sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Participação das mulheres deve ser garantida no novo Sistema Nacional de Parto e Morte Materna

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Saiu no Estadão:

Governo institui cadastro para prevenir mortalidade materna
Objetivo é garantir a melhoria da atenção à saúde materna nas gestações de risco
28 de dezembro de 2011 | 13h 24

Uma medida provisória publicada no Diário Oficial da União institui o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera para Prevenção da Mortalidade Materna. O objetivo é garantir a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade da atenção à saúde materna, principalmente, nas gestações de risco.

O sistema é constituído pelo cadastramento das gestantes e das mulheres que tiveram parto recente, de forma a permitir a identificação daquelas em situação de risco, a avaliação e o acompanhamento da atenção à saúde recebida por elas durante o pré-natal, parto e logo após o parto.

O cadastro também deverá conter informações sobre as mortes de gestantes e puérperas com dados sobre a investigação das causas do óbito e medidas a serem tomadas para evitar novas ocorrências. O cadastro deve ser informatizado, abastecido por estados e municípios e gerenciado pelo Ministério da Saúde.

A medida provisória prevê ainda o pagamento de benefício, no valor de até R$ 50, para as mulheres cadastradas no sistema. O intuito é custear as despesas de deslocamento aos serviços de saúde para acompanhamento do pré-natal e assistência ao parto prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Caixa Econômica Federal será o banco responsável pelo repasse do benefício.

O sistema, instituído pela Medida Provisória 557, integra a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, coordenada e executada pelo SUS, e será gerido pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios.

As Feministas alertam para os perigos estratégicos que tal ferramenta pode significar - anunciam um atentado aos nossos direitos sexuais e direitos reprodutivos. E convenhamos que o dia 29 de dezembro, em via de Medida Provisória, é de lascar. 
Será que, com o pretenso objetivo de vigiar as gestantes de risco, não estão mesmo querendo vigiar as mulheres que fazem aborto em casos de gravidez indesejada? E porque estão fazendo isso por Medida Provisória? É uma ação no mínimo estranha essa! 
Em outra matéria questionam: “Já existem comitês de mortalidade materna em todo o país. Toda morte materna tem que ser registrada. Para quê criar esse cadastro?”.

E no Portal da Saúde do SUS, a explicação sobre como funcionará o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera para Prevenção da Mortalidade Materna:
No novo sistema, serão cadastradas todas as gestantes e puérperas para o adequado e rigoroso acompanhamento e avaliação da assistência prestada às mulheres durante o pré-natal, parto e puerpério. 
O sistema é coordenado pelo Ministério da Saúde e executado em parceria com os estados e municípios, responsáveis pelo fornecimento e a atualização dos dados. 
Para apoiar as ações de acompanhamento das gestantes será instituído o Comitê Gestor Nacional, que será composto por representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS); dos conselhos nacionais de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e de Secretários Municipais de Saúde (Conasems); do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), além de representantes da sociedade civil. 
Este comitê vai avaliar e sugerir políticas, programas e ações de acompanhamento do pré-natal e de assistência ao parto e puerpério.

Alguns outros veículos comunicaram o fato, e no UOL Economia, de novo, há informação de que:
Todas as unidades de saúde, públicas e privadas, do Brasil deverão registrar as gestantes que internarem para operações de parto. Cada instituição precisará criar uma comissão de cadastro, vigilância e acompanhamentos das gestantes, que funcionará junto ao sistema que será disponibilizado no site do Ministério da Saúde. 

 Bebê nascido em Bali
The Power of a Gentle Birth

Diante de todo o exposto, e de nossa surpresa diante dos fatos, observamos a necessidade de defender a garantia de participação do controle social nas esferas decisórias destes espaços! Nós, mulheres, podemos participar, temos direito! - e temos muito trabalho a fazer, nos Conselhos Municipais, nos Comitês de Morte Materna, e agora também neste novo espaço político de planejamento, monitoração e avaliação das ações de Saúde Materna.

Seria bom pensarmos em grupos de trabalho para 2012? Encontros virtuais estratégicos para reuniões presenciais nos municípios? Compartilhe suas experiências de trabalho!

- E viva Dr. Ivo, do Sofia Feldman (Belo Horizonte-MG), com sua frase: "Isso não é trabalho, é tão bom que eu tô sempre de férias." 

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eita, post digno de jornalista porreta!
    E, não é trabalho, é amor!

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  3. Ana Carolina, eu tinha lido por alto sobre esse Sistema e tinha ficado com a pulga atrás da orelha. E agora lendo com calma e atenção esse texto, confesso que fiquei com medo.
    Sou super a favor de um Estado atuante, participativo, eficaz, forte, mas totalmente contra ações que possam ser de controle das pessoas e não das políticas sociais, como aparentemente pode ser usado esse Sistema. E fico mais assustada ainda quando não vejo abertura para participação das mulheres e suas entidades representativas, ainda mais quando essa abertura é dada a órgãos no qual não confio nem um pouco, como CONASS, CONASEMS, CFM... Precisamos mesmo nos mobilizar com urgência e nos fazer representar.

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  4. Pois é Dani. Ainda tô tentando entender o caso. Tá incrível.

    Penso que as instâncias municipais sejam mesmo o espaço onde podemos participar e discutir nossas ideias de modo mais produtivo. Temos nossa participação garantida por lei, basta ter disposição para conquistar sua garantia!

    Em Londrina, PR, por exemplo, perguntei sobre o Comitê de Mortalidade Materna da cidade para as pessoas que trabalham na Secretaria das Mulheres ou nos Conselhos de Saúde e da Mulher. Quase ninguém sabia me responder. E são mulheres engajadas, "politicamente ativas", estavam nas Conferências de Políticas para as Mulheres. A única que conseguiu me dar uma informação, foi: é um comitê bloco-do-eu-sozinho - coordenado e executado por apenas um médico, dono de hospital privado. E aí? Isso também não pode ser assim. É lei. Norma Técnica do MS.

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  5. Confesso que não faço idéia sobre tal comite aqui em Campinas. Ano que vem vou tentar me informar, mas aqui, na atual conjuntura política da cidade, está tudo complicado...

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  6. Mas para além disso, não tem como uma inserção de um órgão representativo no Sistema?

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  7. Não entendi tua pergunta, Dani. Mas é isso aí. Assim como aí, aqui também vereadores aumentaram seus salários em trocentos%, e a Secretaria de Saúde daqui foi manchete policial o ano todo, rs, eu nem consegui acompanhar nada. No momento só tenho vontade e disposição de conhecer esta realidade, mas sabendo que é um milagre a cada mil lágrimas.

    Chamei umas turma do grupo de mães para pensarmos juntas... 2012...

    É um bom momento afinal para este trabalho que a gente quer construir.

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