sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Direitos, escolhas esclarecidas e violência no parto

Violência Obstétrica é...
"Discussão que, claro, enveredou pela seara parto normal x cesárea. E procedimentos. E o tratamento que a mulherada recebe na hora de parir. Coisa mais que séria no Brasil – porque, sim, nossos direitos são violados o tempo todo." 
Por Lucia Freitas - http://www.luluzinhacamp.com/a-violencia-obstetrica-em-pauta/

Blog Parto no Brasil convida a repensar em mais esta ocasião sobre a assistência que temos direito, aquela que desejamos. Pelo fim da violência contra as mulheres na maternidade. 
Porque violência obstétrica é violência contra a mulher.

Fotografia da manifestação de feministas em frente ao Hospital Clínico Universitario de Caracas, contra a violência obstétrica a que foi submetida nesta instituição, Yelimar Barreto, grávida de gêmeos, alto risco, que perdeu os dois bebês por assistência inoportuna/inadequada/insegura. 18 de maio de 2009, Caracas, Venezuela. 
Foto de Maria Centeno, Picasa, alguns direitos reservados.


Temos no Brasil um modelo de assistência ao parto que é importado dos EUA, mas adaptado à nossa realidade. Assim, por aqui, há menos direitos reprodutivos sendo cumpridos, e conseqüentemente, menos escolhas das mulheres.
Lá, a taxas de cesáreas não são tão altas; todas as mulheres podem ter analgesia de parto – e podem ter só um pouquinho e andar e sentir toda a experiência, sem sentir tanta dor; ou podem pedir mais analgesia e sentir praticamente nenhuma dor; podem inclusive sentirem-se despreparadas emocionalmente para a experiência do parto e pedir uma cesárea; podem escolher um modelo com menos intervenção ativa, fora do ambiente hospitalar; podem chamar quem quiser para acompanhar a experiência. A família!!!
No Brasil, hoje, temos doze casas de parto. Não temos escolha. Falar que mulher brasileira escolhe cesárea é a maior falácia da história atual da obstetrícia. Ofereça a todas as mulheres saudáveis alguma dignidade, apoio emocional e um pouco de alívio para a dor no parto vaginal: uma companhia familiar, uma doula, uma ducha e uma massagem. Ofereça analgesia, sempre que for esclarecidamente solicitada. Integridade física e bem-estar. Ofereça cuidado especializado com permanência do mesmo profissional, na gravidez parto e pós-parto. Verifique os indicadores de saúde materno-infantil.
Certamente não estariam configurados de tal maneira: uma em cada quatro mulheres reclamando de maus-tratos, 52% de cesáreas. Ocitocina, Amniotomia, Episiotomia, kristeller e fórceps. Bem-vinda vida nova que nada. Aspiração neonatal, com sonda nasogástrica, picada na perna e queimação nos olhos. A teta só depois do HIV-rápido. E aquele que fez pré-natal então?
Estaria o corpo das mulheres brasileiras dotados de uma presepada naturalmente médica?
Ou seria um engodo culturalmente patológico, que no entanto, não afeta países como o Japão, a Holanda, a Inglaterra, e outras nações de endinheirados, escolarizados e brancos?
Essa história de ser mãe, tem aí não sem esse tal de ‘padecer no paraíso’?
Salve todas as generalizações de exceções, por gentileza.
Salve o meu corpo de mulher brasileira grávida.
Salve o meu corpo de mulher preta, pobre, grávida.

Fonte: http://bihotzbihotzez.wordpress.com/2011/09/28/rosas-contra-la-violencia-obstetrica/


Este texto foi produzido  como parte das reflexões sobre o campo da saúde das mães que seriam comunicadas em entrevista para o Programa Modos de Vida - Comportamento e Cultura, da jornalista Patrícia Zanin, na Rádio UEL FM. 
A entrevista você confere na nossa página Mídia ou direto no site da Rádio.

3 comentários:

  1. Esta é minha coleguinha, Ana Carol! Bandeira no alto, companheira! Beijos procê e pra Iaritcha!

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  2. Gostei muito da matéria sobre parto normal. Tenho 34 anos e dois filhos que nasceram desse modo. Sou de Vitória ES e estou morando em Campos dos Goytacazes RJ. Para garantir o parto normal de minha filha tive que viajar para Vitória pois a médica quando já estava com 8 meses me disse que provavelmente minha filha nasceria com algum plantonista pois ela não podia se dar ao luxo de me atender. Recorri ao médico com o qual eu mesma nasci em Vitória e por isso consegui ter minha filha. Estou grávida de novo, sou católica e por isso não utilizo medicamentos para evitar gravidez. Imagino que terei ainda vários filhos e se tiver cesárea (e sem necessidade) sei que terei maior risco nas próximas vezes que engravidar. Quero ter direito a ter quantos filhos quiser através do parto normal, direito a escolher isso e a viver minha fé. Tenho medo de na hora do parto o médico fazer a cesárea forçada. Gostaria de saber se tenho algum direito legal em relação a isso. Se a minha saúde e do bebê permitirem, se tenho direito ao parto normal a fim de evitar problemas e complicações nos futuros partos. Pois não vou evitar filhos e se for necessário fazer 10 cesáreas e arriscar minha vida assim farei (com a graça de Deus). Entretanto, gostaria de garantir o direito ao parto normal a fim de poder ter saúde e qualidade de vida para cuidar de meus filhos.

    Existe alguma lei que garanta meu direito a não sofrer esse tipo de intervenção cirúrgica sem necessidade ?

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  3. Olá, desconheço alguma Lei q garanta o direito a um parto normal. Assim, buscar uma assistência que priorize a autonomia e escolhas da mulher é essencial, e muitas vezes não encontramos isso no SUS, ou nos convênios de saúde. Procure em sua cidade grupos de apoio ao parto, p/ trocar informações com Educadoras Perinatais, Doulas, gestantes e mães, p/ ver as possibilidades disponíveis na cidade em q vc está.
    Att. Bianca Lanu.

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