Publicado no Diário de Araxá.
A partir da próxima segunda-feira (12), médicos da rede de obstetrícia da Santa Casa estarão realizando os pré-natais nas Unidades Básicas de Saúde (Unis) e as gestantes receberão informações sobre direitos quanto aos procedimentos do Sistema Único de Saúde.
As reclamações de cobrança indevida de serviços que são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
são antigas e frequentes em Araxá. Várias pessoas denunciam médicos da Santa Casa de Misericórdia de omitirem informações e pressionarem gestantes a realizarem cesariana por R$ 1,5 mil. O secretário municipal de Saúde e gestor da Santa Casa, Antônio Marcos Belo, afirma que existem situações em que médicos que trabalham na rede municipal de saúde antecipam o parto para cobrar por um serviço que poderia ser realizado gratuitamente pelo SUS.
A cesárea é uma cirurgia de grande porte e maior risco. Sendo assim, somente deveria ser realizada no intuito de salvar a vida da mãe e/ou do bebê ou de evitar risco de dano à integridade da unidade mãe-bebê. Os índices de cesárea no país e no mundo vêm crescendo, na maioria das vezes por razões de conveniência do médico ou da mulher. Em alguns casos especiais, a cesárea é de fato necessária, mas não da forma que vem acontecendo atualmente no Brasil, onde cerca de 80% a 90% das grávidas têm sido submetidas a cesárea sem necessidade
De acordo com Belo, o médico “força a barra”, pressiona a gestante para realizar a cesariana e assim pode cobrar pelo serviço, o chamado pacotinho. “Já tive conhecimento de pelo menos três casos de cobrança de um serviço que poderia ser oferecido pelo SUS. Muitas vezes, a gestante fica confusa porque o médico que realiza o pré-natal encaminha ela com 37 semanas de gestação para realizar a cesariana e a equipe de obstetra da Santa Casa avalia e diz que tudo está tudo normalmente, que dá para esperar as 42 semanas para realizar o parto normal. Com medo de uma complicação, a gestante acaba realizando a cesariana e paga o médico pelo serviço.”
Segundo Belo, essa cobrança indevida há vários anos é uma realidade da medicina nacional. “Não é um esquema, é uma realidade da nossa medicina. O médico não obriga ninguém a pagar pelo serviço, a pessoa paga se quiser. As gestantes devem ficar atentas e não pagarem por um serviço que é oferecido pelo SUS. Mas para evitar uma eventual pressão, a Secretaria de Saúde já está tomando medidas necessárias para solucionar esse problema. Os médicos que estão forçando uma antecipação do parto para realizarem uma cesárea nós vamos tirar da rede a partir de segunda-feira (12)”, destaca o secretário.
Mudanças
Ele afirma que o SUS está estruturado na Santa Casa para atender da melhor forma possível. “Também definimos com a equipe de obstetras da Santa para realizarem o pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde (Unis) e acompanharem as gestantes até o momento do parto. Com isso, teremos um acompanhamento total e vamos acabar com esse problema de antecipação de parto para cobrança de um serviço que poderia ser realizado pelo SUS. Hoje, a Santa Casa tem dono, o nosso objetivo é atender da melhor forma possível e aos poucos estamos buscando solucionar os problemas”, esclarece o secretário.
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