segunda-feira, 9 de maio de 2011

Blog Parto no Brasil entrevista Rebeca Celes - Março de 2011

Postamos hoje a entrevista c/ a querida Rebeca, doula mineira que realiza um trabalho como doula voluntária em um hospital público.
Esta conversa faz parte das ações da série-mineirinha, postada por Ana Carolina, sobre o cenário da humanização do parto e nascimento em Minas Gerais. Ainda teremos a entrevista c/ Kalu Brum, doula, fotógrafa e uma das editoras do Mamíferas, blog que virou site e conquistou a blogesfera materna e mamífera! Aguardem!!!
(re)Leiam Minas, eu quero vocês! - aqui.
PARTO NO BRASIL Rebeca, como funciona o trabalho da doula comunitária? Quais as diferenças entre uma doula comunitária e outra não comunitária, que realiza atendimentos particulares?
REBECA R: A doula comunitária conhece sua doulanda no momento do atendimento, ou seja, durante a internação. Ela não ajuda a mulher a buscar a assistência ideal para seu desejo de parto, ela ajuda a superar as dificuldades físicas, emocionais e até institucionais no processo. A doula particular forma um vínculo anterior ao trabalho de parto e pode preparar mais a mulher para o momento de ter seu filho.
PARTO NO BRASIL Pessoalmente, o que esta experiência significa na sua trajetória?
REBECA R: Eu considero o atendimento voluntário uma oportunidade de aprendizado riquíssimo, pois se podem ter contato com diferentes culturas, realidades, expectativas. Em um único plantão chego a atender cinco mulheres, o mesmo que em um mês de atendimento particular. Muitas vivências, muitas histórias!
Acredito que atender uma mulher em um hospital público permite levar a ela uma experiência de parto mais positiva, e isso fortalece seu exercício da maternidade. Essa experiência ela compartilha com sua comunidade, disseminando a possibilidade de um parto normal prazeroso e respeitoso - em contraste a uma cultura de parto sofrido. As crianças nascidas desse parto mais bem recebidas, mais amamentadas, enfim, é um ciclo muito bacana.
PARTO NO BRASIL Como você avalia essa rede de mulheres em busca de um parto respeitoso no Brasil? Como exemplo, podemos citar casos conhecidos de parteiras e doulas “transportadas” para atender partos naturais, como aconteceu com Gisele Bündchen, que imigrou a parteira Maíra Calvette de Florianópolis/SC para os EUA; a doula e ativista Pata Merlin, que migrou você de BH para Maringá/PR; e a co-editora deste blog, Bianca, que também fez sua parteira Kátia Zenny, da Roda Bebedubem, viajar 600 km até Cananéia/SP. Podemos dizer que estas experiências são uma re-interpretação das grandes redes de circulação de mulheres e seus saberes?
REBECA R: As mulheres buscam suas equipes por afinidade, mas muito por falta de opção local! Senti-me privilegiada em acompanhar nascimentos em outras cidades, claro, mas eu gostaria, na verdade, que em todos os locais de assistência ao parto houvesse uma doula, uma enfermeira obstetra, médicos, estrutura para o parto respeitoso. O ideal seria que em cada cidade tivesse um centro de parto ou maternidade com atendimento em equipe, baseado em evidências, que considere as peculiaridades da mulher e sua família. Dessa forma manteríamos vivos os saberes ancestrais e a cultura de trazer um filho ao mundo como evento íntimo e fisiológico.
PARTO NO BRASIL Você sente que vive em uma região privilegiada, em termos de assistência à saúde de mães e bebês?
REBECA R: Eu sou de Belo Horizonte onde há todas as opções possíveis para um nascimento respeitoso: enfermeiras obstetras que atendem partos domiciliares, centro de parto normal com atendimento pelo SUS, médicos particulares que atendem o plano de parto da mulher, pediatras que fazem a recepção ao recém nascido sem intervenções de rotina.
Pelo convênio ainda não temos muitas opções e o SUS é o mais avançado, contando com a possibilidade de parto de cócoras, com ou sem analgesia. Uma nova maternidade será inaugurada na cidade com cinco suítes de parto na água, também pelo SUS.
No momento moro e atuo em Divinópolis onde alguns poucos, mas valiosos enfermeiros obstetras, médicos obstetras e pediatras já fazem a diferença no atendimento à mãe e bebê.

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