segunda-feira, 28 de maio de 2012

Adoecer e morrer para dar à luz


Hoje, 28 de maio, é Dia Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres, e Dia Nacional pela Redução das Mortes Maternas.

Todo o país está marcando a data, com eventos que tratam desta questão: direitos humanos fundamentais das mulheres de receber assistência obstétrica de qualidade e em momento oportuno. Confira no mapa.

Não podemos aceitar que nenhuma mulher morra por falta de ou demora no atendimento à gestação, parto e pós-parto. 
Melhorar a qualidade da assistência, que é praticamente universal, é o principal desafio.

Enquanto a imprensa oficial do governo anuncia a redução em 21% das mortes maternas em 2011, em comparação com o mesmo período de 2010 - e justifica a melhoria em decorrência de ações do Programa Federal Rede Cegonha, e também pela implementação do Cadastro Nacional de Gestantes (sim!!! a MP 557 e o não-diálogo com a sociedade estão vigentes!!!) - convidamos você leitora, a conhecer o artigo de Simone Diniz, publicado em 2009, sobre o porquê melhoramos as condições de saúde geral dos brasileiros, em detrimento da saúde das gestantes brasileiras. Confira abaixo o resumo, e acesse aqui o artigo original (Gênero, Saúde Materna e o Paradoxo Perinatal).
Nos últimos 20 anos, houve uma melhoria de praticamente todos os indicadores da saúde materna no Brasil, assim como grande ampliação do acesso aos serviços de saúde. Paradoxalmente, não há qualquer evidência de melhoria na mortalidade materna. Este texto tem como objetivo trazer elementos para a compreensão deste paradoxo, através do exame dos modelos típicos de assistência ao parto, no SUS e no setor privado. Analisaremos as propostas de mudança para uma assistência mais baseada em evidências sobre a segurança destes modelos, sua relação com os direitos das mulheres, e com os conflitos de interesse e resistências à mudança dos modelos. 
Confiram também a excelente reportagem de Eliane Brum e Cristiane Segatto, de 2008, Elas morreram de parto. Acesse aqui - são 5 páginas imperdíveis!

Arquivo Pessoal
Elas morreram de parto. Muitas outras mulheres não morrem, mas chegam a ficar em estado mórbido. 

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que ocorram até 20 casos de morbidade materna por cada morte materna registrada. Então, tomando como exemplo a cidade de Londrina-PR, que registrou 5 mortes maternas em 2011, podemos supor que outras 100 londrinenses tenham tido severa complicação de saúde. A Pesquisa Nascer no Brasil poderá também dimensionar a quantidade de mulheres que adoecem, e em que medida padecem, as brasileiras que têm filhos.

O Conselho Nacional de Saúde reunirá diversas vozes do movimento de mulheres, e do governo, nos dias 28 e 29 de maio, em Brasília-DF, para o debate conforme a seguinte programação. Está excelente!

Evento promovido pela Prefeitura de Londrina-PR, por meio da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres. Este ano, o IV Encontro A Saúde da Mulher no Ciclo da Vida abordará a qualidade da assistência ao parto, com destaque para a Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento.

E, por fim, linkamos o relatório da ONU, publicado em 16 de maio de 2012, em inglês, que estima a redução global das mortes maternas, mas alerta para o fato de que 800 mães morrem diariamente em todo o mundo.


Você conhece alguma mulher que ficou seriamente doente logo após o nascimento de um bebê - e até 42 dias depois? 
Que precisou ser hospitalizada, receber transfusão sanguínea, ou cuidados intensivos (UTI)?
Quais foram os problemas identificados? Como foi a assistência ao parto que ela teve?

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