In memorian de Rafael "Marx"
Dedicado à Hélder de Oliveira
Como vocês poderão perceber, esta semana o Blog Parto no Brasil falará sobre outros temas, além de parto e nascimento.
Ainda no âmbito das lutas e minorias seguimos pelo ativismo!
Hoje, 14 de março, é o Dia Internacional de Luta contra as Barragens. Nós, do Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, sofremos há 2o anos com essa ameaça, por parte do Grupo Votorantin e da siderúrgica Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do empresário Antônio Ermírio de Morais, que visa à construção de uma Usina Hidrelétrica, que necessita barrar nosso livre Ribeira de Iguape, apenas única e exclusivamente para gerar energia para a extração de alumínio que é exportado de nosso País. A ganância do Homem terá algumas consequências para o Meio Ambiente, mas, também, para muitas comunidades ribeirinhas, quilombolas, caiçaras e indígenas, que habitam as margens deste único rio não barrado em solos paulistas.
Divulgamos abaixo uma carta do Movimento dos Ameaçados por Barragens (MOAB):
MOAB – MOVIMENTO DOS AMEAÇADOS POR BARRAGENS
FÓRUM EM DEFESA DA REFORMA AGRÁRIA NO VALE DO RIBEIRA
TERRA SIM! BARRAGEM NÃO!
As propostas de implantação de barragens no rio Ribeira de Iguape, tornaram-se válvulas de escape para esconder e mascarar a falta de empenho político na concretização de ações reais para a melhoria de vida do povo do Vale do Ribeira. Os projetos das 4 barragens (Tijuco Alto, Funil, Itaóca e Batatal) tornaram-se bandeiras defendidas e juradas por muitos politiqueiros, na contramão de não assumir o compromisso e o dever que cabe a cada vereador, a cada prefeito e a cada deputado, que é o zelo e a defesa do bem estar da população.
Muitos estudos e casos mal sucedidos provam os enormes impactos negativos na área social e ambiental advindas da construção de barragens. Os exemplos estão claros, visíveis e reais em todas as regiões do país. Não podemos esquecer do rompimento de várias barragens em épocas de chuvas.
Lembramos também que a função exclusiva da Barragem de Tijuco Alto é a de geração e fornecimento de energia para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) Grupo Votorantim (da família Antonio Ermírio de Moraes), não servindo para acender uma lâmpada que seja na nossa região. Hoje, está prevista mais uma barragem para o Vale do Ribeira paulista e outras três no trecho paranaense, sendo que nenhuma projetada para atender aos interesses da população. Aliás, para atender o interesse da população, bastava melhorar a rede de distribuição, já que o Brasil é um dos países que mais perde energia neste processo.
Para a população do Vale, a construção dessas barragens trará apenas prejuízos:
- Alagamento de cerca de 11 mil hectares de terras nos municípios de Adrianópolis, Cerro Azul, Ribeira, Itapirapuã Paulista, Iporanga e Eldorado, incluindo cavernas de Iporanga e diversas comunidades do Vale do Ribeira;
- Aumento da contaminação por chumbo em toda água do Ribeira abaixo de Tijuco Alto;
- Desemprego de milhares de famílias que vivem da pesca na região estuarina de Iguape-Cananéia-Paranaguá;
- Alteração do regime hídrico do rio com influência sobre a fauna marinha e navegação;
- Sobrecarga no serviço público de saúde, decorrente do êxodo de população de outras regiões.
POR ESTAS RAZÕES EXIGIMOS:
- Fim do projeto de Tijuco Alto!
- Nenhuma barragem no Rio Ribeira de Iguape!
- Fim de promessas eleitoreiras e de mentiras!
- Políticas públicas que valorizem a cultura de todo o povo do Vale do Ribeira, suas águas e a Mata Atlântica!
- Que seja considerado, valorizado e respeitado o conhecimento das comunidades do Vale do Ribeira!
Vocês poderão ler, ainda, um texto do biólogo e educador André M. Ribeiro Chaves, vulgo Araca, e da bióloga e doutora em Ecologia Humana Mayra Jankowsky - Uma história do povo e das águas, publicado na etnografia Reza a Lenda, de minha autoria, pela Ed. Idealiza, em 2008.
Assistam, também, o vídeo Em Defesa do Rio Ribeira de Iguape, que editamos em 2007:
* Os companheiros acima citados sofreram um acidente na BR 116 - Rod. Régis Bittencurt, indo p/ um ato feminista no fim de semana, em São Paulo/SP. Rafael "Marx" faleceu, com pouco mais de 20 anos, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Regional de Itapeva; o geógrafo e educador Hélder de Oliveira está internado, na UTI, a ele nossas preces, fé, coragem e força!
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