sexta-feira, 12 de abril de 2013

Restrições à Lei do Acompanhante na Revista Crescer

Pesquisa denuncia restrições impostas por maternidades brasileiras aos acompanhantes das grávidas

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Crédito/foto: Shutterstock 

Em estudo da USP, homens relataram dificuldades para ficar ao lado de suas companheiras antes, durante e depois do parto. Obstáculos (inconstitucionais) são determinados pelo SUS e também por planos de saúde


Elisa Feres


Depois de nove longos meses de espera, a mulher de Gabriel finalmente entrou em trabalho de parto – deixando os dois igualmente animados e ansiosos. Eles arrumaram as malas e correram para o hospital. Quando chegaram ali, porém, ele recebeu uma notícia desanimadora: o plano de saúde não permitia sua presença durante o procedimento. Para que Gabriel pudesse ver o filho nascer, teria que pagar uma taxa extra. 

A história foi registrada pela jornalista Ana Carolina Franzon, responsável por uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo sobre a perspectiva dos homens em relação à assistência obstétrica no país. Unindo diversas declarações como esta, o trabalho retratou as dificuldades que os pais enfrentam ao tentar ficar ao lado de suas companheiras nas maternidades brasileiras. 

Ao todo, foram entrevistados 23 homens de diferentes regiões do país, incluindo associados de planos de saúde e usuários da rede pública e da rede particular, que responderam a questionários sobre o tratamento que receberam dos hospitais antes, durante e depois do parto de suas parceiras. O resultado não foi nada animador: todos os usuários de planos de saúde e da rede pública disseram ter sofrido restrições em pelo menos um desses três momentos. Entre os usuários da rede particular, não houve reclamações. 

“É importante mostrarmos que é o mais frágil, sem dinheiro para pagar atendimentos particulares, sempre acaba prejudicado em situações como essa”, disse a pesquisadora em entrevista a CRESCER. “Os hospitais usam diversos argumentos para tentar se defender, mas a verdade é que a taxa de cumprimento da lei é muito baixa nesse quesito”, completou. 

A partir de uma lei criada em 1999, São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a garantir o direito da mulher grávida de ter um acompanhante (não necessariamente o marido, mas qualquer pessoa de sua escolha) antes, durante e depois do parto. Esse cenário se estendeu nacionalmente em 2005, quando uma lei federal garantiu o mesmo direito às mulheres de todo o país. 

Na prática, no entanto, não é bem assim que acontece. Gabriel, o pai citado anteriormente, por exemplo, foi proibido de dormir no quarto de sua companheira após o parto – mesmo sabendo que ali havia duas camas vagas. 

“O acompanhante deve ser mais valorizado. Ele é a estratégia mais eficiente para garantir a segurança da paciente. Sozinha, a mulher fica mais vulnerável a erros médicos e até mesmo a abusos, maus tratos e violência verbal”, afirmou Ana.

E na sala de parto?

Mas será que a presença do homem na sala de parto é tão benéfica assim para a mulher? De acordo com Eduardo Zlotnik, obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), o acompanhante é, sim, importante para a gestante – mas ele não precisa ser necessariamente o pai da criança. 

“Teoricamente, quanto menos pessoas houver em uma sala de cirurgia, melhor. Mas, quando se trata do parto, nós entendemos que é diferente, é um momento feliz em que poucas mulheres querem ficar sozinhas. A maioria das minhas pacientes, pelo menos 90%, escolhe ter o companheiro do lado. Isso é uma tendência dos homens também, cada vez mais eles mostram o desejo de participar. Mas não existe regra; quando o pai da criança não pode ou não quer estar ali, a mulher tem a opção de chamar qualquer outra pessoa que a deixe tranquila”, disse. 

Para ajudar os futuros acompanhantes, preparamos um “guia de etiqueta” com dicas sobre como se comportar dentro da sala de parto. Confira: 

- Permaneça no ambiente apenas se sua condição emocional permitir. Lembre-se de que a paciente deve ficar o mais tranquila possível e, se você estiver à beira de um ataque, pode não ser a melhor companhia para ela 

- O ambiente hospitalar possui uma série de regras que visam garantir a segurança do paciente. Ouça as instruções dos médicos e enfermeiros atentamente para saber em quais materiais é permitido ou não mexer, dentro da sala 

- Se você tem muito medo de sangue, mas faz questão de estar presente, permaneça próximo à cabeça da paciente durante o parto, evitando olhar diretamente para o procedimento 

- Se os médicos perceberem em você alguma alteração, como palidez e suor excessivo, podem te pedir para sair da sala, se acalmar e voltar depois. Não se esqueça de que eles têm experiência no assunto e siga as orientações 

- Por se tratar de uma situação de muita emoção, é normal que você fique nervoso e apreensivo. Mas lembre-se da principal regra: esse pode ser um dos momentos mais felizes de sua vida, então, aproveite ao máximo!



Um comentário:

  1. isso é uma das coisas que me preocupam quando penso em ser mãe e aconteça algo q eu n possa ter um parto em casa. tomara q ate lá as coisas ja estejam melhores. saio falando para todos q eu conheço, q isso é lei q eleas devem exigir seus direitos. vejo q as pessoas ja estão reclamando mais, e espero q em breve isso n seja mais aceitável.

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