
"Novas tecnologias transformam rotineiramente nossos modos de comunicar. A liberdade de expressão que nos é permitida fazer trafegar na web desponta como uma resposta eficaz para uma mudança sensível nos padrões culturais de desejo e prática das parturientes brasileiras com acesso à internet. Em redes sociais e blogs, há troca de informações científicas, dados empíricos, experiências pessoais, expressões de medo e desejo. Contextualizados, estes dados podem produzir certo tipo de conhecimento capaz de interferir na relação médico-paciente, estruturalmente assimétrica e hierárquica, ao ampliar a busca pela compreensão e transparência do ato técnico na atenção à saúde. Para problematizar como as informações sobre parto e nascimento que circulam na internet podem corresponder de modo eficiente à proposta de empoderamento comunitário, discutiremos os resultados de duas pesquisas sobre o tema da saúde e informação em redes virtuais (""Parto no Brasil: Promoção da Saúde, Prevenção Quaternária e Empoderamento"" e ""Transformar é preciso: transformações na relação de poder estabelecida entre médico e paciente (um estudo em comunidades virtuais)”). Este é um tema que cabe especialmente bem quando refletimos sobre a obstetrícia brasileira, que há quatro décadas ostenta um contínuo aumento de suas taxas de cesarianas; ou então que mantém, em suas práticas na atenção ao parto vaginal, procedimentos considerados obsoletos, como a episiotomia de rotina e o uso indiscriminado de ocitocina sintética. Fato é que muitos outros aspectos de nossa vida também padecem com a super-medicalização: crianças com transtornos de comportamento; mulheres em período reprodutivo; idosos... e todos podemos nos beneficiar com esta “tomada de consciência” que só é possível a partir da experiência vivida. Em última instância, a análise evidencia narrativas de empoderamento feminino que confirmam a importância estratégica da escolha informada para o respeito às individualidades e o favorecimento das boas práticas na atenção ao parto vaginal."



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