terça-feira, 9 de agosto de 2011

Feminização do Parto


Estelita e Evandro, pesquisadores do Netccon/UFRJ

Sessões Científicas


Sessão debate o espaço social da gestante e o parto

Informe ENSP, publicada em 01/08/2011
por Vinicius Damazio
Para debater o tema Feminização do parto e saúde psicopolítica, a partir de seu estudo de arqueologia da presença dos conceitos nos corpos, a pesquisadora do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Netccon/UFRJ), Estelita Oliveira de Amorim Ouriques, relacionou a natureza, os gêneros feminino e masculino e a cultura pós-moderna. Estelita proferiu a sessão científica promovida pelo Grupo Direitos Humanos e Saúde da ENSP na quinta-feira (28/7).
Segundo a pesquisadora, que também é yogaterapeuta, o pensamento e a cultura ocidentais pós-modernos são patriarcais, sustentados por valores predominantemente masculinos, em que o gênero feminino é desprezado e renegado a segundo plano, e isso afeta o processo da gestação e do parto.
"É preciso que se faça a transição da humanização para a feminização do parto, porque a própria humanização na sociedade é ligada ao gênero masculino e seus costumes - um deles de recusa dos princípios femininos - e isso causa uma desnaturalização da mulher, proveniente do controle sobre o parto. A mulher, protagonista do ato, é considerada mero instrumento, o que é uma violência."
De acordo com Estelita, há uma relação muito forte entre a natureza e o gênero feminino, enquanto a cultura é diretamente associada ao gênero masculino. O desprezo pelos princípios femininos vigente na sociedade se dá através do que Boaventura de Sousa Santos chama de epistemicídio: ou seja, a mortandade de outras formas de saber e a imposição de um padrão, atitude típica do dualismo.
"O que causa a diferenciação é a falta de legitimidade e reconhecimento de outras formas de pensar e agir, que caracteriza a excessiva masculinização da sociedade; o uso da força, da violência, e a competição são valorizados, e despreza-se o que é diferente disso. A natureza, associada ao gênero feminino por ser provedora da vida tal qual a mulher, é desprezada, por não trazer lucro, em uma sociedade em que o capital é valorizado demasiadamente."
A saúde psicopolítica da mulher gestante, para Estelita, só será fixada quando ela tiver o direito ao autogoverno, que nada mais é do que o controle do próprio espaço sem interferências que causem estranhamento e desnaturalização do processo natural do parto.
"O autogoverno implica a emancipação das interferências impróprias da cultura no processo natural da gestação e do parto, o que é uma experiência de generosidade. Parir é o encontro agudo da cultura com a natureza, e, de forma muito intensa, isso se dá no corpo feminino. É preciso que a mulher tenha o controle do processo para não ser descaracterizada."
Fontes: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=26742 http://www.wix.com/evouriques/evandrobio http://www.wix.com/evouriques/netccon

Um comentário:

  1. Eba!
    Post de Ana Carolina sempre é bão d+!!!
    Adorei a perspectiva da autora!

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