quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Doulas são consideradas pela Classificação Brasileira de Ocupações

Novos ventos nos trazem boas notícias!

As Doulas a partir de agora são consideradas pelo Ministério do Trabalho, pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), cujo número é 3221-35.

A categoria engloba tecnólogos e técnicos em terapias complementares e estéticas, e tem como descrição:

Aplicam procedimentos estéticos e terapêuticos manipulativos, energéticos, vibracionais e não farmacêuticos. Os procedimentos terapêuticos visam a tratamentos de moléstias psico-neuro-funcionais, músculo-esqueléticas e energéticas; além de patologias e deformidades podais. No caso das doulas, visam prestar suporte contínuo a gestante no ciclo gravídico puerperal, favorecendo a evolução do parto e bem-estar da gestante. Avaliam as disfunções fisiológicas, sistêmicas, energéticas, vibracionais e inestéticas dos pacientes/clientes. Recomendam a seus pacientes/clientes a prática de exercícios, o uso de essências florais e fitoterápicos com o objetivo de diminuir dores, reconduzir ao equilíbrio energético, fisiológico e psico-orgânico, bem como cosméticos, cosmecêuticos e óleos essenciais visando sua saúde e bem estar. Alguns profissionais fazem uso de instrumental pérfuro-cortante, medicamentos de uso tópico e órteses; outros aplicam métodos das medicinas oriental e convencional.



Mesmo alguns hospitais paulistanos terem vetado sua participação como equipe obstétrica, elas estão aí!

Bora se manifestar neste domingo, na Av. Paulista!


Mais informações na página do ato - aqui!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O que é o parto humanizado?


Dúvidas sobre o que é parto humanizado?

Informe-se c/ as palavras da obstetriz Ana Cris Duarte, abaixo:

Não verdade não há um consenso sobre o que é parto humanizado e há muito preconceito também, especialmente entre profissionais que se recusam a sair do modelo "eu faço partos há 20 anos, não é você quem vai me ensinar". Entre essa categoria mais engessada, a fala em geral é: "se eu não faço parto humanizado, eu faço o que? parto de bicho?". Em uma coisa eles têm razão, esse nome não diz nada! 

O que faz diferença na assistência humanizada verdadeira é a atitude de todos. Por isso, se o seu profissional prioriza o conjunto te preceitos enumeradas abaixo, ele é um profissional humanizado, dentro desse conceito de humanização. 

Vamos a eles! O Parto Humanizado é:

1) Respeito aos tempos da mãe e do bebê. Qualquer aceleração do processo, quer indução, aumento artificial das contrações ou agendamento de cesariana precisa de uma forte justificativa clínica. Não faz sentido marcar a cesariana porque a mãe está pesada, e entender isso como "protagonismo feminino". Existem várias possibilidades de ajuda para uma mãe cansada, e que não desrespeitam o tempo do bebê.

2) Respeito ao protagonismo feminino. É importante mudar o olhar e compreender que o parto é da mulher e que ela tem direito a escolhas e total liberdade. Esse é talvez o maior desafio dos profissionais e dos serviços. A cada vez que alguém se dirige à mãe e se diz o que ela deve fazer, já houve um desrespeito a esse protagonismo. Um exemplo básico, se a mãe chega na triagem e alguém diz: "por favor, mãezinha, a senhora vai ali naquele banheiro, tira toda a roupa e coloca essa camisolinha voltada para trás".. BANG! Matou o protagonismo! Essa talvez é a maior mudança de mentalidade necessária e a origem de todas as outras mudanças.

3) Compartilhamento de responsabilidades. O médico não proíbe, não aconselha, não manda. O médico ou a parteira ou qualquer outra pessoa da equipe mostra sempre as opções e a mulher escolhe o que ela quer para ela. Mesmo quando parece não haver opção, há opção. E já que não existem garantias mesmo, o melhor é ser claro, mostrar riscos e benefícios e permitir que a mulher sinta que está sendo co-responsável por suas escolhas. Por exemplo: "Sim, você pode tomar analgesia, mas existe um pequeno risco disso repercutir para o bebê, ou você pode tentar ficar mais um pouco na banheira, ficar lá com o seu marido e ver se consegue aguentar mais um pouquinho. Quem sabe possamos reavaliar daqui a 1 hora e já vai estar bem mais perto de nascer?"

4) Uso das melhores evidências. Depois de 30 anos de evidências contra o uso rotineiro de episiotomia, não cabe afirmar que a episiotomia protege a mulher. Hoje em dia existem claras evidências de que o melhor é deixar o parto acontecer naturalmente, sem qualquer tipo de intervenção, no ambiente mais simples possível, com equipes igualmente simplificadas.

5) Levando tudo isso em consideração, apesar de que uma ou outra mulher possa precisar de analgesia, ou de rompimento artificial da bolsa das águas, ou um pouquinho de ocitocina em algum momento, a imensa maioria das mulheres de baixo risco terá, dentro desses princípios todos, um parto:

- De início espontâneo, sem indução
- Sem precisar subir em cadeira de rodas ou macas até a sala de parto
- Sem precisar usar uniformes específicos
- Em um ambiente simples, sala agradável (chamadas de PPP), com mobília adequada, com banheira e chuveiro disponíveis, luz baixa, música a gosto e total privacidade
- Atendido por uma obstetriz, enfermeira obstetra e/ou médico
- Sem o uso de ocitocina durante todo o trabalho de parto
- Sem raspagem dos pelos pubianos e/ou a abjeta lavagem intestinal
- Com liberdade de alimentação e ingestão de líquidos
- Sem o uso de cardiotocografia contínua, tendo o coração do bebê avaliado intermitentemente com um sonar simples, a intervalos regulares de tempo
- Com apoio contínuo do(s) acompanhante(s) e de uma doula particular
- Com o uso de métodos não farmacológicos para dor
- Com o uso de analgesia se necessário, depois de informada dos riscos e benefícios
- Sem ruptura artificial da bolsa das águas
- Com absoluta liberdade de movimentos para a mãe durante todo o processo, inclusive durante o período expulsivo
- Encorajamento das posições verticalizadas
- Sem episiotomia, sem empurrar a barriga, sem dedos nervosos na vagina da mulher, sem prender a respiração para fazer força comprida, sem fórceps, sem vácuo-extrator para acelerar um processo em que mãe e bebê estão bem
- Sem limites arbitrários de tempo para o parto e para o período expulsivo, porque o bebê "ainda está alto", por exemplo
- Com o bebê sendo colocado imediatamente no colo da mãe com o cordão ainda ligado, mantido intacto pelo menos até parar de pulsar, e com amamentação a mais precoce possível
- Sem aspiração das vias aéreas do recém nascido, separação da mãe, colírio e identificação só após a primeira mamada, vitamina e vacina só depois de algumas horas e após tempo para o vínculo mãe-bebê
- Com o uso de alojamento conjunto desde a sala de parto até o final da estadia

6) O uso de uma intervenção (ou mais, se necessário) não tira o aspecto humanizado do parto. Desde que seja necessária no contexto e de que seja dada a escolha para a mãe, desde que seja, portanto, utilizada em caráter de exceção. E no final, até mesmo uma cesariana pode ser necessária, e ainda assim é perfeitamente possível ser calmo, falar baixo, respeitar mãe e bebê sem falar de outros assuntos, baixar a luz, aquecer o ambiente, e obedecer aos três últimos princípios, que ocorrem depois do nascimento.

Em suma, o parto humanizado é um parto o mais natural possível, com o menor número de intervenções que for possível para aquela dupla mãe-bebê e onde cada intervenção só seja utilizada quando os seus riscos forem menores do que o risco de não utilizá-la; onde os tempos, os interesses e a liberdade da mãe e do bebê sejam os principais motivadores de todos os envolvidos; e o melhor: tudo baseado em evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde. 

Fonte: https://www.facebook.com/notes/ana-cristina-duarte/o-que-%C3%A9-o-parto-humanizado/473462012702649

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ao lado da revolução feminina, vem também um novo pai

Semana passada, através do Facebook, minha comadre compartilhou o texto abaixo no mural de meu companheiro, e pai de Rudá, já que é leitora assídua da Revista TPM.
Logo me impressionei pela clareza de ideias da autora, e da semelhança c/ o meu convívio, já que ao meu lado, na maternagem de meu 2o. filho, tenho um parceiro na educação desse garoto sapeca e levado, que há pouco era nosso bebê!
E, ao compartilhar em nossa fanpage, muitas pessoas também se identificaram, curtiram e compartilharam o texto - 66 Curtir e 139 compartilhamentos. Um sucesso!

Escrevi p/  Antonia Pellegrino e esperamos ter uma prosa c/ ela e estender este tema tão relevante, e até pouco discutido na blogesfera - a paternidade ativa.

Hoje publicamos o texto, na íntegra, no Blog! Confiram e (re)leiam:


O novo pai
Homens e mulheres têm direitos iguais. Para eles, resta correr atrás do prejuízo

Texto por Antonia Pellegrino
Ilustração Adriana Alves


Eu acho que os homens deveriam ter licença-paternidade.” “Pra ficarem enchendo a cara? Ficarem de férias?” Esse breve diálogo revela duas experiências distintas da maternidade, transformadas por causa do papel do pai. Se mãe é mãe, o pai não é mais o mesmo.

Dizem as babás antigas, donas de ampla sabedoria prática, que na última década passaram a ver muitos pais dividindo as responsabilidades do cuidado da criança com as mães. Esses seriam os “novos pais”, em oposição ao pai tradicional.

O pai tradicional é aquele que divide os custos do bebê com a mãe, mas não divide a responsabilidade – estas são as pobres filhas do feminismo. Durante a gestação, ele segue sua vida normalmente: sai, bebe, volta tarde, acorda de ressaca, reclama que a mulher não é mais a mesma. É comum mulheres com essa experiência cultivarem a fantasia de entrar em trabalho de parto numa noite em que o marido esteja de porre.

Quando a criança nasce, o pai tradicional acha que se der “uma ajuda” para a mãe numa troca de fralda ou numa crise de cólica estará fazendo seu papel. Afinal, é dela 90% da responsabilidade sobre o bebê. Sendo assim, ele chega à noite do trabalho, faz um carinho no filho e vai para o quarto. No máximo dá o banho. Para as mulheres que procriam com pais tradicionais, pelo menos até a criança dizer “papai”, ser mãe é ser sozinha.

Como a mãe precisa ter quatro mãos, as outras a entrar na dança serão as da babá e/ou da avó. E, assim, licença-paternidade pra quê?

Pai para toda obra

Já o novo pai é filho da revolução feminina. Para ele, homens e mulheres têm direitos iguais, mas, na maternidade, a mulher é mais poderosa: é ela quem gesta, pare e amamenta. Resta a ele correr atrás do prejuízo: ser parceiro na gravidez e engravidar também; ir às consultas médicas; fazer cursos de pais; estar ao lado da mulher no parto para cortar o cordão e, logo depois, dar o primeiro banho na criança. Enfim, encarar a paternidade como 50% de responsabilidade dele e 50% de responsabilidade da mãe.

Para o novo pai, trocar a fralda das seis da manhã ilumina o dia. Passar o dia fora de casa é morrer de saudade. Chegar do trabalho e dar banho de chuveiro no filho é sua dose de transcendência diária.

Dizem que as crianças hoje em dia já nascem mais espertas. Coincidência ou não, muitas delas são filhas dos novos pais. Não seria um efeito do olhar do novo pai? Talvez. Ainda não sabemos as consequências desse acréscimo amoroso, mas eu acho sortuda a criança que nasce com um pai disposto a limpar-lhe a bunda com franco sorriso no rosto. Certamente isso há de ter efeito na autoconfiança, na coragem para encarar o mundo e, sobretudo, na capacidade de amar desse futuro adulto que, no seu tempo, tornar-se-á um pai ou mãe ainda mais preparado para cuidar.

* É roteirista e escritora. 
Seu e-mail: a.pellegrino@terra.com.br

** Ligia M. Sena, no blog Cientista que virou mãe também assuntou por lá, acessem: O pai, a revolução masculina e a amamentação - em busca da paternidade ativa

Assistam, ainda, este lindíssimo vídeo onde pais nos contam as aventuras da gestação e parto de suas companheiras e filh@s!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

No ar, Relatos de Parto

É c/ alegria que compartilhamos a página Relatos de Parto, publicada hoje, no Blog Parto no Brasil, c/ muitos relatos de vários tipos de parto, e nascimento: hospitalares, e domiciliares, alopáticos, e naturais, normais e por cesáreas.

Na voz de muitas mulheres pudemos nos emocionar, e nos ver em cada contração.

Confiram! (Re)leiam!


É só acessar - Relatos de Parto

sábado, 26 de janeiro de 2013

Post Extraordinário - Movimento das Mulheres e Homens pelo direito a uma Doula (em qualquer hospital brasileiro durante trabalho de parto, parto e pós-parto)


Durante toda a semana não se falou em outra coisa!

A mídia vem noticiando a proibição de doulas como parte da equipe obstétrica, por alguns hospitais no Estado de São Paulo. 

Entenda neste texto criado pelo movimento, e que vem sendo discutido, via Facebook, a situação!

A POLÊMICA DO PARTO NO BRASIL

Nunca se falou tanto em Humanização do Parto como nos últimos tempos no Brasil. Em 2012 aconteceram duas marchas que mobilizaram alguns milhares de pessoas em mais de 20 cidades de norte a sul do país.
Defendendo questões relativas à humanização da assistência ao parto, as marchas questionavam igualmente a alarmante taxa de cesáreas realizadas no país, bem como os constantes casos de violência obstétrica praticados diariamente durante o atendimento ao parto nos hospitais públicos e particulares.

A PROIBIÇÃO DAS DOULAS

Ao iniciarmos 2013, uma nova polêmica: duas das maternidades mais famosas de São Paulo proibiram, em comunicado oficial, a presença de doulas em suas instalações. Após repercussão nas redes sociais, publicaram uma nota de esclarecimento dizendo que apenas limitariam o acompanhamento ao parto, podendo a gestante escolher uma pessoa para acompanhá-la, como determina a lei 11.108, de 2005.
Embora estas instituições cumpram o que determina a lei, garantindo o direito a um acompanhante à gestante, sabemos que indiretamente esta política resulta no impedimento da participação de doulas nestes hospitais, uma vez que a gestante necessita escolher um acompanhante e a presença do pai ou de um familiar costuma ser prioritária para a mulher que está em trabalho de parto.

Aqui fica clara uma das maiores reivindicações deste movimento: as doulas não deveriam ser vistas como acompanhantes, e sim como profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar de assistência ao parto, podendo a gestante contar com a assistência prestada por estas profissionais, além da presença do acompanhante de sua escolha, já garantido por lei.

Em razão disso, uma nova Marcha está sendo articulada na internet e acontecerá no dia 03 de fevereiro em São Paulo, defendendo o direito das gestantes que queiram ter uma doula em seus partos, sem que seja necessário optar entre a doula e o pai do bebê (ou outro acompanhante de sua escolha).

QUEM SÃO E O QUE FAZEM AS DOULAS

A doula é uma profissional treinada para dar apoio psicológico e físico à gestante (através de massagens, por exemplo), a qual não pode realizar nenhum procedimento medicamentoso ou cirúrgico na parturiente, cabendo esta responsabilidade ao médico.

Sabemos que um dos momentos mais significativos e também desafiantes na vida de uma mulher é o parto de seus filhos.

Na sociedade individualista em que vivemos, a experiência do parto não costuma ser compartilhada e portanto uma gestante provavelmente nunca acompanhou um parto normal para saber como ele acontece.
Nossa cultura atual propaga muitos medos e fantasias sobre este momento, o que torna cada vez mais importante a participação das doulas no processo.

Vários estudos demonstram que a presença de doulas é muito positiva para a gestante e para o sucesso do parto e consequentemente para a saúde do bebê. Dentre estes estudos, Klaus e Kennel publicaram em 1993 em “Mothering the mother” uma pesquisa que demonstra a redução de: 50% nos índices de cesáreas, 25% na duração do trabalho de parto, 60% nos pedidos de analgesia peridural , 30% no uso de analgesia peridural , 40% no uso de ocitocina e 40% no uso de fórceps. Após este, muitos outros artigos científicos foram publicados comprovando a eficácia da presença dessa acompanhante qualificada e treinada.

A ARGUMENTAÇÃO DOS HOSPITAIS

A argumentação usada pelos hospitais Santa Joana e Pró Matre é de que a proibição da doula visa diminuir o risco de infecção hospitalar, argumento que não encontra respaldo em qualquer uma das publicações científicas sobre o tema. Por outro lado, os dois hospitais (Pró Matre e Santa Joana) apresentam taxas de cesariana maiores que 90%. De acordo com estudos internacionais, as cesarianas aumentam 400% o risco de infecção em relação aos partos normais, e da forma que são constantemente praticadas no Brasil, agendadas sem que a gestante entre em trabalho de parto, ainda podem aumentar as chances de necessidade de internação do bebê na UTI NEONATAL, o que também eleva o risco de infecções nos recém nascidos.

O modelo obstétrico do Brasil é centrado na equação hospital + médico. Isso é um dos fatores que levam o país a apresentar a maior taxa de cesáreas do mundo, com um percentual geral de 52%, chegando a mais de 80% no sistema privado, muito além do recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que seria de até 15%.

O outro argumento para a restrição estaria, segundo as duas instituições, relacionado à regulamentação da profissão. Porém, as doulas estão incluídas na Classificação Brasileira de Ocupações desde 2012, com formação e atribuições devidamente delineadas, em contrapartida aos fotógrafos e cinegrafistas que são admitidos por estas instituições, inclusive em salas cirúrgicas onde são realizadas as cesarianas, sem que tenham regulamentação da profissão.
Nos cursos de formação de doulas, são ensinados todos os cuidados a respeito de proteção individual e das gestantes, tal qual aprendem fotógrafos e cinegrafistas que trabalham nas maternidades.

OBJETIVOS DA MARCHA DE 03/02

O “Movimento das Mulheres e Homens pelo direito a uma Doula (em qualquer hospital brasileiro durante trabalho de parto, parto e pós-parto)” defende que se estes hospitais realmente estivessem buscando diminuir os índices de infecção, estariam combatendo as cesarianas e não as doulas. Trata-se de um movimento pelos direitos reprodutivos das mulheres, que envolvem o direito à escolha de acompanhantes em sua busca por um parto digno. Sendo assim, trata-se de mais um movimento que visa diminuir as altas taxas de cesáreas no país, além de contribuir indiretamente para a diminuição da taxa se infecção hospitalar, uma vez que os partos normais e naturais apresentam menos risco infeccioso se comparados aos partos cirúrgicos.

A Marcha pelo direito à presença de uma doula partirá do Edifício da Gazeta, passará em frente à Maternidade Pró Matre, seguirá pela Av. Paulista e acabará em frente à Maternidade Santa Joana. Em ambas as maternidades será entregue um abaixo assinado com o pedido de inclusão das doulas como parte da equipe multidisciplinar que atende ao parto, para que sejam reconhecidas como profissionais que prestam assistência à parturiente e não como acompanhantes.

CONTATOS:

Algumas mães que fazem parte do movimento podem dar mais informações e responder perguntas sobre o tema.

Ana Basaglia- (11) 99733-0113
Ana Julieta de Oliveira- anajulieta24@hotmail.com, 99567-8650
Ana Maria Fiorini- 99232-2867, amfiorini@uol.com.br
Camila Souza Torelli- camilatorelli@gmail.com, (11) 99232-7086
Carolina Lopes- carolina.lopes.ro@gmail.com, 97279-1772
Elisa Motta Iungano- 981244693 ou 3672-6063, e_iungano@hotmail.com - psicóloga, estuda interação mãe-bebê
Ingrid Oncken- (11) 98573-0867, iariane@gmail.com
Natália Coltri Fernandes- 2589-6503 e 98538-1879, nataliacoltri@gmail.com
Tati Wexler- tatiwexler@hotmail.com (fotógrafa de gestantes e partos)
Renata Corrêa- (11) 98088-6357, renatacorrea@gmail.com
Sandra Pinello Amorim- sandrapinello@gmail.com, (11) 99450-2121
Soraia Duduss- soduduss@gmail.com, (11) 98418-3694 (teve parto com doula na Pro Matre há 9 anos)
Roselene Motta- roselene@usp.br - arquiteta - 99426-1077, ativista da Parto do Principio, FemeninoAdvogada que estuda a legislação em torno da assistência ao parto
Ana Lúcia Keunecke- (11) 99200-1258, anakeunecke@terra.com.br

Outras cidades/estados/país:

Mariana Tezini- (sobre a situação no interior do estado): (16) 3357-7709 ou (11) 908582-0214 psicóloga, estuda interação mãe-bebê
Suzan Correa- obstetriz em Londres, que trabalha com doulas em outro país suzan.c@hotmail.co.uk
Ana Carolina Fialho- (21) 9384-0203, fialho.ana@gmail.com
Nathalia Silva Flores-(47) 9687-2361, floresnathalia@hotmail.com
Ligia Moreiras Sena (48) 9162-4514 - ligiamsena@yahoo.com.br

Alguns médicos que trabalham com doulas como parte da equipe:

Jorge Kuhn- (11) 5096-2318
Andrea Campos- (11) 5096-2318
Catia Chuba- (11) 5524-9054
Betina Bitar- (11) 2309-8666
Deborah Klimke- (11) 5041-7423

ASSINE A PETIÇÃO

Pelo direito da Gestante ser acompanhada por uma doula durante o trabalho de parto, parto e pós parto em qualquer hospital brasileiro.



PARTICIPE DA MANIFESTAÇÃO

Multimídia Parto no Brasil - Parto com Amor: Entrevista com Luciana Benatti

Em entrevista à Petria Chaves, para a Revista CBN, a jornalista Luciana Benatti comenta a produção do livro Parto com Amor. E mais: a importância das doulas e dos grupos de apoio ao parto para as brasileiras que desejam o parto normal. Confira!


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Relato: Nascimento de Manoela - Parto Natural Hospitalar e Método Canguru

A Paola Alfarano entrou em contato com o Blog Parto no Brasil, logo na primeira semana de janeiro, quando começávamos a publicar a Série Especial de Férias, com todos os relatos de parto que foram compartilhados aqui em nosso espaço.

Como todos os relatos do mundo, este também é muito especial. Mas há algo de diferente em sua história - a experiência de ter praticado o método canguru. Uma mulher confiante, determinada e corajosa - que levou adiante, da melhor forma que podia, uma experiência de gravidez de risco, com assistência especializada e garantida pelo SUS, e que acabou parindo Manoela sozinha, sem acompanhante. Às 33 semanas de gestação, ela confiou que aquele era o momento de parto e nascimento pelo qual ela e sua filha esperavam. E ainda conseguiu argumentar com a equipe de plantonistas quais eras suas decisões de parto.

Confira sua história, e ao final, algumas informações-chave sobre esta gravidez e parto, e ainda, as novidades que ela tem para contar, que foram informadas em nossa troca de e-mails. Paola, somos muito gratas pela oportunidade de conhecer sua história, e de poder compartilhá-la com muitas outras mulheres. Desejamos um novo caminho de conquistas e realizações.


Inspire-se.

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EM CASA

Terça-feira, 17/05/2011- por volta das 07:56h da manhã, o telefone toca. Eu, que estava preguiçosa na cama, assistindo TV com a Mariana e esperando a Manuela se mexer, levanto, atendo o telefone pensando ser o Raphael e na verdade é o montador de móveis, avisando que chegaria a partir das 08:00h para montar a cômoda que faltava no quarto para acomodar as roupas das meninas. Aí sim eu poderia comprar o enxoval da Manu, visto que eu pensei a gravidez toda que tinha guardado as roupas dela de recém-nascida para a gravidez seguinte, e descobri na semana passada que havia doado as roupas e não me lembrava, e ainda não tenho praticamente nada de recém-nascido. 

Decido deixar a preguiça de lado, aviso à Mari que vou limpar o quarto dela e ajeitar o espaço para que o montador trabalhe sossegado e monte a cômoda no lugar correto, uma vez que eu não poderia arrastar o móvel depois. Retiro o carrrinho de bebê do lugar, recolho os brinquedos do chão, passo a vassoura, e quando ia pegar o banquinho no banheiro para alcançar o desinfetante no armário da cozinha, sinto um líquido escorrer pela calcinha em 2 jatos. É a bolsa que estourou!- pensei. Vou ao banheiro sem nenhum pingo de dor nem contração, sentindo apenas a expectativa. Ao olhar a calcinha, um susto: sangue vivo, 2 manchas grandes. Pego um absorvente, saio do banheiro para pegar outra calcinha, a Mari olha aquelas manchas e pergunta: “É cocô, mamãe?” Eu respondo que não, explico que é um sinal de que a Manu vai nascer. 

Visto a roupa, pego o telefone desesperada e ligo para o Raphael. Ele tinha ido trabalhar normalmente, pois nem sinal dos pródromos no dia anterior. Eram 08:39h. Contei o que aconteceu (que eu não esperava ter visto sangue, que achava não ser normal, pois eu já tinha perdido o tampão 2 semanas antes, quando a Manu tentou nascer pela primeira vez), que o montador estava vindo e que eu estava com medo das contrações virem muito rápido e eu estar em casa sozinha com a Mari e o montador, enfim, tudo estava diferente do planejado e esperado.

Logo o montador chegou, indiquei o quarto das meninas à ele, e fui pra internet pesquisar a respeito do sangramento. Ao entrar no MSN, encontrei a Patrícia, minha ex-cunhada, e perguntei a ela sobre seus partos, se alguma vez tinha acontecido algo parecido. Ela me disse que o parto do Biel (caçula, prematuro, nascido de parto domiciliar não planejado) havia começado igual, com sangramento, e que como ela não tinha contrações fortes, foi levando, até que não deu tempo e o menino nasceu em casa. Ela me disse que inevitavelmente era o dia da Manu nascer, que esse era o sinal, que eu poderia ter certeza de que ela queria nascer e de que os médicos não iriam conseguir evitar novamente. 

Conversamos mais e fui lavar a louça, me movimentar para ver se as contrações apareciam. O Raphael chegou em 25 minutos da hora em que eu liguei, pois a Marginal em sentido bairro estava vazia, e já querendo sair correndo pro hospital. Expliquei a ele que o montador estava ainda em casa, relatei o que a Patrícia me falou, e fui ajeitando a casa na expectativa de que as contrações viessem. O montador terminou a cômoda, limpei os móveis do quarto com álcool, lavei o banheiro, e nada! Decidi tomar banho com a Mari, pois a Patrícia havia reforçado a lembrança de que banho engrena as contrações, mas apenas fez com que o sangramento parasse. O Raphael, já impaciente, reclamou que eu o faria perder mais um dia de trabalho à toa, pois era alarme falso. Decidimos ir ao Santa Marcelina como na orientação anterior da parteira, pelo menos para verificar o motivo do sangramento e monitorar a bebê. 

Saindo pelo portão do prédio (sendo que o Rapha já havia descido antes com as malas da maternidade nas mãos), uma vizinha pergunta: “Nossa, sua barriga já está grande, pra quando é?”. E eu respondo que é para o final do mês, mas querendo dizer “É hoje!”. Eu havia chorado muito nos dias anteriores, estava estressada e cansada, foi uma gravidez conturbada com tantos riscos e ameaças de abortamento, estava sem paciência com a Mariana e nervosa, muito frágil emocionalmente. Havia pedido a Deus que se a Manu estivesse pronta, que Ele permitisse que ela nascesse saudável e logo.

INDO PARA O HOSPITAL
Seguimos ouvindo a mesma música que tocou no caminho do hospital no parto da Mariana, combinamos onde estacionar, subimos a rampa do hospital andando, e nada de contrações. Fiz a triagem, os mesmos 3cm de dilatação de 2 semanas atrás, colo pérvio posterior. Solicitaram um ultrassom, e o sangramento já tinha parado.

A espera pelo ultrassom foi tanta, que eu entrei na sala com contrações de 7 em 7 minutos, regulares. Estava calma, o c ronômetro do celular era meu melhor amigo, cada contração durava cerca de 45 segundos, o médico até percebeu as contrações durante o USG e mediu o BCF da Manu durante uma contração. O laudo demorou mais ainda, mas apontou restrição de crescimento intra-uterino (RCIU), os dados estavam praticamente iguais ao USG de 2 semanas atrás, quando a Manu tentou nascer e o trabalho de parto prematuro foi inibido, porém estava dentro da margem de erro, segundo o médico. Voltamos à triagem, foi feito um cardiotoco: Manu ativa, contrações de 6/6min, as outras gestantes na sala torciam e diziam que a Manu nasceria hoje ainda, dava pra ver a barriga se movimentando para baixo quando as contrações vinham. 

Ao terminar o exame, a residente disse estar normal, e que eu voltasse para casa, solicitando um USG para o dia seguinte às 09:00h da manhã, para conferir a RCIU. Eu disse que voltaria, se a Manu esperasse até lá, pois as contrações estavam de 5 em 5 minutos. Ela decidiu me examinar somente por desencargo de consciência, e achou o colo com 4 cm de dilatação, contrações efetivas. Disse que internaria para inibir o trabalho de parto novamente. Eu disse a ela que era contra a 2ª inibição, contei meu histórico, ela disse que a equipe do CO que daria o parecer final. Mandaram o Raphael para casa, uma vez que seria feita a inibição, e me internaram. Ao subir para o CO de cadeira de rodas (para não incentivar o TP), fui obrigada a colocar aquela camisolinha infame para ser examinada. 

O Dr. Lucas se apresentou, fez minha anamnese e falou na inibição que seria feita. Questionei, ele disse que seria aplicado Buscopan no soro, e que se o TP estacionasse, cada minuto ganho seria bom para a Manu, mas que se ela insistisse em nascer, que nós a receberíamos. Assim fiquei por volta das 18:30h às 20:37h, quando apesar das contrações estarem de 4 em 4 min, eu andar, rebolar e agachar escondida da equipe de enfermagem no biombo, o Dr. Marcelo viu que eu estava com apenas 5cm de dilatação e praticamente sem dor. Eu ouvia a moça do biombo da frente chorar para o marido dela quando estava com 5cm, e pouco tempo depois a equipe estava fazendo o parto dela. 

Vibrei junto com ela quando o bebê chorou, agradeci a Deus por mais uma criança saudável no mundo, mais uma mãe feliz e um parto normal. Depois de um tempo, eu já tinha feito um cardiotoco no CO, subiu a equipe do PS: Dr. Nelson, Dra. Cláudia, e os médicos do CO, Dr. Lucas, Dr. Marcelo e Dra. Maíra. Questionavam as falhas do BCF no cardiotoco, que sumiam no final das contrações e reapareciam depois repentinamente, era a Manu brincando de virar quando o útero apertava ela. Foi refeito e descoberta a brincadeira, tudo dentro da normalidade. Decidiram que deveriam deixar a Manu vir, já que o Buscopan não tinha servido pra nada, tomando uma conduta ativa: queria romper a bolsa, pois estava protusa, mas a Manu não conseguia estourar nem descer mais. Não permiti, expliquei que as contrações poderiam vir muito fortes e eu ainda estava com pouca dilatação, negociei ir para o chuveiro. 

O PERÍODO ATIVO
Fiquei lá no chuveiro por bastante tempo curtindo as contrações, cantando louvores em pensamento. Havia acabado a bateria do celular, eu não sabia que horas eram, nem o Raphael sabia que a Manu iria nascer, eu achava que teria tempo de ligar pra ele quando saísse do chuveiro. Ledo engano.Não percebi que o louvor contido se transformou em gemidos e logo em gritos, eu fiquei esperando a enfermeira vir trazer outra camisola e nada. 

Saí do banheiro já gemendo de dor, com a camisola suja mesmo, sentindo cabeça da Manu descer, tipo “parafusando” colo abaixo. Gritei pela enfermagem, fui para o biombo, e pelo gemido a Dra. Maíra me reconheceu e veio correndo, pedindo pra eu sentar na maca e perguntando “Paola, como você está?”. Relatei, mas não conseguia sentar na maca para ser examinada durante a contração. Passou, logo vieram Dr. Lucas e Dr. Marcelo,viram que a Manu estava alta e móvel, mas que estourando a bolsa ela desceria. Concordei, coloquei a bunda na comadre e apesar de incômodo e dolorido, foi legal. Perguntei se o líquido estava claro, o Dr. Marcelo confirmou. 

Dr. Lucas examinou e disse: “Parabéns, você já está com 10cm! Vamos começar.” Abençoei a ele pela boa notícia, agradeci sorrindo, apesar de quase gritar durante as contrações. Armaram a cama de parto, inclinando e colocando os apoios de pés e os remos das mãos, mas eu agarrava no lençol e gemia, gritava, soprava, tentava respirar fundo mas não conseguia fazer força. Comentei com a Dra. Maíra do meu lado (que disse mais cedo que adoraria assistir meu parto) que ainda bem que o Raphael não estava lá, que eu morreria de vergonha dele e travaria ainda mais. Durante uma contração pensei em pedir um Buscopan para aliviar a dor, mas refleti que não ajudaria em nada, estava muito forte, e pensei que a analgesia descaracterizaria o parto natural. Desisti. 

Aos poucos consegui seguir as orientações e fazer força colocando o queixo no peito, segurando os remos e prendendo a respiração durante a força. Mas uma coisa eu digo: não sentia vontade de fazer cocô, quando a contração vinha, minha vontade era me jogar no chão e chorar! 

O NASCIMENTO
Senti o círculo de fogo, ou melhor, o túnel de fogo. Me desesperei, queimava o percurso e eu sentia a Manu descendo. Gritei: “tá queimando tudo!”, disse que estava com vergonha, a equipe disse não ter porquê, fiz a força seguinte e acabei fazendo cocô. Dessa hora em diante, a vergonha foi tanta que eu não consegui mais abrir os olhos e ver a equipe, só pedia perdão, mas disseram que era normal aquilo acontecer. Dr. Marcelo avisou que ia ajudar segurando minha barriga, pois tinha muito espaço sobrando e a Manu tinha dificuldade em descer, onde se apoiar. Foi hilário, mas eu gritei “Kristeller não!”. Quiseram colocar ocitocina no soro do acesso, mas eu expliquei que queria tudo o mais natural possível, negociei que fosse utilizada somente em último caso e fui atendida.

A Manu coroou, o Dr. Lucas me avisou e me ofereceu para sentir o cabelinho dela, e coloquei a mão e foi a sensação mais feliz da minha vida, minha filha estava chegando! Tive ânimo de fazer força, Dr. Lucas pediu que avisassem a pediatra Neo-natal que ela ia nascer. O campo estéril foi colocado, e segundo a equipe, mais umas 4 contrações e a Manu nasceu, chorou espontaneamente e resmungou quando o médico mexeu nela, acho que pra clampear o cordão, e comentaram que ela já era brava... Eu tinha feito uma forçona comprida e só parei quando o Dr. disse que não precisava mais, abri os olhos e vi ela escorregar. Então olhei para a Dra. Maíra, pra quem eu tinha até dado a mão durante as contrações, e a vi com alegria e brilho nos olhos, como se fosse minha irmã, anunciar: “Olha a Manuela aí!”. Eu a olhei, reparei que era moreninha, a amei e disse: “Deus a abençoe, seja bem-vinda, Manuela”. Eram 00:45h do dia 18/05/2011.

Levaram ela para examinar, o Dr. Lucas me tranquilizou dizendo que ela nasceu respirando muito bem, forte e esperta para quem é prematura. Ajudaram a dequitar a placenta com uma massagem, eu pedi pra ver e para que me explicassem qual era o lado materno e o lado fetal. Deram risada e ainda me zoaram pela curiosidade. Lembro que eu pensei: “nunca mais eu como carne na minha vida”, mas dei risada por dentro e ainda reparei no tamanho do cordão umbilical, comprido. Depois eu soube que a Manu tinha 1 circular de cordão, que eu nem vi, tanta a rapidez do médico em desfazê-la.

Pedi muito para ver minha pequena, para pegá-la, me trouxeram ela embrulhada naquele pano verde-escuro, olhei seus traços, falei algo com ela sobre a vida, Deus, proteção e felicidade, me disseram para dar um beijo nela e me despedir com um beijos, pois levariam ela pro berçário. Dei um beijo em sua testa, que ficará marcado em mim pro resto da minha vida! Foi o beijo que eu gostaria de ter dado na Mari, 2 anos, 3 meses e 2 dias antes. Manuela arrematou uma história de amor que começou na irmã Mariana.

Manoela na maternidade

DEPOIS DO NASCIMENTO
Manuela ficou durante o seu primeiro dia de vida na semi-UTI do berçário, até que os médicos percebessem que ela é uma criança surpreendente o suficiente para deixar sua mãe orgulhosa e que não precisava de cuidados especiais, nada mais além de muito amor e leitinho materno! Deste 2º dia de vida em diante, o médico nos liberou para permanecermos em quarto conjunto, usufruindo dos benefícios do Programa Mãe Canguru, que deu incentivo para o nome deste blog. 

CURIOSIDADES
TP de cerca de 8 horas;

Sem episio, sem ocitocina, sem acesso de soro contínuo;

Foi feita a kristeller somente de apoio, sem empurrar, de maneira super-respeitosa;

O Rapha ficou sabendo do nascimento da Manu quase 2 horas depois, pelo celular da Dra. Maíra, e ficou espantado inicialmente, mas muito feliz.

A Manu nasceu com 33 semanas e 5 dias, mas com capurro de 37 semanas. Não ficou nem o primeiro dia de vida inteiro com suporte de oxigênio, usou sonda naso-gástrica somente até a primeira tentativa de mamada, que ocorreu com sucesso antes das primeiras 12 horas de vida. Saiu da encubadora diretamente para o sistema mãe-canguru no segundo dia de vida.

A primeira coisa que ela fez na encubadora ao ouvir minha voz de madrugada foi abrir os olhos, mostrando que me reconhecia.

Peso: 1,540Kg, 41cm de estatura.

Comentei logo ao vê-la que ela nasceu escurinha, e apelidei ela de Manuela Canela, pra combinar com a irmã Mariana Banana. E ainda brinquei: “Parir dá uma fome! Uma torta de banana com canela cairia bem agora!”.

O único momento em que eu senti medo foi na sutura da laceração, receava que me costurassem torta, cheguei até a pensar em pedir pra não suturarem quando ouvi falar que ela superficial. Mas depois reconheci que era bobeira e nem falei nada. O pior é que quando inchou, realmente parecia que tinha ficado torta.

A partir do momento em que a Manu mamou o leite materno, todas as vezes em que alguma enfermeira tentava oferecer leite de fórmula, ela virava o rosto, chorava e se negava a engolir. Foi uma das próprias enfermeiras que relatou isto

O sangramento puerperal cessou quase por completo já no 7º dia.

No 3º dia de vida da Manu, o leite desceu em grande quantidade e tive até mastite com febre. Tive que ordenhar e tirei 40ml de cada mama, sendo que ainda ficaram bem cheios, mas menos doloridos.

Tabela do peso da Manu:

Ao nascer: 1,540Kg
19/05/2011- 1,530Kg
20/05/2011- 1,465Kg
21/05/2011-1,495Kg
22/05/2011-1,520Kg
23/05/2011-1,565Kg
24/05/2011-1,570Kg
25/05/2011-1,590Kg
26/05/2011-1,655Kg
27/05/2011-1,690Kg.
Ficamos 9 dias internadas no mãe-canguru, para chegar ao peso de alta padrão do hospital, que era 1,700Kg.
Na consulta com o pediatra em 30/06/2011, Manuela já estava pesando 3,050Kg e com 48cm de comprimento:

Manoela com um mês e meio
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Eu fiz pré-natal grande parte pelo SUS, como gestação de risco devido à descolamento de placenta e mais de 6 ameaças de aborto. Quando fiquei boa (o descolamento sumiu), tentei fazer pré-natal pelo convênio, mas já dei de cara com um "bostetra" que na primeira consulta veio me falar de cesariana, quando eu disse que queria normal, ele falou: - Vai lá, então, faz normal depois você volta pra me contar! Você nunca teve um, não sabe do que tá falando..." 

Então o parto foi pelo SUS, com a equipe de plantonistas/ residentes, apenas uma delas eu conhecia de internação anterior. Os demais eu conheci na hora mesmo, tive que negociar meu plano de parto sozinha porque não consegui fazer contato com minha doula-obstetriz, ou seja, tive que botar meu empoderamento em prática em plena partolândia! Graças à Deus eu cruzei muitas pessoas bacanas do parto humanizado que dividem informações, leio muito e sou bem sintonizada com meu corpo e meus filhos, senão poderia ter sido totalmente diferente (pra pior). 

Acho interessante divulgar, porque tem muita desinformação e mitos sobre parto e amamentação de prematuro, pouca divulgação do método-canguru. E pra variar, estou gestando novamente! Tomara que dessa vez consigamos o PD!

_Paola, mãe da Mariana e da Manoela e do bebê na barriga.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Relatos: Partos Naturais Hospitalares


Engravidei a primeira vez aos 22 anos e confesso, não estava preparada psicologicamente para abraçar a maternidade. Ao contrário do meu marido, custei algumas semanas até digerir a informação de que, a partir dali, a minha vida seria diferente, muito diferente. Ele se fez pai antes que eu me descobrisse mãe.
O apoio dele e sua serenidade foram cruciais para me conduzir para o caminho que trilharia para maternar. E o mais importante: percorreríamos juntos.
Durante toda a gravidez aprendi a equilibrar medos e desejos, amadurecê-los para que deles nascessem as escolhas. E uma, das tantas que fazemos ao longo do percurso, foi a forma de trazer a minha filha ao mundo.
Bia nasceu de um parto natural super desumano. Lembro-me de como  estava assustada na entrada do hospital e do barulho de um portão se fechando. Lembro ainda de ter visto as lágrimas escorrendo do rosto do Paulinho do outro lado do portão e com olhares assustados nos despedimos.
Estive só durante todo o período em que fiquei hospitalizada. Sem acompanhante, sem apoio. Estava sozinha transformando medo em coragem. O trabalho de parto durou uma madrugada inteira, mais por falta de preparo, acredito eu. Instintivamente lutava contra as contrações, repelindo-as. A bolsa só veio romper quando eu estava com seis cm de dilatação e eu estava exausta e carente, aguardando pacientemente que alguém viesse me socorrer, trazendo algum conforto, no "sofredouro".
Entendi esse processo como uma metamorfose. A cada dor, me aproximava mais da minha filha. A cada dor, me aproximava mais da mãe que me tornaria. Com o dia claro, fui convidada a me fazer presente na sala de parto. Estava exaurida e a cadeira sugeria um parto na posição ginecológica. Tentei obedecer em vão... até que, seguindo meu próprio instinto, agindo de ímpeto, fiquei de cócoras, para espanto da plateia. Lembro-me do nervosismo da médica, que batia nas minhas pernas que com olhar duro e tom ameaçador disse-me que minha falta de cooperação mataria a minha própria filha. Foi então que fechei os olhos e me concentrei na que seria a última contração. Estava num universo paralelo, totalmente inebriada de sentidos, até que nascemos. Mãe e filha. E como gostaria de perpetuar a sensação de tê-la saindo de mim! É indescritivelmente mágico! Transformadora.
Cinco anos mais tarde, resolvi engravidar e, decidida, antes mesmo da concepção que teria mais um parto natural. Prometi a mim mesma que o segundo seria muito diferente do primeiro, embora o prazer do nascimento em si fosse um velho conhecido meu.
Fui muito feliz nas duas gravidezes, sem nenhuma intercorrência que merecesse cuidados especiais. O que me deixava mais tranquila para encarar o parto. Tudo estava indo muito bem, quando, na quadragésima semana, numa consulta de rotina, a obstetra que até então havia falado que esperaríamos o tempo que fosse necessário, resolveu intervir, tentando transformar meu sonho em frustração.
Fez uma guia de internação e pediu que eu desse entrada no mesmo dia. Alegou que o bebê estava com dorso à direita. Sinceramente, com tanta informação que temos acesso hoje em dia, achei que ela fosse usar uma desculpa mais elaborada. Saí de lá ciente de que EU poderia esperar um pouco mais.
Pedi uma ultrassonagrafia que comprovasse o bem estar do bebê, mas ela se negou. Ao sair, prometi que ligaria, quando desse entrada nos papéis e fui direto para o posto de saúde perto de casa e pedi uma guia de US.
O ultrassonografista foi um anjo!!! Disse que o bebê estava muito bem: batimentos cardíacos, quantidade de líquido, maturação da placenta e mesmo acusando um peso de 4.125kg, ele informou que há uma margem de erro de 600g para mais ou para menos, que eu não me preocupasse - era um incentivo. Ah! E o bebê estava com dorso à esquerda, vejam vcs! Garantiu ainda, que poderia esperar tranquilamente até as 42 semanas. E assim o fiz, sem médicos. Confiando na vida e no meu corpo.
Nos momentos finais, quando o cansaço apareceu para desmotivar, contei com a ajuda de uma doula-anja, a Gabi Zanella. Aprendi com ela que não devemos lutar contra as contrações, mas ter a consciência de que elas encurtam o caminho até o nascimento. Aprendi também que a respiração está intimamente ligada à vagina e que podemos através dela, controlar a dor. Aprendi ainda que sexo e chá de canela são ótimos para estimular o parto.
Até que chegou o dia em que estávamos preparados. Amanheci diferente, barriga baixa, pequenas dores...tomei o café da manhã com a minha filha que, a partir dali, deixaria de ser única. As contrações ficaram mais fortes, o que serviu para que eu espantasse a incerteza. O transporte levou a minha filha para escola e, sozinha, comecei a me preparar para a chegada do meu menino. Cantava, andava, sorria e chorava.
Andei por horas, só isso aliviava as dores das contrações. Respirava e vivia cada contração como quem vai ao encontro de alguém que se quer muito reencontrar. Para não correr riscos, pedi que me levassem para o Hospital Universitário de Florianópolis, pois tinha certeza de que só interviriam em caso de necessidade. Cheguei lá com seis cm bem vividos de dilatação.
Dessa vez, pude ter a presença de um acompanhante - o meu amigo, o meu parceiro, o meu marido. E como faz diferença tê-lo tido ali, a me reconfortar. Não senti dor, aliás nunca me senti tão consciente do meu corpo! Tudo o que fiz foi andar, enquanto silenciosamente e através de olhares conversava com o Paulinho. A bolsa foi rompida aos 8,5cm de dilatação. Tive tempo de tomar um banho e seguir para sala que havia escolhido previamente. A equipe me chamava pelo nome e me encorajava, apesar de não ter sido humanizado em todos os termos, sentia-me acolhida. Estava segura.
Fiquei de cócoras, fechei os olhos e nascemos. Mãe e filho. Chorei eu e chorou o pai. Esse de emoção, mas chorei por ter sentido mais uma vez um filho saindo de mim, chorei por ter estado ativa durante todo o processo, chorei de alegria...por ter confiado em mim e ter seguido adiante. Nos demos as mãos para receber o pequeno, que no meu colo ouviu baixinho "viste na hora exata, com ares de festa e luas de prata..."
Da primeira vez, queria mas não sabia que podia.
Da segunda vez, queria e nunca duvidei que conseguiria.

_Daniele Brito, 33 anos, mãe de dois. Uma menina de 10 anos e um menino de 4 anos e meio. Escreve o Balzaca Materna, um blog autoral.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Relato: Nascimento de Natália - Parto Domiciliar

Marcela nos contou ontem sobre seu 1o. parto, c/ o Relato: Nascimento de Nahuel. Natural, mas hospitalar. Nos escreveu enviando este relato que postamos hoje, de seu 2o. parto, já domiciliar, e ocorrido neste mês de janeiro, no dia 02. Memória e sensações frescas, Marcela ainda nos alegrou dizendo que tem acompanhado este Especial de Férias, c/ relatos de parto publicados diariamente. Quando sugeriu a publicação deste nascimento pedimos também do 1o. parto. Confiram, então, uma nova história!

Ainda não vi os vídeos e as fotos do nascimento. Acho que muitos detalhes eu já esqueci, mas ainda tenho algumas sensações frescas e nos últimos dias tenho tentado reviver cada momento na minha memória. Começo o relato do nascimento da minha filha usando uma metáfora: "A escalada"...

Eu tinha um mapa, que me mostrava um caminho a percorrer até chegar ao topo de uma montanha muito grande e íngreme. Comecei a seguir as indicações.
Apesar do mapa ser muito detalhado, o caminho parecia muito diferente, e eu não conseguia avistar a alta montanha que o mapa indicava. Quando eu pensava que já estava começando a subir, vinha então uma curva e o caminho descia novamente, me levando de volta ao ponto de partida. Tentei várias vezes seguir o mapa desde o início, dava voltas e voltas e não saia do lugar. Depois de tanto caminhar, comecei a ficar tensa, cansada, frustrada. Chorei, e tive medo de não achar o caminho certo. Precisava me tranquilizar, rever as indicações do mapa e decidi parar. Encontrei uma caverna. Nesta caverna havia uma fogueira que me aqueceu assim que entrei. O cheiro dentro dela era muito agradável, fresco. Tinha algum rio passando ali dentro, e o som das águas me tranquilizava. Entrei na escuridão, me aconcheguei e dormi. Quando acordei, me sentia renovada. Peguei o mapa, que era meu único guia e o joguei no fogo, já não precisava mais dele. Sai da caverna e continuava sem ver montanha nenhuma, mas na minha frente havia uma trilha que entrava numa mata fechada. Fui caminhando por essa trilha, que por vezes era difícil de caminhar, outras, muito fácil e agradável. Fui caminhando, mata adentro, cada vez mais densa, e sem me preocupar em me perder, só seguindo meus pés. Às vezes a trilha se perdia, mas eu continuava, para onde meu corpo queria me levar. Até que lá na frente vi um clarão, algo que indicava que estava próxima ao meu destino. Ao mesmo tempo que aquilo me dava ânimo para continuar, não conseguia acreditar que já estava tão perto. Continuei caminhando em direção àquela luz, o caminho foi ficando mais íngreme e difícil, e nessa hora, eu usava toda minha força para pegar um impulso e escalar com rapidez. E logo após ter subido um ponto difícil, parava para descansar, sem tirar os olhos do clarão.  Mais alguns passos, mais alguns impulsos e cheguei ao meu destino: o topo de uma montanha altíssima, majestosa, que me permitia olhar além do que eu imaginava, uma paisagem incrível. Era a minha montanha, e subi-la foi muito mais simples do que eu pensava, era só me deixar levar...

No dia 30, Suely, Thiana e família chegaram na pousada. Almoçamos e acho que nesse mesmo dia a Suely me examinou. Fez o toque e eu estava com seis cm de dilatação. Isso já indicava que faltava pouco, mas eu não sentia nenhuma dor e as contrações que apareciam de vez em quando eram quase imperceptíveis. No dia seguinte, 31 de dezembro, fez calor, e as horas passaram sem grandes novidades. À noite, depois da ceia de ano novo, comecei a sentir algumas pontadas, não eram contrações, eram umas fisgadas bem embaixo. A Suely achou uma boa ideia me examinar, e eu estava com sete ou oito cm de dilatação. Acreditamos que o parto aconteceria naquela madrugada, do dia 1° de Janeiro, e eu comecei a me preparar para as horas de contrações dolorosas. Já tinha convocado minha tia Leone, minha prima Amanda e minha prima agregada Gabriela para ajudarem com as panelas de água, o tambor, o fogo. A Thiana ligou para a Carol, que também participaria do parto. Gonzalo acendeu o fogo e ficamos ali em volta aguardando as contrações. Mas elas estavam muito suaves, indolores e irregulares, longe de serem as contrações que eu esperava/queria... Fiquei caminhando em volta do fogo, passeando pra lá e pra cá. A Amanda tocando tambor, Tia Leone esquentando as águas e enchendo a banheira, Thiana e Carol fazendo massagens pra induzir as contrações, Suely conversando comigo. O tempo passou voando, e nada daquele trabalho de parto que eu tanto esperava, aquela dor que eu tanto me preparei... Já perto das 5:00 da manhã, decidimos ir dormir.
Deitei na cama e me sentia muito elétrica, não conseguia fechar os olhos. Amanheceu, todo mundo foi tomar café, o dia começou, e eu com aquelas contrações fraquinhas, indolores e irregulares. Suely fez mais um toque, e acho que eu já estava com uns oito cm, e segundo ela, a cabeça do bebê estava bem embaixo... Aquilo era muito louco, estava quase com dilatação total, sem dor, sem nenhuma outra sensação e isso às vezes me dava uma sentimento de vulnerabilidade, insegurança...
Quando amanheceu, Suely pediu pra colocar um forró e mandou eu ficar rebolando com o Gonzalo, e isso estimularia o trabalho de parto... As contrações começaram a vir de quatro em quatro minutos, mas sem dor, muito leves... O único incômodo que eu tinha era nas pernas, um tipo de formigamento, que a Thiana e a Carol aliviavam com massagens. Fui ficando cansada, sentei na bola e as contrações se foram. Tentei dormir, descansar, mas não conseguia, seguia elétrica, com a adrenalina lá em cima e cada vez mais tensa. Ficava pensando que não ia conseguir ter as tais contrações e tinha muito medo de que a Suely me mandasse para o hospital. Mas, sempre que ela vinha me examinar, a bolsa continuava perfeita e os batimentos do bebê ótimos! Ela me tranquilizava, explicando que não havia motivo para se preocupar. Era só eu deixar de pensar, parar de querer controlar a situação e permitir que meu corpo trabalhasse.
No fim da tarde, tentei ir dormir mais uma vez. Das 15:00 às 18:00 tive contrações irregulares, indolores, e pra mim, mais uma vez inofensivas...
Até que cheguei à conclusão que precisava dormir de verdade, antes de ficar contanto as contrações... Fui para o quarto, dentei na cama e fiquei rolando de um lado para o outro, sem conseguir relaxar, com a cabeça a mil por hora. Não, o parto não ia acontecer daquela maneira. Anoiteceu, pedi que o Gonzalo me fizesse uma massagem nas costas, que já doíam de tanta tensão. Perto das 23:00, o Gonzalo sugeriu que a Thiana e a Carol me fizessem uma massagem mais completa. Ele aproveitou para dizer a todo mundo (tia e primas) que estava de plantão que fossem dormir.  A única que ficou na pousada foi minha mãe. Thiana me mandou entrar no chuveiro, me preparou um escalda pés com sal grosso e fiquei ali, sentada na bola, com os pés no balde. Gonzalo foi se deitar para tentar descansar também. Thiana e Carol prepararam o quarto ao lado, com aromatizante, luz de velas, música relaxante. Deitei num colchão no chão e elas me massagearam, não sei por quanto tempo. Uma delícia, tão relaxante que acho que cochilei. Em algum momento senti uma contração forte, a mais forte que havia sentindo desde então. Senti o sono chegando, senti meus pensamentos lá longe. Percebi que a massagem tinha terminado, mas não percebi elas saindo do quarto. Alguns minutos depois senti mais contrações doloridas, e notei que estavam regulares. Não consegui calcular o tempo entre elas, nem o tempo em que fiquei ali. Elas começaram a ficar mais e mais fortes, e eu fiquei “curtindo” aquela viagem, inspirando fundo, expirando com a boca aberta, como a Thiana tinha me ensinado nas aulas de Yoga. Aproveitei para sonorizar a dor. Inspirava fundo, expirava dizendo “ahhhhhhhhhhh”. Me concentrava no som que saia e isso era muito agradável, tornando as dores muito suportáveis... Agora tinha certeza que a hora tinha chegado. Chamei o Gonzalo, que foi avisar a Suely e as meninas. Não consigo me lembrara exatamente o que acontecia enquanto eu fazia “ahhhhhh”, mas me lembro muito bem das cenas quando as dores davam uma pausa: Suely mandando Gonzalo ir esquentar as águas para a banheira; Thiana me massageando forte na região lombar; Carol me dando algo para tomar; Me lembro do gato observando tudo ao meu lado. Suely perguntando onde doía, me examinado, depois ela chamou o Gonzalo e disse pra ele desencanar das águas, não daria tempo de entrar na banheira, eu já ia ter vontade de fazer força.
-Fazer força? Daqui umas 3 horas, não? – perguntei.
-Não, já já – Suely respondeu.
Escutei o galo cantando e me assustei: “já amanheceu?”.
-Não, o galo é que está cantando antes da hora - me esclareceu Thiana.
Prepararam o quarto, me  levantei entre uma contração e outra e me sentei no colo do Gonzalo. Na minha frente, 3 anjos...


Por um lado, me sentia incrivelmente feliz, porque a hora tinha chegado. Por outro lado, não conseguia acreditar que já estávamos no fim, porque me preparava para o momento em que a dor seria insuportável, em que eu não fosse conseguir dar conta, o momento em que iria implorar por anestesia. Este momento nunca chegava, nunca chegou. As contrações eram fortes, mas me pareceram curtas e o intervalos entre elas longas o suficiente para respirar e me preparar para a próxima. Então senti a pressão, a vontade de empurrar, fiz força. Gritei várias vezes, pra mim, um grito de bicho. A contração ia embora e eu dizia alguma coisa. Ela voltava e eu gritava com gosto.
A Suely disse que o bebê era cabeludo, coloquei a mão e senti algo muito estranho entre minhas pernas. Suely pediu um espelho, a bolsa ainda estava intacta e era uma imagem incrível. A contração deu uma pausa e pude dizer:
-Nossa, parece uma lichia...
-Sim, parece uma lichia... a bolsa vai estourar a qualquer momento – nos preparava Suely.
Quanto mais minha filha se aproximava, mais vontade eu tinha de empurrar. Elas começaram a cantar algo em espanhol. Me lembro de ter escutado aquela música em algum lugar, tenho que perguntar ainda que canção era aquela - Rosa Zaragoza, em Sabemos Parir. Agarrei no pescoço do Gonzalo, agarrei na perna do Gonzalo, agarrei na minha perna e gritei. Senti ela descendo. Mais uma vez, mais uma vez e a cabeça saiu. A próxima contração veio e empurrei por última vez, e o corpinho deslizou.
Olhei para baixo e a vi, nas mãos da Suely. Que vontade de gritar mais uma vez, de alegria... Gonzalo me dizia que eu tinha conseguido. Ficamos ali hipnotizados.
Alguns instantes depois, ela veio para o meu colo e foi maravilhoso. E ela veio direto para o meu peito. Mamou forte. A placenta saiu, Gonzalo cortou o cordão. Ficamos ali curtindo nossa filha.

Ela é perfeita, forte, linda!
Parece que desde o momento que as contrações doloridas começaram até a hora do nascimento se passou menos de uma hora. Mas, todo o processo de trabalho de parto foi longo, lento, cheio de inícios, pausas e grilos, muito diferente, mas muito melhor do que eu imaginei. Foi mágico! Foi um dos momentos mais intensos da minha vida.
Foram avisar a minha mãe, que também não conseguia relaxar nos últimos dias e estava de plantão. Ela chegou trazendo um leite com aveia e muitas lágrimas. E, então, fomos dormir na nossa cama. O Gonzalo trouxe o Nahuel, que quando deitou ao lado da irmã, abriu os olhos e lhe fez uma carícia na cabecinha: o bebê da barriga da mamãe tinha finalmente chegado.

OBS: Tínhamos escolhido o nome Tainah, caso fosse menina, mas poucos dias antes do parto tive um sonho onde chamava por minha filha, e, no sonho, seu nome era Natália. Assim ficou...

Natália nasceu com apgar 10/10. Peso: 3,375gm. Tamanho: 50cm.

_Marcela Mölk, Designer de Interiores, mãe de Nahuel e de Natália.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Relato: Nascimento de Nahuel - Parto Natural Hospitalar


Quando engravidei estávamos vivendo na Áustria, onde todo o pré-natal foi acompanhado por uma médica homeopata. Durante os nove meses ela me orientou para que caminhasse bastante, tomasse alguns chás, fizesse acupuntura e massagem no períneo.
Fomos conhecer a maternidade da cidade. Os quartos de pré-parto e parto eram lindos: com banheiras, banquinhos de parto, cordas que saiam do teto para a gestante segurar na hora da força, com decoração aconchegante... Para o parto poderíamos levar o que quiséssemos: algum CD com músicas preferidas, alguma coisa que eu gostasse de comer etc...
Já estava de 40 semanas e quatro dias de gestação, alguns cm de dilatação, mas até então, nenhum sinal de que o bebê chegaria logo. Na última consulta, a médica me disse que eu teria um parto lindo e rápido.
Nesta noite estávamos vendo televisão, quando senti o bebê se mexer e uma dorzinha... dali há uns 15 minutos reconheci outra pequena contração. Continuamos a ver TV e comecei a sentir mais contrações, em períodos curtos, mas como não eram regulares e não haviam dores,  não acreditei que a hora tinha chegado. Não havia nenhum programa interessante, mas continuamos a ver a televisão... então, fui uma vez  ao banheiro, depois  mais uma e mais outra. Decidi tomar banho, e ai debaixo do chuveiro senti uma contração mais forte, mas estava  tão gostoso debaixo da água quentinha, que não me incomodei. O Gonzalo vinha a cada minuto com um papelzinho na mão perguntando quando havia tido a última dorzinha... e eu dizia: “ah sei lá, acho que há dois minutos...”.
Voltei pra cama e mais “contraçõezinhas”, depois de meia hora, fui tomar banho de novo, porque era muito relaxante a massagem que a água da ducha fazia nas minhas costas, exatamente onde sentia as dorzinhas. Quando sai do banho, vi um pouco de sangue e ai pensei: "putz, agora temos que ir para o hospital!
Desde a primeira contração até este momento haviam passado duas horas. Gonzalo chamou um taxi.
Pegamos as malinhas e fomos. Quando desci do apartamento, pus cara de “leva a gente pro cinema”, pro motorista não desistir de me levar pra clínica. Felizmente era uma mulher quem dirigia o taxi! Ela me olhou e disse:
            -Como você se sente?
            -Bem, ainda temos tempo, não se preocupe.
            -Ok, sem problema...
 O carro era tipo uma van, e eu pensei: “ah, um carro perfeito para um parto!”.
Entramos e ela parecia estar super emocionada com a aventura de levar uma grávida às 23:45 para o hospital. O melhor de tudo é que ela sabia exatamente em que porta tinha que deixar a gente. Era uma taxista muito gente boa!
Entramos no hospital e as contrações começaram a ficar mais fortes. Me perguntaram desde quando eu tinha as contrações e mandaram a gente se sentar na salinha de recepção. Depois de cinco minutos veio uma enfermeira e nos levou para a sala de parto. Mandou eu tirar a roupa e esperar. Foi nesse momento que vi que a coisa vinha pra valer, porque comecei a sentir dores mais fortes e frequentes como nunca.
Eu dizia pro Gonzalo: “diz pra parteira que eu quero ter na água! Põe o CD com as músicas para o parto!”.
A parteira veio me examinar e quando foi medir a dilatação a bolsa estourou e ela disse: “uau! Você já tem nove cm de dilatação! Muito bem! Vai ser super rápido!”.
Conclusão: não deu tempo de ir para a banheira, todo mundo se esqueceu das músicas e a aventura do parto começou.
Contração atrás de contração e não me lembro exatamente as coisas que pensava nesse momento, só sentia coisas pelo corpo que eu não conhecia e não conseguia controlar. Cada contração era um golpe, e quando elas iam embora, sentia um alivío imenso. Nessa hora aproveitava para respirar com mais tranquilidade e tentar reunir energia para a próxima contração.
A dor de parto foi a única dor que senti que não sei como explicar, como comparar. Me lembro muito mais das dores no dentista, da tatuagem e piercing. Com outras dores cheguei a chorar, às vezes  tremer... com a dor do parto minha reação foi gritar, me sentia meio bicho. E o Gonzalo tentava me trazer de volta, e me lembrava que tinha que respirar. Daí já se vê como foi importante tudo o que a gente aprendeu durante a gravidez. Respirar fundo me ajudava muito, mas era difícil controlar. Também não tinha muita noção do tempo, cheguei a olhar o relógio na parede, mas não o que ele me indicava.
Me lembro que a parteira e o médico diziam: “vamos, você tem que empurrar agora!”. Mas, que era empurrar mesmo? Então senti uma pressão super forte, e meu corpo já fazia tudo sozinho... mesmo que eu não quisesse, era impossível  não fazer força!
Depois de um tempo já me sentia muito cansada, e dizia pro Gonzalo: “não quero mais! Não consigo mais! Em que cilada me meti?”.
O médico me injetou alguma coisa no braço. Eu pensei que era algum tipo de anestesia, mas não, era ocitocina...
A parteira dizia: “estou vendo o cabelo, vamos, empurra mais!”.
E eu  tentava reunir toda a força do planeta, empurrava e gritava!
Em um momento ela pegou a minha mão e colocou no meio das pernas. Senti uma coisa meio mole, estranha, e ela me disse que era a cabeça!
O médico então chamou outra parteira, que veio pro lado da cama, colocou a mão na minha barriga, e deu um empurrão e senti que algo pulava pra fora de mim. A cabeça havia saído, e ele tava roxinho.
Gonzalo dizia: “Vamos chuchu, já saiu a cabeça, falta só mais um pouco.”.
O expulsivo estava demorando muito. Só mais tarde eu fui entender que o bebe era muito grande e as manobras realizadas pelas parteiras foram necessárias. A parteira que estava na minha frente agarrou a cabeça do bebê e começou a puxar,  e vi ela desenrolando o cordão do pescoço dele. Acho que essa foi a pior parte, porque sentir ela puxando o bebê me causava muita dor.
E eu fazia força, fazia força, mas não conseguia terminar com aquilo. Então, com  a segunda ordem do médico, a parteira ninja, desta vez com a mão aberta, apertou a minha barriga e senti que algo escorregou para fora, e foi o maior alívio que senti na minha vida. Já não havia dor nenhuma e a sensação foi uma maravilha.
Olhei entre minhas pernas e vi um corpinho todo mole, e a ficha só caiu quando Gonzalo disse:
            -"Es un machito!".
Então entendi que NAHUEL havia nascido! Eram 2:15 de manhã do dia 17 de Julho.
O Gonzalo  cortou o cordão e em seguida colocaram aquele corpinho em cima de mim, e fiquei ali, sentido aquela coisinha quente. E foi nessa hora, desse jeito que amamentei pela primeira vez!

Já nem me lembro direito o que foi feito depois. Não vi e não senti a placenta saindo.
Entre a entrada na sala de parto e a saída de Nahuel, haviam passado duas horas.
Já com Nahuel vestido, fui levada para o quarto, e não me lembro mais de nada. Toda aquela dor que havia passado já estava esquecida, já não tinha nenhuma importância. Gonzalo ficou comigo e dormiu numa cadeira que havia por lá.
Quando amanheceu, começou a rotina com os bebês. Fui tratada como rainha, e Nahuel como um príncipe. Tirando a minha companheira de quarto, que não era muito simpática, tudo era maravilhoso: os médicos, as enfermeiras, a cama, a comida... e com todo esse apoio, papai, mamãe e filhote fomos nos conhecendo e aprendendo um montão de coisas.
Nesse dia fez um calor terrível, e sofri um pouco pra dormir. Mas, na madrugada esfriou e choveu e na manhã do dia 18, olhei pela janela e as montanhas estavam cheias de neve. Sim, neve em pleno verão! Que sensação estranha... aquela paisagem, que vejo todos os dias, já tinha outro sentido pra mim.
Eu acho que no final todos aqueles chás que tomei, as massagens, a acupuntura me ajudaram. Recomendo as outras futuras mamães!

_Marcela Mölk, Design de Interiores, e mãe de Nahuel e de Natália.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Relato: Nascimento de Luna - Parto domiciliar

* Post republicado *


Não Sei..

Não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve,
palavra  que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo. É o que dá sentido à vida!

É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira,  pura, enquanto durar...

Cora Coralina


Conto hoje uma linda história, de uma pequena garotinha chamada Cora, que pode vivenciar o nascimento de outra pequenina, a Luna, em sua casa, em um grande e delicioso susto!

No dia 07 de janeiro Flávia entrou em trabalho de parto. Contando com a presença de sua doula Gisele, mãe de Cora, recebeu a cria junto de seu companheiro Leandro sem conseguir há tempo ir para o Hostital Santa Martha, em Niterói, local programado para o parto. De doula, Gisele passou a aprendiz de parteira, pegando em seus braços este novo serzinho que por aqui aterriza!


Luz de Luna!

Cora desenhou este mágico momento com uma sensibilidade de tirar o fôlego. Muitos suspiros!

Dois sóis, muitos corações, espirais energéticas, a mãe com o ventre todo decorado, ao lado da filhota, junto de um terceiro elemento, em um ninho de muito, muito amor!

Pura ocitocina no ar!

Abaixo o desenho da pequena que desde cedo experimenta o sagrado feminino e o relato de Gisele, compartilhado por email após o parto!



"Querid@s, agradeço a ajuda de todos durante o trabalho de parto da Flávia. Ela desejava um parto domiciliar, mas não tinha condições finaceiras para tal e optou pelo parto hospitalar, com o acompanhamento do Rodrigo Vianna (em Niterói, local que o plano cobria o parto) e eu como doula. Como Flávia mora no Rio e não tem carro, quis vir aqui pra casa há dois dias, quando começou a sair o tampão, para aguardar o TP. Assim foi e ela veio na quarta. A fase latente (fase inicial do TP) começou ontem e era dia de consulta com o Rodrigo. Lá ele disse que tava muito no início e para ela ficar tranquila e que provavelmente ainda demoraria. Por volta das 22h o humor mudou e ela começou a ter umas contraçõeszinhas mais chatas, mas sempre falante. Por volta de meia noite ela estava com sangramento no momento das contrações e aí veio a dúvida. Para mim, ela estava em início de trabalho de parto. Tinha contrações de cinco em cinco minutos e com intervalo às vezes maior. E só duravam 30 segundos. Não passou disso. E aí quis perguntar a alguns conhecidos mais experientes se era normal sangrar assim na fase latente. Ela se queixava que era forte e que sentia vontade de empurrar. Mas, dizia também que não sabia se era vontade de fazer cocô. Como os TPs que acompanhei a fase ativa era bem "punk", para mim ela estava realmente no início e nem dei muita "trela". Ficava junto, mas levantava, fazia coisas e ela reclamando um pouco, mas dando conta das contrações, sentada na poltrona da sala. Ficou assim o TP todo. Só levantava pra ir ao banheiro achando que ia fazer cocô. Como ela estava insegura com o sangramento (que era pouco) e combinei de esperarmos amanhecer para irmos para maternidade. Ela topou. Só que às 3 e meia (mais ou menos), ela foi ao banheiro e sangrou bastante e eu só tinha visto assim em fase de expulsivo. Liguei pro Rodrigo, expliquei e disse que as contrações eram curtas e irregulares. Ele disse que podia ser normal, mas que era melhor avaliar e combinamos de ir ao hospital. Quando desliguei ela estava acocorada no chuveiro empurrando e dizendo que queria ir pro vaso e que tava sentindo a cabeça da neném. Olhei pra vulva e vi aquela bola preta se apresentando! Gelei! Disse pra não empurrar e pro marido tirar ela do vaso. Colocamos ele sentando no vaso e ela sentada em cima dele, bem aberta, bem entregue. Corri e busquei uma luva estéril, que resolvi comprar quando rolou uma discussão na lista de doulas sobre "a bolsa da doula" e Ana Cris (parteira) postou que achava importante porque já tinha usado 12 vezes em sua carreira de doula (12 partos emergenciais). E me coloquei de cócoras, a esperar pela Luna, aprontando uma "caminha" no chão. Tive receio de uma intercorrência após o nascimeto. Foi o único medo que senti, pois do jeito que aquela bebê estava vindo, percebi que não teríamos problemas no parto. E eu disse: não faz força, Flavinha. Não vamos ajudar (brincando um pouco e um pouco nervosa). Se ela tiver que vir em casa, vai vir sozinha! E assim foi. Flávia se abriu na contração sem fazer nada e começou a sair a cabeça. Ela se queixou e perguntei se tava ardendo, ela respondeu que sim e eu disse que já ia passar, que era o "círculo de fogo". Ela se tranquilizou, abriu mais as pernas e saiu a cabeça, daquele jeito clássico, "olhando pro lado", igual nos filmes (risos) e com muito líquido (até então não notamos a ruptura da bolsa). E ficou lá, assim, por alguns minutos. E Flávia, tranquila, começou a acariciar a cabeça e falar com a nenén. E quando notou que ela se mexia (dentro do corpo dela), sorriu e eu disse pra aguardar a próxima contração que ela sairia. E quando veio, Flávia gemeu e eu disse pra vocalizar, não forçar. Ela vocalizou e a bebê nasceu todinha, fazendo o giro perfeito dos ombros e vindo toda nas minhas mãos. Entreguei ao casal, ela logo chorou forte, muito vigorosa e reativa. Nem lembramos de ver a hora! Depois fizemos as contas e achamos que foi às 4h10 da manhã. Foi muito lindo! Liguei pro Rodrigo que me ensinou o que fazer quanto a amarração do cordão e fizemos com fio dental. Cortamos depois de um tempo e a placenta demorou mais de uma hora e meia para sair. Isso preocupou a Flavinha e combinamos de ir ao hospital encontrar com o Rodrigo por conta disso e por conta da Declaração de Nascido Vivo (DNV). Lembrei da oração de Santa Margarida para a placenta e fizemos. Logo depois a placenta saiu! A felicidade foi completa! Agora estamos tod@s felizes! Luna mama muito, já fez muiiiito cocô e dorme bem. Grande abraço e muitos agradecimentos (ocitocinados) pelas boas energias de tod@s. Com Amor."

Gisele Muniz


TP - Cora atuando em sua 1a. massagem para o parto.

Conheça o blog Mar de Mães de Gisele, também educadora perinatal - http://giselemuniz.blogspot.com/2011/01/luna-chegou.html#comments.

Gratidão por compartilhar outras possibilidades de parir e nascer, com carinho e respeito! Depoimentos como estes impulsionam ainda mais nossos sonhos!

* Fotos Acervo Pessoal de Gisele Muniz.

sábado, 19 de janeiro de 2013

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Relato: Nascimento de Alice - Parto Normal Hospitalar - Parto na água

Publicado originalmente no post Relato de Parto - Alice, picolina e pé-vermelho, nasceu na primeira banheira hospitalar da região norte do PR


Andrea, Luis e Alice: todo mundo junto em TP, porque a união traz a força.
Contração e descontração durante o longo expulsivo.
Porque a dor é amiga; traz a vida que tanto amamos.
É Alice que chega, a picolina-pé-vermelho.
Conheça hoje a história do nascimento da Alice, a londrinense que estreou a banheira do Hospital Evangélico de Londrina, PR. Confira aqui a reportagem que noticiou como a nova arquitetura hospitalar favorece o parto normal.
- GRÁVIDA - Quando cheguei no consultório do Alessandro Galletto e ele disse que eu não tinha nenhum cisto (pois o médico da ultrasom disse que havia), comecei a chorar, pois minha menstruação estava atrasada já há mais de 20 dias e eu jurava que era por causa do "cisto" ... eu sabia que estava grávida naquele momento, e tinha certeza de quando havia concebido minha filha. Na Páscoa!
O Alessandro pediu um exame para descobrir o motivo do atraso da menstruação, mas eu sabia o motivo... fiquei feito barata tonta, pois queria muito contar para o Luis e ele estava viajando e só chegaria no final da tarde ... não sabia o que fazer!! Fui ao mercado, dei a volta em todo ele sem colocar nada no carrinho, fiquei lá mais de uma hora. Eu precisava ver o Luis. 
Quando ele me ligou eu comecei a chorar de um lado e ele do outro. Nos encontramos e foi uma noite maravilhosa que tivemos de amor, amizade, cumplicidade e intimidade.
No dia seguinte pegamos o resultado já sabendo qual era, e realmente deu positivo! Estava grávida. Que alegria, e brinco que fiquei tão feliz, tão feliz que não cabia em mim e um pedaço da felicidade saiu depois de 9 meses - a Alice.
Tive uma gravidez super tranquila. Apesar de uma diabetes gestacional, super controlada.
Nos preparamos, lemos livros, vimos vídeos, conversamos com pessoas, buscamos informações a respeito de um parto natural na água, pois foi o que sempre quis, desde o dia em que vi a exposição de algumas fotos na biblioteca municipal de Londrina em 2009.
Procurei o GO Alessandro Galletto porque sabia que ele poderia me ajudar a ter o parto que tanto sonhava. Mas, estava complicado, a banheira do H.E. nada de funcionar e a tal piscina foi difícil de encontrar, já estava me conformando com um parto natural no quarto mesmo, sem água!
No dia 20/12/2010 comecei com algumas contrações espaçadas e na mesma noite fui ao hospital e estava com 1 de dilatação. Uauu, me achei!!
No entanto, esta ida ao hospital deu uma esperança no tão sonhado parto na água, a enfermeira disse que a semana anterior a banheira havia sido estreiada, no entanto, sem sucesso, pois a mulher não conseguiu dar à luz lá e teve que fazer uma cesárea.
Na hora falei com o Alessandro e ele disse que era preciso falar com o hospital (questões financeiras R$).
Fomos para casa, não dormi, pois as contrações estavam cada vez mais curtas e fortes... fiquei perambulando pela casa a noite toda!!
No dia seguinte tinha retorno com o GO - 13:30 da tarde e já estava com 5 de dilatação. Saindo de lá fomos no H.E. saber da questão R$, no entanto, infelizmente para nós ficaria fora de possibilidade. Então, já estava conformada, teria a bebê no quarto sem água mesmo, numa boa, e estava muitoooo felizz com a idéia e com o momento, pois ela estava chegando, a hora tão esperada estava cada vez mais perto.
Chegando em casa liguei para a Pata e ela chegou rapidinho... e eu com as contrações, recebendo massagens, carinhos do Luis, mas estava numa boa, esperando a Alice, minha picolina. Não via a hora de encontrá-la, de olhar em seus olhos, de beijar e amarrr!!
Quando foi umas 21:30 ligamos para o Alessandro que pediu para irmos ao hospital saber como estava indo as coisas... chegando lá estava com 7 de dilatação, então achamos melhor eu ficar para ir familiarizando com o ambiente. Quando de repente ele fala para a enfermeira, "vá enchendo a banheira" ... Na hora eu olhei para o Luis e disse para ele avisar o Alessandro que não iríamos fazer na banheira... e o GO disse, vão sim, o hospital vai dar de presenteeeeeeeeeee!!!
Não acreditei, fiquei bobaaa, era tudo o que queria ... Agradeci a Deus em meu coração e bora para lá, (o que demorou um bocado, tipo quase 2 horas para eles nos levarem para o quarto).
No quarto, a Pata e o Luis pediram um lanche e eu, morrendo de fome, tive que ficar no suquinho ...
Fiquei um tempãooo no chuveiro, eu e a Alice, nos preparando, foi delicioso este momento nosso!! Com 9 de dilatação fui para a banheira treinar a "força" , a bendita "força"... E por lá fiquei aproximadamente 6 horas, entre saindo e voltando para a banheira.
O clima estava bom. O Luis levou cds que eu adoro, ficou comigo o tempo todooo, namoramos, fizemos planos, imaginamos como seria a pequena e ali ficamos um tempãooo...
Até que eu fui cansando, cansando, não haviam mais contrações, e olha que eu cutucava a barriga, falava com a Alice, sentia seus cabelinhos, mas nada... estava eu e eu fazendo a força. Lembro de perguntar para a Pata se podia descançar, estava muitooo cansadaa, queria que acabasse logo, queria ver minha filha, tornar-me verdadeiramente mãe. Amar mais, beijar, lamber minha cria! Mas, nada!! Só força, eu e o Luis me ajudando, SEMPRE!
Até que a Pata levantou; na hora eu sabia que vinha alguma coisa para me ajudar, e veio uma ocitocina, e foi só pingar umas gotinhas para eu começar a ter as contrações novamente e fazer a forçaa... quando escuto o Alessandro dizer, "não para ,não para, ela está vindo e tem circular no pescoço, não pode parar"... fiz uma força que veio de toda a minha natureza, senti ela saindo, e esta sensação foi rápida... peguei a pequena da água, e ela estava quietinha, toda aberta, com os braços, pernas, mãos, olhos, parecia uma estrela... eu mãe de primeira fiquei assuntada com a molezinha da bebê, não imagina que eram tão molinhos, tão pequeninos... mas estava tão feliz, sentindo aquele cheiro, aquele gosto. Não lembro direito o que aconteceu depois, só sei que aquele cheiro, aquele gosto estão em mim e irão ficar para sempre.
A Alice ficou no meu peito dentro da banheira, comigo e com o pai dela. Tornamos uma família. E para nós, somos as pessoas mais felizes deste mundo.
Agradeço a Deus, por me oportunizar a ter o parto que sonhei. Ao Luis por estar ao meu lado sempre. Agradeço a Pata pelo seu apoio, olhar, palavras e silêncio, ao Alessandro pelas mãos que me ajudaram, e ao Marcos Vinicius, pela frase: "Agora ela está no momento de transformação de feto em gente".
Obrigada ao Gesta, que mesmo na maioria das vezes virtualmente me encorajou. Agradeço de coração a todos; agradeço a natureza por ser tão sábia e permitir que a mulher tenha seus filhos de maneira tão linda, tão forte e tão empoderadora.
Obrigada Filha, pela tua vida em minha vida.
Obrigada Mãe, pela minha vida em tua vida.

Déa - 32 anos
Mama da Alice - 27 dias
Londrina -PR

Bem-vinda Alice, com amor e respeito!


À família, o nosso muito obrigada por compartilhar sua história.

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