Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade para a injustiça destes atos. Porque eles acontecem exclusivamente em nossos corpos, de mulheres. Fique à vontade com mais este convite para abrir-se ao novo.
O blog Parto no Brasil e o blog Mamíferas te convidam a repensar algumas concepções: aquilo que parece ser "parto" "normal" aqui no Brasil (cesárea eletiva, episiotomia, ocitocina, fórceps) não é igual para todas as mulheres; nem aqui no país, nem no mundo todo.
Sabe aquele corte na vagina no momento em que o bebê está nascendo? Não é necessário, quase nunca. Muitas mulheres parem bem, obrigada, sem ele. Mas tem que deixá-la acocorar-se, e também, pode ser que tenha que deitar-se no chão para pegar o bebê em um expulsivo super-partolândia.
Sabe aquela cesárea eletiva, marcada e realizada antes do início do trabalho de parto, com total indicação, apoio e recomendação por parte do médico obstetra? Ela acontece muito minoritariamente em países que adotam um modelo de assistência centrado no bem-estar físico e emocional das mulheres. O que, entre outros, requer a valorização do trabalho de Enfermeiras Obstetras e Obstetrizes, Parteiras, métodos não-farmacológicos de alívio da dor, e várias outras recomendações internacionais e nacionais.
A cesárea eletiva é um direito das mulheres quando sentem que não estão preparadas para o parto vaginal - agora, NINGUÉM está preparada, NUNCA, para o parto normal atual da maioria do SUS...
Sabe a imposição de parir deitada? É o maior absurdo do mundo, desculpe se desorganizo seu status quo..... É uma posição imprópria ao empoderamento feminino, convenhamos, em qualquer situação... E neste caso só beneficia quem está pegando o bebê, não quem está sentindo no corpo seu nascimento.
Tudo sem consentimento esclarecido. É!!! Ou vai dizer que o modelo padrão te ensinou tudo tudo sobre as 3 fases do parto? Fez você (e o acompanhante, quando foi o caso) tocar e sentir sua pelve, púbis.. e rebolar, assim como fez Janet Balaskas em São Paulo?
Você tem o direito de sair do parto do seu filho ou filha ILESA, corporalmente íntegra, sem nenhum ponto, e feliz!
Episiotomia é mutilação, quase sempre. Quando didática, dela se diz: "O primeiro ponto de um estudante de medicina é na vagina de uma mulher pobre do SUS". Faz trinta anos que há evidências científicas contra seu uso rotineiro, não é mito.
É preciso muita técnica para garantir isso tudo, admitimos. Então queremos ter a paz de poder escolher parir com parteiras, com segurança, qualidade e referência.
Mas infelizmente o ambiente hospitalar não têm nos garantido a prevenção da insuficiência respiratória, das aspirações de mecônio e internações em UTIs neonatais, das episios em 100% das primíparas, e ocitocina, fórceps e cesáreas indesejadas.... Para não falar da permissividade social para com toda essa violência....
Desqualificar este debate é aceitar a submissão? O objetivo é que venham propostas alternativas, e não apenas reclamações.
O blog Parto no Brasil faz o convite para ouvir, baixar e divulgar a peça dos Radialistas - Apaisonadas e Apaisonados , que está logo abaixo, neste post.
Na Venezuela, violência obstétrica compreende os seguintes atos cometidos por profissionais da saúde:
1 - Não atender oportuna e eficazmente as emergências obstétricas;
2 - Obrigar a mulher a parir em posição supina e com as pernas levantadas, existindo os meios necessários para a realização do parto vertical;
3 - Impedir o contato pele-a-pele precoce do bebê com sua mãe, sem causa médica justificada, negando-lhe a possibilidade de segurá-lo ou amamentá-lo imediatamente ao nascer;
4 - Alterar o processo natural do parto de baixo risco, mediante o uso de técnicas de aceleração, sem obter o consentimento voluntário, expresso e esclarecido da mulher;
5 - Practicar o parto por via de cesárea, existindo condições para o parto natural, sem obter o consentimento voluntário, expresso e esclarecido da mulher;
Em tais casos, o tribunal imputará ao responsável uma multa de 250 UTs a 500 UTs (Unidades Tributárias), devendo emitir cópia certificada da sentença condenatória definitiva ao respectivo conselho profissional ou associação sindical, para fins de procedimento disciplinar.
VIOLENCIA OBSTÉTRICA - CLIQUE PARA OUVIR
Tradução do site para o português, para acompanhar o áudio (e entender melhor o espanhol, se for o caso):
EFEITO AMBIENTE HOSPITAL, QUEIXAS DE PARTO
MÉDICO Deixe de queixar-se e suba à cama. Rápido, suba e levante as pernas que já está parindo.
MULHER Escute, doutor. Eu o que quero é dar a luz de pé. Eu me preparei para isso, se o disse.
MÉDICO Olhe, minha filha. Essas modas são para as clínicas privadas. Mas aqui… quem manda sou eu.
MULHER Mas, doutor…(QUEIXAS DE DORES)
MÉDICO Que se ponha na cama, lhe digo.
EFEITO (QUEIXAS, PRANTO, GRITO RECÉM NASCIDO)
CONTROL CORTINA MUSICAL
MULHER Pois sim, senhor juiz. Venho denunciar este médico pela violência obstétrica.
JUIZ Violência obstétrica?
MULHER Isso mesmo que eu disse, meritíssimo: violência obstétrica.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTORA As mulheres venezulanas celebraram o 25 de novembro de 2006, Dia Internacional da Não Violência às mulheres, com bombos e pratinhos.
LOCUTOR Esse dia, quatro mil mulheres esperavam, desde muto cedo, a sessão especial da Assembleia Nacional da República Bolivariana da Venezuela.
MULHERES SLOGANS E CANTOS
LOCUTOR No Parlamento discutia-se a Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres à uma Vida Livre de Violência.
EFEITO CAMPAINHA
RELATOR A Magna Assembleia procede à votação…
EFEITO MURMÚRIOS
VOZES Aprovado, aprovado, aprovado…
CONTROL MÚSICA TENSIONANTE
RELATOR Aprovada… por unanimidade!
CONTROL APLAUSOS E CONSIGNAS DAS MULHERES
MULHER (TESTEMUNHO) Para nós foi um triunfo histórico. Custou muita briga contra muitos homens, inclusive revolucionários, que temiam perder seu poder. Nos chamaram loucas, lixos, insatisfeitas, nos ameaçaram. Mas ganhamos, ganhou a Venezuela.
HOMEM Como homens, estamos muito contentes. Nenhuma revolução pode concretizar-se se a metade da população sofre maus tratos.
CONTROL JOROPO MODERNO
LOCUTOR A Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres a uma Vida Livre de Violência na Venezuela é inovadora. Não há outra igual na América Latina nem no mundo.
LOCUTORA Esta lei tipifica 19 formas de violência contra a mulher. Uma delas, a mais surpreendente, é a violência obstétrica.
CONTROL GOLPE MUSICAL
MULHER 1 É violência quando a parturienta não é atendida oportuna e adequadamente.
MULHER 2 É violência quando é obrigada a parir deitada e com as pernas levantadas.
MULHER 1 É violência quando se lhe nega a possibilidade de ver sua crianza recém nascida.
MULHER 2 É violência quando se obriga à mulher a praticar-se uma cesárea sem necessidade.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR A lei também penaliza a esterilização forçada, o tráfico e trata de mulheres, meninas e adolescentes, a violação sexual, a prostitução, a escravidão e o assédio sexual.
LOCUTORA Legisla sobre violência trabalhista, patrimonial e econômica, mediática, institucional e simbólica. Todas estas novidades se somam às mais conhecidas como a violência física, psicológica e doméstica.
CONTROL JOROPO MODERNO
MULHER 1 Ouça, vale. Que tuas mãos só se levantem para acariciar-me.
MULHER 2 Uma pátria sem violência para ti, para mim, para nossas filhas. Assim te quero, Venezuela.
#FimDaViolenciaContraMulher.
Participe da campanha!
Mais informações também em: http://blogueirasfeministas.com/2011/11/chamada-blogagem-coletiva-fim-violencia-contra-mulher/
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