domingo, 17 de junho de 2012

Do Impeachment à Marcha do Parto em Casa

Dias 16 e 17 de junho de 2012. Brasil. 
25 cidades. Diferentes Estados. 

Cerca de 6 mil manifestantes, entre mulheres, gestantes, filh@s, companheiros e profissionais, caminhando e cantando, seguindo a canção...

Foto de Bela J. Zecchinelli


A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Trecho de "A Banda" - Chico Buarque

Com os olhos rasos d´ água escrevo hoje sobre dois dias que certamente não serão esquecidos por muitas pessoas, e, principalmente, por muitas crianças, que penduradas em slings e seios fartos foram às ruas pelo direito das mulheres decidirem onde, c/ quem e como terão seus partos e seus filh@s! Em apoio ao parto em casa, mas, essencialmente pela autonomia feminina!

Provavelmente muitas dessas mulheres são da Geração dos "Caras-pintadas", como eu. Essa Geração Coca-Cola, pós Ditadura Militar, das Diretas Já. Mulheres que tiveram muitos caminhos tidos como escolhas, entre o casamento e o mercado de trabalho conquistado, mas, ainda, em disparidade de gênero. E, elas escolheram parir em casa!

Modismo? Tendência? Neo-hipppies? Ou serão do ENCA?

Mas, moda atualmente é ter bebê c/ cesárea agendada. Antes, você capricha no enxoval, vai no cabeleireiro, na manicure, e combina c/ seu GO uma data pré-feriado, assim depois ele/a pode descer p/ o litoral e curtir c/ a família!

Rede pública de saúde, mais de 50%. Rede privada, mais de 90% de cirurgias cesarianas, tendo o Brasil atingido o ranking mundial!

Sim! 

Hoje é um dia histórico! 

Das gargantas engasgadas, das vaginas cortadas, 
das cesáreas desnecessárias!

Fim de semana de luta, na Marcha do Parto em Casa, de garra, de manifestação, de usuárias clamando por mudanças na atenção obstétrica brasileira, pelo fim da violência contra a mulher durante o parto, e pelo direito de escolha do local do parto, seja ele em casa, em uma Casa de Parto, ou no hospital. 

No chalezinho, uma criança de quase três anos, que me impulsiona, me motiva, e que me trouxe até aqui, c/ mais de 39 graus de febre, há dois dias. Apesar do aperto no coração, e a exaustão nos cuidados, a certeza de que quando o olho, o sinto, o cheiro, o amo, fiz a escolha mais importante e significativa em minha vida, nesses 32 anos: parir em casa, depois de uma cesárea anterior, do 1o. filho!

E, que bom que não estou, e nunca estarei sozinha em meus ideais...

Hoje, dormirei c/ a esperança de que estamos resgatando o poder feminino e a fraternidade entre os homens e as mulheres!

* Destaco, também, o lúcido texto de Alice Rubini (acunputurista, doula e aprendiz de parteira, mãe de Olívia e Laís, nascidas em casa), sobre a manifestação, e a democratização da assistência obstétrica humanizada, no link - aqui.

Confiram, ainda, na Fanpage do Blog Parto no Brasil imagens da Marcha em várias cidades!

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