eu disse que já ia passar, que era o "círculo de fogo". Ela se tranquilizou, abriu mais as pernas e saiu a cabeça, daquele jeito clássico, "olhando pro lado", igual nos filmes (risos) e com muito líquido (até então não notamos a ruptura da bolsa). E ficou lá, assim, por alguns minutos. E Flávia, tranquila, começou a acariciar a cabeça e falar com a nenén. E quando notou que ela se mexia (dentro do corpo dela), sorriu e eu disse pra aguardar a próxima contração que ela sairia. E quando veio, Flávia gemeu e eu disse pra vocalizar, não forçar. Ela vocalizou e a bebê nasceu todinha, fazendo o giro perfeito dos ombros e vindo toda nas minhas mãos. Entreguei ao casal, ela logo chorou forte, muito vigorosa e reativa. Nem lembramos de ver a hora! Depois fizemos as contas e achamos que foi às 4h10 da manhã. Foi muito lindo! Liguei pro Rodrigo que me ensinou o que fazer quanto a amarração do cordão e fizemos com fio dental. Cortamos depois de um tempo e a placenta demorou mais de uma hora e meia para sair. Isso preocupou a Flavinha e combinamos de ir ao hospital encontrar com o Rodrigo por conta disso e por conta da Declaração de Nascido Vivo (DNV). Lembrei da oração de Santa Margarida para a placenta e fizemos. Logo depois a placenta saiu! A felicidade foi completa! Agora estamos tod@s felizes! Luna mama muito, já fez muiiiito cocô e dorme bem. Grande abraço e muitos agradecimentos (ocitocinados) pelas boas energias de tod@s. Com Amor."
Gisele Muniz
TP - Cora atuando em sua 1a. massagem para o parto.
Conheça o blog Mar de Mães de Gisele, também educadora perinatal - http://giselemuniz.blogspot.com/2011/01/luna-chegou.html#comments.
Gratidão por compartilhar outras possibilidades de parir e nascer, com carinho e respeito! Depoimentos como estes impulsionam ainda mais nossos sonhos!
* Fotos Acervo Pessoal de Gisele Muniz.
Por Ana Muniz, via Facebook -
ResponderExcluirMisteriosa
Iluminou nossa noite
Já chegou negando açoite
Sem precisar nada dizer
Trouxe de herança
Coragem e ousadia
de Leandro e Flavinha
Luna, cheia de magia
Escolheu onde nascer...
É um milagre
Só possível de entender
Na singeleza do amor
Que faz a vida acontecer, camará!
Iê, salve a Luna!
Um dos relatos mais lindos que eu já li!!! E fui cair na besteira de ler este lindo texto em meu trabalho... resultado: choro compulsivamente sem que as pessoas entendam o que está acontecendo.
ResponderExcluirEsse texto relata e delata o elitismo do parto domiciliar. Penso que este tema também precisa ser bastante discutido dentro do movimento do Parto Humanizado, visto que a humanização, seja ela no parto ou em qualquer outro momento, não deve ser para poucos.
Sorte da Flávia, do Leandro e da Luna que sem querer (querendo) conseguiram realizar seus desejos.
Paz para a Gisele e para a Cora que presenciaram esse momento ímpar.
E viva Santa Margarida!!!
"De doula, Gisele passou a aprendiz de parteira, pegando em seus braços este novo serzinho que por aqui aterriza!"
ResponderExcluirQue lindo! Espero poder fazer isso um dia também! Foi tudo tao tranquilo, tao natural, sem o MEDO e a pressao, que sao os parceiros constantes das mulheres no hospital. Inspirador!
De arrepiar o relato, Gi! Fiquei muitíssimo feliz por vc e , principalmente, pela Flávia. A última vez que a vi, numa mágica palestra da parteira equatoriana em Paraty, sabia que ela tava indo muito entregue para essa experiência. E quanta satisfação saber que ela teve o parto que merecia! Muito amor pra vcs que participaram dessa experiência tãio linda! E axé, sempre! Adriana Batalha
ResponderExcluirFiquei emocionada também, mas de forma bem ruim ao assistir o parto de minha sobrinha pelo vídeo, ela nasceu no dia 31/12/10, de cesária. Fiquei perplexa ao ver como os médicos tratavam o bebezinho que acabou de vir ao mundo como um produto de série, não dando nenhum tempo para ele e já o enchendo de procedimentos que poderiam esperar ou até que nem precisariam nunca serem feitos, como colocar um colírio nos olhos dela que serve para evitar conjutivite gonorróica, imaginem só, e ela nasceu de cesária... Quer dizer, totalmente dispensável. Tudo durou uns 15 minutos, da entrada da mãe na sala de operação ao nascimento, e, como a mãe não passou por nenhum tipo de TP,nem orientação melhor, o leite dela empedrou e ela sofreu 3 dias até conseguir finalmente amamentar. Meu irmão e a mulher são novos e foi o primeiro parto deles, o médico disse que era melhor não esperar já que as 40 semanas já estavam completas e nem sinal dela querer nascer, mas mesmo assim achei que eles deviam ter esperado... Chorei assistindo ao parto que meu irmão gravou e ele deve ter pensado que era por ver o bebê, que é mesmo linda, mas foi de indignação com aquele parto nenhum pouco humanizado. Isso tinha mesmo que ser totalmente substituido por partos como este, afinal é um momento realmente único. É uma tristeza ver como uma coisa tão natural da vida e especial, vira um produto a ser vendido nos hospitais. Bom, é isso, achei que tinha que desabafar aqui.
ResponderExcluirParabéns por tudo e vida longa à Luna! Que momentos como esse se multipliquem sempre.
Beijos,
Auira
Pois é meninas. São dois caminhos, duas escolhas, e, antes delas tda boa e coerente informação faz tda a diferença!
ResponderExcluirGostei muita da citação de q temos o parto q merecemos, não no sentido de q se tivemos uma cesárea bem feito, mas no sentido de q naquele momento era isso q foi possível. Tive uma cesárea, q acredito ter sido s/ o motivo alegado e um PD, c/ um TP de 32 hs. Eu mereci ter minha cria em meus braços, no aconchego de minha casa, c/ quem amo e confio, mas corri atrás tanto desse parto, desejei c/ meu útero, coração, entranhas... e, ele mudou minha vida! E de partos assim, como o de Rudá, e tb de Iara, filha de minha amiga linda e parceira Ana Carolina nasceu este espaço q tanto amamos e nos dedicamos! E compartilhar lindas histórias como a de Luna e Cora é um gde prazer!
Beijo em todas!