Mostrando postagens com marcador mídia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mídia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta aberta a Alexandre Garcia - uma carta contra o preconceito

"Em resposta a uma ética da exclusão,

estamos todos desafiados a praticar

uma ética da solidariedade"

Betinho

Prezado Alexandre Garcia,

Sou Toni Reis, professor, especialista em sexualidade humana, mestre em filosofia na área de ética e sexualidade, e doutorando na área de educação sexual. Trabalho com HIV/aids desde 1985. Defendo a liberdade, a igualdade e o respeito à diversidade humana. Defendo também a livre expressão da imprensa, desde que não incite preconceito, discriminação e violência.
Você é um dos jornalistas mais renomados do Brasil na área política, reconhecido e premiado nacional e internacionalmente. Você é um grande formador de opinião e com certeza já está na história do jornalismo brasileiro.
Contudo, chegou até mim a sua fala na CBN no dia 7 de maio, aqui transcrita:

"... o Ministério da Saúde está estimulando agora a pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o MS vá fazer uma 'cesária' pela terceira vez em uma mulher com HIV e respingar sangue nele (MS) para ver o que vai acontecer. É uma maluquice, estão fazendo brincadeira com a saúde..."

Sinto-me obrigado a escrever esta carta como consequencia de suas declarações. Nas palavras da minha falecida mãe, quando eu errava, ela falava para mim "você está jogando água fora da bacia". No meu entendimento, como pessoa que está trabalhando com a questão do HIV/aids desde 1985, quero dizer que você jogou água fora da bacia e respingou a água suja do preconceito em muita gente. Quero dizer que atitudes como esta reforçam o preconceito e o estigma contra as pessoas que vivem com HIV/aids.
Relembro o Art. 2º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que diz "a divulgação de informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública." Com esta frase você fez um desserviço à profissão de jornalista e, pior, expressou uma visão anticientífica e infundada, que incentiva condutas discriminatórias e leva informações errôneas à população em geral, além de ser machista em culpar a mulher e negar-lhe os direitos sexuais e reprodutivos. Infelizmente, não é a primeira vez que você faz esta mesma afirmação.
É preciso se basear em informações atualizadas. Foi implantado em Curitiba há 11 anos (em 1999) o pioneiro Programa Mãe Curitibana, de prevenção à transmissão vertical do HIV (da mãe HIV positiva para o bebê), de modo que caiu para em torno de 1% esta forma de transmissão. E este programa é referência e foi replicado no país inteiro. Assim, com acesso à atenção médica e medicação durante a gravidez e o parto e no período pós-parto, as mulheres HIV positivas podem engravidar e ter filhos HIV negativos. A aids é uma doença crônica que hoje tem tratamento e é um direito das mulheres HIV positivas que assim querem ter filhos. O direito à maternidade deve ser para todas as mulheres, inclusive as mulheres HIV positivas.
Para seu conhecimento, existem normas de biossegurança em todo o Sistema Único de Saúde. Todo profissional de saúde sabe que deve segui-las e utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) com todos os usuários, de forma indiferenciada. Caso haja um acidente, há tratamento emergencial.
No início dos anos 1980, o preconceito quando a aids surgiu era tanto que foi chamada de "câncer gay" Eu como gay na época me senti o próprio sinônimo da doença. Para vencer minha ignorância, fui me informar, estudar e percebi que eu estava sendo iludido por uma mídia despreparada e preconceituosa. Felizmente, parte da mídia já mudou.
O Ministério da Saúde, através do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, vem cumprindo - sim - seu dever constitucional, e tem sido referência mundial na assistência e na prevenção do HIV/Aids, por ter uma política baseada nos direitos humanos, na dignidade humana e no respeito aos direitos sexuais e reprodutivos.
Sua fala não foi de bom tom. Sério, Alexandre Garcia, profissional que admiro. Sugiro a você buscar informações corretas sobre o assunto.Estamos à disposição. Quero dizer que hoje no Brasil temos em torno de 700 organizações não governamentais que trabalham com o HIV/aids e os direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/aids. Queremos contar com você como aliado para defender os direitos humanos, inclusive os direitos sexuais e reprodutivos, de todas as pessoas, em especial as mulheres que vivem com HIV/aids.
As pessoas vivendo com HIV/aids, assim como todo mundo, merecem respeito, dignidade e carinho. Por um mundo sem violência, sem discriminação e sem preconceito.
Nas palavras do Betinho, "a aids não é mortal, mortais somos todos nós. A aids terá cura, e o remédio hoje é a solidariedade."
Alexandre Garcia, convido você a ser solidário às pessoas que vivem com HIV/aids.

Curitiba, 08 de maio de 2010
Toni Reis - Presidente da ABGLT

Ativistas repudiam declarações do jornalista Alexandre Garcia na rádio CBN sobre gravidez em mulheres com HIV

08/05/2010 - 15h

O jornalista Alexandre Garcia, do Bom Dia Brasil na TV Globo, disse que é "uma maluquice" uma pessoa com HIV engravidar. A declaração foi ao ar nesta última sexta, 7 de maio, na rádio CBN. Ativistas de luta contra a aids repudiam o comentário e dizem que é "inconcebível" uma afirmação como essa depois de 25 anos de história da epidemia.

"O Ministério da Saúde (MS) está estimulando agora pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o MS vá fazer uma cesária pela terceira vez numa mulher com HIV e se respingar sangue nele para ver o que vai acontecer. É uma maluquice, estão fazendo brincandeira com a saúde...", disse Garcia.

Os militantes do movimento de luta contra a aids protestam contra a declaração do comentarista. "É inconcebível observar como se aborda questões do HIV/aids de forma preconceituosa, sem qualquer rigor científico, o que só favorece o aumento da discriminação às pessoas vivendo com HIV/aids", critica Betinho, membro do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo. Os ativistas discordam da declaração porque os atuais métodos de tratamento existentes contra o HIV podem garantir até 99% de chances de não transmissão do vírus para o bebê. "Você fez um desserviço à profissão de jornalista e, pior, expressou uma visão anticientífica e infundada, que incentiva condutas discriminatórias e leva informações errôneas à população em geral", diz o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, em carta aberta. As declarações de Garcia foram ao ar na CBN quando o jornalista criticou também o programa de parto humanizado do Ministério da Saúde. Nesta última semana, o governo divulgou que estuda desenvolver um plano para ajudar soropositivos a ter filhos e o fato ganhou grande destaque na mídia. Mas, esta não é a primeira vez que o comentarista diz ser contra a gravidez em mulheres portadoras do HIV. Em 2008, opinou na TV Globo que "quem antes de uma gravidez se identificar como portadora do HIV, melhor que não engravide".

Fonte: Agência de Notícias da Aids

Nota de esclarecimento do Ministério da Saúde

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

08/05/2010

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em relação à edição desta sexta-feira (7 de maio) do Boletim "Mais Brasília", com Alexandre Garcia, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde contesta e esclarece as seguintes informações:
1. A infecção pelo HIV não restringe os direitos sexuais nem os direitos reprodutivos dos cidadãos. Como o próprio Alexandre Garcia afirmou na sua coluna, "a saúde é direito de todos e dever do Estado". Não permitir que pessoas que tem HIV/aids tenham filhos é tirar delas o direito à cidadania. Negar isso é violar os direitos humanos fundamentais.
2. É a segunda vez que o jornalista discrimina as pessoas que vivem com HIV/aids em suas declarações. Uma lástima e um retrocesso para o jornalismo brasileiro. A primeira vez pressupõe desinformação, a segunda é uma clara demonstração de preconceito. Com o avanço da terapia antirretroviral no Brasil, há comprovado aumento da sobrevida e melhora significativa na qualidade de vida dos soropositivos. O diagnóstico não é mais uma sentença de morte. Pelo contrário, essas pessoas hoje fazem planos, querem casar e constituir família.
3. A afirmação de que o Ministério da Saúde está estimulando pessoas com HIV a engravidarem é equivocada. A decisão de constituir família é pessoal. No caso das pessoas que vivem com HIV, o Ministério da Saúde deve fornecer informações que possibilitem ao profissional de saúde orientar cada pessoa que deseje ter filhos com as informações mais precisas - sempre embasadas na melhor evidência científica disponível. Países como a Itália e a Inglaterra publicaram, recentemente, recomendações semelhantes. Os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) precisam saber sobre os métodos e riscos envolvidos nessa decisão, pois eles possuem esse direito - se assim desejarem - e já o fazem. Não cabe ao governo interferir no desejo da mulher de ter ou não filhos, mas sim permitir que essas mulheres que querem ser mães tenham seus filhos nas condições mais seguras para elas, para seus parceiros e para seus futuros bebês. Isso não é uma novidade. Em 2008, por exemplo, 3 mil mulheres sabidamente soropositivas engravidaram, comprovando essa realidade. O que se percebe na fala do jornalista é um preconceito descabido e uma desinformação que não condiz com o veículo sério do qual ele é porta-voz.
4. Desde meados da década de 1990, seguindo padrões internacionalmente estabelecidos, o Ministério da Saúde dispõe de um conjunto de diretrizes para prevenção da transmissão vertical do HIV. Essas medidas buscam a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos de brasileiros e brasileiras. Estudos nacionais e internacionais comprovam que, quando todas as medidas preventivas são tomadas - uso de medicação antirretroviral durante pré-natal e parto, inibição da lactação e tratamento do bebê por seis semanas - a chance de transmissão do HIV da mãe para o bebê é reduzida para menos de 1%. Ao afirmar que a iniciativa "é uma maluquice", o jornalista demonstra desconhecer os avanços científicos que reduzem a possibilidade de transmissão do HIV para o filho. O comentarista também deveria saber que o simples fato de "respingar sangue" de uma mulher infectada pelo HIV, durante o parto, não é suficiente para que ocorra transmissão do vírus. O controle da infecção em ambientes hospitalares pressupõe rotinas com precauções universais, não só em relação ao HIV, mas também no que se refere a outras doenças. Além disso, vários artigos científicos sobre o assunto foram publicados recentemente, mostrando a correlação entre transmissibilidade do HIV quando a carga viral é indetectável no sangue, no esperma e nos fluidos vaginais. Tais estudos tornam mais claros os riscos, dependendo da situação clínica de cada indivíduo.

5. Reduzir o número de crianças infectadas pela transmissão vertical, como vem acontecendo no Brasil, tem sido um avanço. O Ministério da Saúde conta com o apoio da emissora para dar à população a informação correta, sem preconceitos, de forma inclusiva, permitindo que essas pessoas exerçam a sua cidadania. Uma declaração discriminatória, como feita pela jornalista Alexandre Garcia, traz um enorme prejuízo para as pessoas que vivem com HIV/aids. Atenciosamente,
Mariângela Simão - Diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde

Fonte: Luis Nassif Online

Carta aberta a Alexandre Garcia

Considerações sobre a "bobagem" do Parto Humanizado - Rede Parto do Princípio

Quem está brincando com a saúde?

Caro Sr. Alexandre Garcia, Somos mulheres ativistas da Rede Parto do Princípio, uma rede nacional, com mais de 100 mulheres por todo o Brasil, que luta para que toda mulher possa ter uma maternidade consciente e ativa através de informação adequada e embasada cientificamente sobre gestação, parto e nascimento. É com profundo pesar que recebemos em pleno dia das mães uma fala cheia de preconceitos sobre a maternidade em um veículo de comunicação pública. Diante de sua fala, nota-se o profundo desconhecimento das políticas de controle de infecção hospitalar, como também da legislação que garante a toda mulher o direito à presença de um acompanhante de sua livre escolha no pré-parto, parto e pós-parto imediato. Não é só uma "bobagem" do Ministério da Saúde. É lei (Lei Federal n° 11.108 de 2005). Uma lei que vem sendo sumariamente descumprida por todo o País. Transcrição realizada a partir do áudio disponível em:

http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/mais-brasilia/MAIS-BRASILIA.htm

"[...] eu tô criticando essa bobagem do Ministério da Saúde de parto humanizado... será que vão deixar entrar um pai na sala cirúrgica pra infectar a sala cirúrgica? O pai barbudo, cabeludo, bêbado, sei lá o quê, mas, enfim... hã... vestido com... com poeira da rua numa sala cirúrgica? Isso é um absurdo. Ah, mas é o parto de cócoras... tudo bem, peça para sua mulher fazer um parto de cócoras pra ver o que vai acontecer com o joelhos dela, não é índia, nã... vão... vão acabar... É um sofrimento. Ah, porque as cesárias... eu disse olha... que ele mesmo concorda que o... o serviço público as cesárias só é feita [sic] em último caso... é parto normal normalmente... não precisa ficar anunciando que o hospital do Gama vai ter isso [...]"

Existem normas de controle de infecção hospitalar que devem ser cumpridas por toda a equipe de saúde, pelos pacientes e por seus acompanhantes. Independente se são "cabeludos", "carecas" ou "barbudos". Seguidas essas normas, não há porque restringir o acesso do acompanhante. O direito da mulher não pode ser violado a partir de discriminação, de preconceito. Várias pesquisas comprovaram que a presença do acompanhante no parto proporciona uma série de benefícios como: maior sentimento de confiança, aumento no índice de amamentação, diminuição do tempo de trabalho de parto, menor necessidade de parto cirúrgico, menor necessidade de medicação, menor necessidade de analgesia, menores índices de escores de Apgar abaixo de 7, menor necessidade de parto instrumental, menores taxas de dor, pânico e exaustão, entre vários outros benefícios. Diante desses indícios, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza, desde 1996, a presença de um acompanhante para a parturiente. E isso não é bobagem. São pesquisas científicas. Hoje, existe a possibilidade da mulher escolher a melhor posição para o parto. De posse de evidências científicas, muitos profissionais não mais recomendam uma única posição, mas permitem que a mulher encontre a posição mais confortável para dar à luz. Para a posição de "cócoras", que é como são chamadas algumas posições verticalizadas, existem apoios e banquetas. Há também muitas mulheres que conseguem ficar de cócoras sem comprometer os joelhos, mesmo as não-indígenas.

"[...] O Ministério da Saúde não fez só isso não. O Ministério da Saúde ta estimulando agora pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o Ministério da Saúde vá fazer uma... uma cesária pela terceira vez numa mulher com HIV e respingar sangue nele pra ver o que vai acontecer. É uma... é uma maluquice. Tão fazendo uma brincadeira com a saúde... Tá lá escrito na instituição a saúde é direito de todos e dever do Estado. O Estado não está cumprindo seus deveres com a saúde... e os problemas são de gestão, são administrativos.[...]"

Atualmente, diante de assistência médica adequada, nós mulheres podemos ter uma gestação e um parto mais seguros tanto para nós, quanto para os bebês. Inclusive as mulheres HIV positivas. Existem protocolos, embasados cientificamente, para os atendimentos às soro-positivas que evitam a transmissão vertical do HIV. Todos nós temos direito à reprodução. Existem também protocolos de rotinas que protegem a equipe de saúde para que não tenham contato com sangue ou secreções; e de providências caso haja algum acidente. E isso não é maluquice. É biossegurança. E se o Estado está tomando providências para que o pai mais "barbudo" possa acompanhar sua esposa no nascimento de seu filho, e para que pessoas como eu, como os soro positivos e até como você possam ter fihos e netos em segurança, isso não é "bobagem", isso é dever do Estado. Mas se o senhor ainda tiver críticas à "bobagem" do Parto Humanizado ou aos partos das mulheres soro positivas, por favor, embase suas considerações com argumentos fundamentados cientificamente. Porque disparar informações incorretas em meios de comunicação pública é anti-ético e um descalabro. E é vergonhoso.

Referências Bibliográficas: BRÜGGEMANN, O. M.; PARPINELLI, M. A.; OSIS, M. J. D. Evidências sobre o suporte durante o trabalho de parto/parto: uma revisão da literatura. Cadernos de Saúde Pública, 21 (5): 1316-1327, Rio de Janeiro, 2005. DRAPER, J. Whose welfare in the labour room? A discussion of the increasing trend of fathers’ birth attendance. Midwifery 13, 132-138, 1997. GUNGOR, I.; BEJI, N. K. Effects of Fathers’ Attendance to Labor and Delivery on the Experience of Childbirth in Turkey. Western Journal of Nursing Research, vol 29; March, 2007. KLAUS, M. H.; KLAUS, P. H. Seu Surpreendente Recém-Nascido. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS/GM nº 2.616 de 12 de maio de 1998. Diário Oficial da União, 13 de maio de 1998. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo para prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis. Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília, Ministério da Saúde, 2006. NAKANO, A. M. S.; SILVA, L. A.; BELEZA, A. C. S.; STEFANELLO, J.; GOMES, F. A. O suporte durante o processo de parturição: a visão do acompanhante. Acta Paul Enferm 20(2): 131-7, 2007. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Maternidade Segura, assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra, 1996. STORTI, J. P. L. O papel do acompanhante no trabalho de parto e parto: expectativas e vivências do casal. Dissertação (Mestrado em Enfermagem em Saúde Pública) - Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004. ZHANG, J.; BERNASKO, J. W.; LEYBOVICH, E.; FAHS, M.; HATCH, M. C. Continuous labor support from labor attendant for primiparous woman: A meta-analysis. Obstetrics & Gynecology vol. 88 nº 4 (2), 1996.

Bobagem é falar sem embasamento, não é mesmo Alexandre Garcia

Pois bem, muitos/as de vocês já devem ter lido ou ouvido o jornalista Alexandre Garcia expondo sua opinião sem nenhum embasamento científico de como está a saúde em nosso País e de forma preconceituosa, senão esdrúxula, tratar o parto humanizado como bobagem do Ministério da Saúde, o parto de cócoras como coisa de "índio" e a gestação em soro positivas como maluquice! O que dizer para esse profissional da comunicação? Mas, quem fala o que quer também escuta o que não quer... Abaixo segue transcrição da entrevista entre Garcia e Estevão, realizada dia 07 de maio, na rádio CBN:
Estado não está cumprindo seus deveres com a saúde

Estevão: Alexandre Garcia, bom dia. Alexandre Garcia: Bom dia, Estevão. Estevão: Alexandre, na entrevista que fizemos semana passada com o governador Rogerio Rosso, obviamente, foi destacado durante a conversa esse plano que ele desenhou para a área de saúde... que diz respeito a uma autonomia para os gestores das unidades hospitalares. Só que, criou-se aí um grupo que vai definir o montante que cada unidade de saúde terá, então isso demora né? Quando cria-se esse grupo de trabalho, demora... enquanto isso... o caos impera. Alexandre Garcia: Demora tanto que o Arruda já tinha anunciado isso. Pois é, o Arruda já tinha anunciado isso, por isso que demora. Até hoje não foi feito, hã. E o que... o problema é de gestão mesmo... não é possível que falte esparadrapo em hospital, e não é só em hospital de base não. Tá faltando tudo em toda parte, falta buscopan, falta soro, falta glicose... falta o básico... coisas... faltam sondas para fazer cirurgia, faltam lâminas de... de... de bisturi. Eu tava conversando agora de manhã com o secretário de saúde e ele me disse ah que eu peguei uma bomba que foi acumulada durante oito anos. Eu disse, ó, seu secretário, tem que romper esse círculo vicioso, o problema é gestão mesmo, tem que resolver essa história... aí, ele... ah... porque a conversa começou, eu criticando... eu disse pra ele assim... olha, eu vi aqui um anúncio do... eu tô criticando essa bobagem do Ministério da Saúde de parto humanizado... será que vão deixar entrar um pai na sala cirúrgica pra infectar a sala cirúrgica? O pai barbudo, cabeludo, bêbado, sei lá o quê, mas enfim... hã... vestido com... com poeira da rua numa sala cirúrgica? Isso é um absurdo. Ah, mas é o parto de cócoras... tudo bem, peça para sua mulher fazer um parto de cócoras pra ver o que vai acontecer com o joelhos dela, não é índia, nã... vão... vão acabar... É um sofrimento. Ah, porque as cesárias... eu disse olha... que ele mesmo concorda que o... o serviço público as cesárias só é feita em último caso... é parto normal normalmente... não precisa ficar anunciando que o hospital do Gama vai ter isso. Aliás, o hospital do Gama neste momento tá exportando pacientes pra outros hospitais porque anunciaram que tá maravilhoso mas não deve tá tão maravilhoso assim porque muitos hospitais tão exportando pacientes aqui pro plano... plano piloto... que a coisa não tá funcionando direito, nê? Em parte alguma e falta tudo. Agora eu fico me perguntando como o médico vai trabalhar? O Ministério da Saúde não fez só isso não. O Ministério da Saúde tá estimulando agora pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o Ministério da Saúde vá fazer uma... uma cesária pela terceira vez numa mulher com HIV e respingar sangue nele pra ver o que vai acontecer. É uma... é uma maluquice. Tão fazendo uma brincadeira com a saúde... Tá lá escrito na instituição a saúde é direito de todos é dever do Estado. O Estado não está cumprindo seus deveres com a saúde... e os problemas são de gestão, são administrativos. Estevão: Ô Alexandre, nessa conversa que você teve agora pela manhã com o secretário de saúde ele... como você já adiantou é... disse que herdou uma bomba, né? Que está sendo ativada há alguns anos. O que você sentiu dele? Ele tá otimista, tá pra baixo? Isso vai se resolver? Alexandre Garcia: Ele... ele tá dinamizado, ele tá energizado. Ele tá querendo fazer as coisas. Ele... ele é de carreira, da fundação, ele é médico... é do ramo sim... agora, eu não sei se uma pessoa sozinha consegue resolver isso tudo. Tem que ter muito poder na mão, tem que ter recurso. O governo federal manda recurso, os recursos vão pra outro lugar. Tanto que... o que... o que a CGU nesse momento tá... num... tá recebendo aí o governador Rogério... Rogério Rosso mandou informações... mas...ah... não tão acreditando... porque é um descalabro o que aconteceu aqui... um escândalo vergonhoso, nã?... De dinheiro na mão, dinheiro nas cuecas, dinheiro nas meias... e aí falta pra saúde desse jeito que tá faltando. E que significa vida e morte pras pessoas... eu acredito que isso não é apenas um... um crime de desvio, isso é um crime contra a vida o que está se praticando contra a saúde aqui no Distrito Federal. Estevão: Alexandre, bom fim de semana, até a segunda. Alexandre Garcia: Bom fim de semana a todos, até segunda, Estevão.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...