segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Estar grávida no Brasil

Por Maria do Carmo Leal
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro

A gravidez é um tempo de muitas mudanças e expectativas na vida da mulher e das suas famílias porque implica novas responsabilidades afetivas, sociais e legais, decorrentes da maternidade. No ano passado, apenas 45% das gestações que terminaram em nascimento foram planejadas para acontecer no momento em que ocorreram. Embora 97% das gestantes brasileiras tenham realizado consultas pré-natais e 99% dos partos tenham ocorrido em hospitais, persistem problemas na qualidade da atenção oferecida (Lancet 2011; 377:1863-76).


Segundo dados de estudo realizado no Rio de Janeiro em hospitais do Sistema de Saúde Suplementar, durante a gestação a mulher vai mudando de opinião sobre o tipo de parto. No início, mais de 30% delas gostariam de ter um parto cesariano, ao chegarem à maternidade, 70% haviam se decidido pela cesárea, mas, ao saírem das maternidades, apenas 10% tiveram um parto por via vaginal. O medo da dor foi o principal motivo alegado inicialmente para desejar fazer uma cesárea e continuou sendo importante para ela mudar de opinião durante a gestação. Foi protetor estar bem informada sobre as vantagens do parto
vaginal e o desejo do companheiro por esta modalidade de parto (Ciência Saúde Coletiva 2008; 13:1521-34).

A cesariana é uma cirurgia que não deve ser banalizada, pois aumenta o risco de hemorragia pós-parto, infecção, admissão em UTI, mortalidade e em gravidezes futuras de placentação anormal, ruptura uterina, dentre outros. Para o recém-nascido são reportados maior necessidade de suporte ventilatório ao nascer e maior uso de UTI neonatal.

Nos serviços públicos brasileiros as gestantes que fazem parto vaginal também são submetidas a uma excessiva manipulação, ficam presas ao leito, impedidas de deambular e se alimentar, usam ocitocina e dão à luz em posição de decúbito dorsal, com o auxílio de episiotomia. Esses procedimentos não são hoje recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

O modelo de atenção, baseado em tecnologias apropriadas para o parto e nascimento (também conhecido como parto humanizado), conduzido por enfermeiras obstétricas (midwives) e encontrado em quase todos os países europeus, tem ótimos resultados perinatais e está em franco contraste com o modelo que temos implantado aqui no Brasil. Com mais de 50% de cesarianas, cada vez mais as mulheres brasileiras têm parido anestesiadas, passando pelo processo do parto sem sentirem dor, mas também sem sentirem acontecer o próprio nascimento dos seus filhos. Por outro lado, a maioria dos nossos bebês tem sido retirada do útero pelos médicos, ficando subtraídos dessa experiência humana vital e tão significativa. Não temos nenhuma avaliação dos resultados do nosso modelo extremamente medicalizado de atenção ao parto sobre as crianças a médio e longo prazo, mas podemos reconhecer, sem muito esforço, que ele se constitui em uma ruptura com a maneira como nasceram as gerações brasileiras anteriores e que, do ponto de vista populacional, é uma experiência não avaliada previamente.

Está em curso no país um movimento pela adoção de um modelo de atenção baseado em tecnologias apropriadas para o parto e nascimento. Iniciativas importantes do Ministério da Saúde, tais como o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, a Lei do Acompanhante, o Programa de Qualificação das Maternidades no Nordeste e Amazônia Legal e, mais recentemente, a Rede Cegonha, são exemplos desse esforço. Em paralelo, verifica-se um renascimento dos movimentos sociais das mulheres pelo resgate do protagonismo da mulher na condução do seu parto e do nascimento dos seus filhos. Existe hoje um consenso de que se necessita urgentemente reformar o modo de atender ao parto e nascimento das mães e crianças brasileiras.

Fonte: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n8/01.pdf

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

VI Encontro de Obstetrícia e I Encontro Internacional de Obstetrícia na USP Leste, em São Paulo

Já na sua sexta edição, o Encontro Anual de Obstetrícia agora passa a ser organizado pelo curso em conjunto com a Associação de Alunos e egressos do curso, uma entidade criada para defender os interesses de obstetrizes formados ou em formação. O Encontro é uma oportunidade de congregar todos os alunos, docentes, egressos e também pessoas das mais diversas áreas de conhecimento que atuam na defesa da Obstetrícia.

Hoje, das 14 às 18h, teremos o curso "Cidadania e participação política: Construindo os caminhos da Obstetrícia no Brasil", ministrado pela docente do curso de Obstetrícia Elizabete Franco Cruz.

Já no dia 26/10 teremos uma mesa intutulada de "Experiências internacionais na formação de obstetrizes" composta por Lorena Binfa, Carolina de Oliveira Duff, Amélie Lecorné e Célia Regina Maganha e Melo docentes de cursos de Obstetrícia no Chile, Nova Zelândia, França e Brasil.

À tarde teremos nossas tradicionais oficinas, que esse ano estarão dispostas em dois horários: das 14 - 15:45 e das 16:15 às 18h. A escolha pela oficina desejada deverá acontecer no ato da confirmação de inscrição, no dia 26, a partir das 8h, portanto, se programe para chegar com antecedência para garantir sua vaga na oficina desejada.

PROGRAMAÇÃO

Dia 25/10

Inscrições e recepção
13:45 - 14:00h

Cerimônia de abertura - Profa. Dra. Nádia Zanon Narchi - Coordenadora do Curso de Obstetrícia da USP
Carla Azenha - Presidente da AO-USP

14:00 - 18:00 - Curso "Cidadania e participação política: Construindo os caminhos da Obstetrícia no Brasil"
Profª Drª Elizabete Franco Cruz

18:00 - Encerramento do primeiro dia

Dia 26/10

08:00 - 08:45 - Inscrições e recepção

8:45 - 09:00 - Abertura c/ a Profa. Dra. Nádia Zanon Narchi - Coordenadora do Curso de Obstetrícia da USP
Carla Azenha - Presidente da AO-USP

09:00 - 12:00 - Mesa redonda: Experiências internacionais na formação de obstetrizes
Coordenação: Célia Regina Maganha e Melo
Participantes: Lorena Binfa - Chile; Carolina de Oliveira Duff - Nova Zelândia e Amélie Lecorné - França

12:00 - 14:00 - Almoço

14:00 - 15:45 - 1º período de oficinas

15:45 - 16:15 -Coffe Break

16:15 - 18:00 - 2º período de oficinas

18:00 - Encerramento do evento

Confiram aqui as oficinas oferecidas, e faça sua inscrição pelo link - http://www.aousp.com.br/viencontro/inscricao.htm

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobre violência no parto

Com os olhos rasos d´água posto um vídeo c/ um relato sobre violências e desrespeitos no parto, via Mamatraca, c/ Priscilla Perlatti, uma das autoras do site, e tb do Mãe de Duas. Nele Priscilla conta como foi submetida a uma cesárea, c/ 40 semanas, na 1a. gestação, e a um parto hospitalar, da segunda filha, c/ muitas intervenções.


O tema vem sido tratado por diversos blogs, inclusive em blogagens coletivas, e tb na nova ação - Postagem Coletiva, que o Blog Parto no Brasil, Cientista que virou mãe, Mamíferas e GEMAS produziu p/ chamar outros relatos gravados que serão exibidos no 10o. Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Porto Alegre, em novembro, portanto, você que foi violentada compartilhe conosco sua história, e que as feridas e dores sirvam p/ semear novos frutos por partos respeitosos, p/ outras mulheres!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Entrevista com a parteira Naolí Vinaver sobre seu próximo encontro - “Nossas Relações Amorosas e Sexuais”



Confiram a entrevista gentilmente cedida pela parteira mexicana Naolí Vinaver, que reside atualmente em Florianópolis/SC, e facilita vivências e encontros sobre a natureza feminina, sendo que nos dias 02 e 03 de novembro acontecerá um novo encontro p/ compartilhar sobre relações amorosas e sexuais.

Por Elli

Como nasceu a ideia deste encontro?
No ano 1987 comecei meu caminho como parteira. Nesse andar tenho descobrido muitos segredos da natureza, da fisiologia e da emocionalidade humana. Entre outros, o fato que a gravidez começa através do fluir da energia sexual, que é energia VITAL na sua mais pura forma. Mas da mesma forma, a sua vez, o trabalho de parto pode ficar atrapalhado se esta energia está de uma ou mais formas bloqueada ou mal-resolvida.
O prazer pela vida, o gosto por ela, pela comida, pelos amores, pelo sexo, elas experiências criativas... tudo tem a ver com os mesmos hormônios que atuam de forma profunda e intensa no ato do amor. Para ser feliz, a gente precisa se-permitir amar em grande, chorar em grande, rir em grande e se-expressar abertamente. Mesmo se é de forma discreta, uma emoção pode ser fluida. Não estou falando de um estilo de vida necessariamente extrovertido mas de ser como somos, inteiros e fieis a nós em toda a extensão da palavra.
A ideia deste encontro nasceu de estes conceitos juntos, porque as pessoas não temos espaços de abertura, reflexão profunda em companhia de outras pessoas sententes e pensantes dispostas a dividir e compreender a natureza humana em relação com a nossa sexualidade, amorosidade e os nossos relacionamentos.
É preciso falarmos sem-inibições e com grande coragem e abertura se queremos chegar a tratar o parto e o sexo com a mesma naturalidade com que a nossa saúde mental, física e espiritual exige. Quem procura trabalhar dentro da corrente do “parto humanizado” precisa “naturalizar” a sua própria visão e sentimentos em relação ao sexo e ao amor.

Você percebe que as pessoas precisam cada vez mais falar sobre sua sexualidade?
Com certeza que sim! Quando a sociedade não consegue ter espaços de abertura, aprendizado e reflexão sobre os detalhes mais preciosos da sua natureza sexual, as pessoas seja ficam sem compreender, seja procuram a informação de forma desconectada, incompleta, errada, ou simplesmente ficam sem saber só tentando fazer o melhor que seu atual conhecimento e capacidade permite.  As vezes os casais se-separam por não saber remediar e lidar com desafios comuns, que são muitos dos temas que vamos tocar no encontro.

Por que é ideal o casal participar? Mas, também pode participar individualmente?
Estar juntos homens e mulheres para explorar temas que de repente são esquivos ou doloridos, ou complexos na relação de casal da como fruto olhares novos, renovados, ou fichas caírem pela primeira vez duma forma nova! Por exemplo, uma mulher pode ouvir da boca de outro homem uma versão parecida mas com palavras diferentes e compreender pela primeira vez o que seu companheiro tentava comunicar para ela sem sucesso. Ou de repente, os homens presenciar e ouvir algumas mulheres expressando a partir da sua sexualidade, sentimentos parecidos ou diferentes dos da sua mulher pode dar uma luz básica e vital para chegar a um novo lugar na relação. Nos-ouvir mutuamente falar com abertura, sinceridade, sensibilidade e curiosidade, na procura de descobrir alguns padrões que podem ter o efeito de nos-bloquear ou nos-libertar sexual e amorosamente dentro dos nossos relacionamentos.
Também acho muito importante e positivo para pessoas que atualmente estão fora dum relacionamento participar, porque é nesse espaço de intervalo entre amores que a gente tem a maior capacidade e possibilidade de observar, refletir e possivelmente mudar alguns dos padrões nocivos ou inférteis de relacionamentos passados.

Como será a dinâmica do encontro?
A dinâmica é abrir com um pacto de absoluta confidencialidade e entrega ao trabalho. É saber que nada que ninguém senta, pense ou tenha feito é melhor ou pior do que ninguém mais, e que a base do trabalho e o não-julgamento. Dessa forma vamos ir nos-apresentando uns e outros, abrindo para o grupo tudo o que quiser dividir sobre as suas preocupações, sensações, curiosidades e dificuldades nos temas da sexualidade, as relações amorosas e afetivas. A partir de lá vamos criar um tecido amoroso e de apoio e abertura refletindo, conversando e explorando a grande variedade de temas propostos no programa. Tem várias referências e filosofias pessoais e de riqueza cultural que vamos colocar para o grupo, mas com certeza as pessoas que participarão no grupo vão marcar profundamente o rumo do encontro, porque dependendo das preocupações e necessidades individuais vamos expandindo, dividindo e contribuindo na reflexão do grupo.

O que faz uma relação se aproximar do perfeito?
Tudo mundo quer ser feliz e sentir o intenso tesão pela vida! Mas cada indivíduo e cada combinação de pessoas que formam uma relação ou um casal vai ter idiossincrasias bem especiais que diferenciam eles das outras pessoas e casais do mundo. Por isso que é impossível falar de “perfeição”, mas também porque a vida e as relações amorosas nos-servem nos seus processos de desenvolvimento para justamente nos-aprimorar como pessoas individuais. Se-diz que uma pessoa se-sente atraída por outra que é muito diferente de sim pelo fato de “complementar” ela de diversas maneiras. Mas se durante o relacionamento essa pessoa que se-sentiu atraída pelo “oposto” não trabalha para cultivar essas qualidades em sim própria, com o passo do tempo pode chegar a se-sentir irritada e ate a “detestar” as qualidades originais que foram o atrativo inicial. Quer dizer, toda relação tem a capacidade absoluta de dar certo ou de dar errado, tudo depende de quanto que a gente investe no crescimento pessoal dentro da relação. Não tem perfeição, só tem entrega e procura de fluir e crescer no processo de nos-relacionarmos. O vínculo amoroso que conseguimos ter através da comunicação sexual e afetiva vital, criativa, propositiva, expansiva é o que nos-permite crescer e transcender a nossa percepção limitante da vida.

A mulher moderna ainda carrega mitos e preconceitos sobre o próprio corpo que a impede de viver em plenitude sua sexualidade?
Sim, e o homem também. Existem tantos mitos sexuais e corporais como existem inibições e proibições religiosas ao prazer sexual. A ideia é ir compreendendo e aprendendo da integralidade do que é conformado pelas capacidades dos nossos corpos, as nossas almas, nossos corações e a profunda espiritualidade que podemos atingir através da união disso tudo no momento de amar. É bom, muito bom! Deixar de carregar com as energias negativas e ignorantes das gerações anteriores às nossas. É tempo de aproveitar, crescer e nos-sentirmos bem mais felizes e expansivos!

Este encontro já foi realizado anteriormente? Qual a expectativa?
Este é um primeiro encontro do tipo que eu celebro. Muitos anos já passei felizmente entre a mulherada toda em conversas riquíssimas. Também muitos anos tem passado em conversas e reflexões com os homens que eu tem amado. Sento que está na hora de juntarmos os dois sexos com pessoas de qualquer inclinação sexual e amorosa para tentar abrir as polêmicas e as nossas compreensões! A expectativa é deliciosa. Vai ser um grupo bem íntimo de menos de 16 pessoas que até agora prometem ser pessoas ricas, trazidas pelo interesse de sair profundamente renovadas e fluidas. A gente nunca termina de aprender sobre os fenômenos da sexualidade e do amor. Cada pessoa vai trazer uma nova forma e uma nova sensibilidade.

Em 2013 há previsão de uma viagem para Bali para esta temática? Como será este encontro?
O encontro de Bali em Junho 2013 será uma experiência de imersão de 10 dias com temas de sexualidade e amorosidade também, só que num contexto diferente e num momento diferente. Só sei que já existe uma lista de veinti-poucas pessoas desejosas de participar! O programa desse trabalho vai ir se-gestando nos próximos sei meses, mas com certeza vai ser também uma delicia! Por enquanto, para quem quer trabalhar e aproveitar do encontro no Brasil, ainda tem umas poucas vagas, sentam-se bem-vindas e bem-vindos com o coração!

Mais informações sobre os temas do programa, vagas e inscrições com a Naolí Vinaver, pelo email - naolivinaver@gmail.com, e, tb no evento criado no Facebook - https://www.facebook.com/events/241822342607203/

Foto de Bianca Lanu, em dez. de 2011, em Florianópolis/SC.

sábado, 20 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Postagem Coletiva - Violência no Parto: A Voz das Brasileiras

No mundo todo, as mulheres estão usando as redes sociais para dar visibilidade ao que chamam de ‘violência obstétrica’.

Neste post, convidamos você a colaborar com a construção deste processo histórico, com a documentação da voz das mulheres, sobre os momentos que foram os mais tristes e difíceis da sua jornada reprodutiva.

Pelo direito de viver uma vida livre de violências.
Pelo direito à saúde e à boa informação.



Por que violência obstétrica?

Por definição, a violência obstétrica é considerada toda forma de desrespeito, maus-tratos, abuso e negligência, praticada pelos profissionais das maternidades contra as mulheres que estão ali em busca de serviço de saúde especializado – para a gravidez, o parto, o pós-parto, e o aborto.

Também pode incluir condutas, procedimentos e protocolos clínicos que não atendam as melhores práticas na atenção ao parto e nascimento, condutas e protocolos reconhecidos como fortes evidências científicas pela comunidade internacional para a segurança das pacientes e qualidade da assistência.

A falta de informação e esclarecimentos sobre todos os processos do parto e nascimento prejudica a comunicação entre os profissionais e pacientes. As mulheres precisam ser estimuladas a falar sobre suas dúvidas, medos, desejos e necessidades. E precisam ser ouvidas.

A Lei do Acompanhante no Parto é de 2005, e vale para todo o país, para todas as maternidades do SUS ou da Saúde Suplementar. A lei vale para todas! Todas as mulheres têm direito a ter um acompanhante de sua livre escolha desde o início até o final da sua internação na maternidade. Toda exceção é violação de direitos. Denuncie.



Segurança das pacientes e qualidade da assistência

Este cenário (de violência) é o oposto ao desejado pelo projeto da Humanização da Assistência ao Parto. Uma política pública que tem a proposta de superar o grande desafio da redução das mortes maternas; da organização de todos os serviços que compõem a rede de atenção ao pré-natal, parto e puerpério (nas UBS, centros de parto normal  e maternidades hospitalares); e da valorização do parto e nascimento como processos fisiológicos, que podem ser transformados em uma experiência positiva e satisfatória para as mulheres.

Em última instância, é uma defesa da cidadania e dos direitos humanos!



O convite para a ação

Nos últimos meses, uma série de ações sociais foram organizadas, via Internet, por mulheres que se dedicam à construção de um outro modelo de assistência ao parto, mais amigável às mulheres, e que inclui necessariamente a articulação de uma equipe de profissionais tais como enfermeiras, doulas, obstetrizes, parteiras, e médicos.

Como resultado, temos duas Blogagens Coletivas que foram realizadas coletivamente por mais de 100 blogs ao total. Confira as informações:







Nesse tempo, as mulheres também saíram às ruas, na Marcha do Parto em Casa e na Marcha pela Humanização do Parto. A perspectiva das usuárias, favorecida pela Internet, é o item de maior valor que nós podemos oferecer à saúde pública brasileira.

Esta terceira postagem coletiva tem objetivo de proporcionar mais uma troca de experiências entre as mulheres, de resgate do apoio mútuo, e de valorização de uma metodologia que é específica de uma organização política, pessoal, comprometida, com os direitos humanos das brasileiras, e sua saúde sexual e reprodutiva, na perspectiva da integralidade, diversidade e individualidade, com aplicação de saberes multidisciplinares complementares.


Participe, divulgue a imagem abaixo, junto com um texto livre de sua autoria.
Grave seu video, e envie até 28 de outubro!

Instruções para a Postagem Coletiva - Violência no Parto: A Voz das Brasileiras

Como resultado, esperamos produzir um videodocumentário sobre a perspectiva das brasileiras que se sentiram desrespeitadas, para ser lançado oficialmente durante o 10o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, que ocorrerá entre os dias 14 e 18 de novembro de 2012, em Porto Alegre-RS.

Uma iniciativa dos blogs Parto no Brasil, Cientista que Virou Mãe e Mamíferas, junto com o grupo de pesquisa do Gênero, Maternidade e Saúde (GEMAS/FSP/USP).

Nosso muitíssimo obrigada!
Ana Carolina Franzon
Bianza Zorzam
Kalu Brum
Ligia Moreiras Sena




Agenda Parto no Brasil

Confiram nossa agenda semanal!







terça-feira, 16 de outubro de 2012

A água na tradição africana - Relato de Bernadette Rebienot



"As mulheres aprendem a dar a luz. Antes de dar a luz elas fazem um retiro com a água. Na minha época, esse retiro durava dois meses, hoje dura apenas duas semanas porque as mulheres trabalham. A mulher grávida era tratada com água de uma maneira específica. As parteiras davam banho nas mulheres grávidas, cada parte do seu corpo, da cabeça aos dedos dos pés. Alguns lugares eram lavados com água quente e outros com água fria. E o ventre de uma mulher que tinha acabado de dar a luz era um tesouro, e não se podia tocar o ventre de uma mulher de qualquer maneira, usava-se uma escovinha, uma vez com água fria, outra com água quente. Nesse momento, o segredo da água era revelado à mulher.

Tenho uma outra pequena história para contar, que é pessoal. Eu tinha somente 22 anos quando meu primeiro filho nasceu. O trabalho de parto durou mais de um dia e meio e como disse a parteira, ele nasceu dentro da bolsa de água. E ele estava dentro dessa bolsa e se mexia como um peixinho. Quando olhei, pensei: o que é isso na minha barriga? O bebê ficou esperando dentro da bolsa d’água até encontrarmos alguém que soubesse romper a bolsa d’água. A água devia ser guardada. Somente quando o bebê saiu de sua bolsa d’água, ele deu seu primeiro grito. Duas anciãs lavaram a criança e três meses depois, uma das mães que havia me ajudado a dar a luz disse que a criança tinha ido falar com ela. Achei estranho porque a criança só tinha três meses. Ela disse que a criança tinha lhe dito que o nome que lhe tinham dado não era o verdadeiro e que seu nome verdadeiro era “o lugar onde se faz muita música e muita alegria, e que ele tinha vindo desse lugar”. Hoje essa criança é um grande curandeiro. Ele nasceu com esse dom dentro da sua bolsa de água. Todas as mulheres têm uma missão com a humanidade, uma responsabilidade com a humanidade”.

Por Bernadette Rebienot, integrante do Conselho das Treze Avós Nativas.

Conheça sua história aqui!

Fonte: http://acervodesaberes.wordpress.com/2012/10/05/a-agua-na-tradicao-africana/

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A água nas tradições culturais brasileiras - Relato da parteira tradicional Suely Carvalho



Meu prazer de ser parteira está na possibilidade de ensinar às mães e pais a cuidarem de suas crianças. Toda criança que chega vem da luz, traz nova esperança, e os pais devem cuidar dessas crianças. A família é sagrada, o amor de mãe e pai são sagrados.

Mesmo contra a vontade de muitas pessoas que nos discriminam, nós, parteiras tradicionais, continuamos existindo. Nós tivemos uma inquisição que dizimou milhões de parteiras na Europa e no Ocidente. Nós transmitimos o nosso saber por meio da oralidade. Eu me sinto honrada por ser herdeira das minhas antepassadas, em que muitas são parteiras. Eu tenho uma filha que é parteira e uma neta de 20 anos que é aprendiz de parteira. É assim que nós passamos a nossa tradição, de avó pra neta, de mãe pra filha. Nas cidades grandes, esse é um ofício que não é valorizado, e as mulheres que tem o dom de ser parteiras não descobrem esse dom.

Nós viemos da água. O ventre materno é sagrado porque todo ser humano passou pelo ventre de uma mulher. Portanto, todas as pessoas devem respeitar isso. A mulher precisa respeitar o seu próprio ventre. Se o trabalho de parto for bem feito, sem intervenções desnecessárias, a criança pode nascer dentro da bolsa das águas. É lamentável que os médicos rompem as bolsas das águas, seja em partos normais seja em partos cesáreos.

A mulher tem o corpo perfeito para a gestação e para o parto. Os partos em hospitais não são saudáveis, as pessoas devem nascer e morrer junto com seus familiares. Eu desejo que as águas do parto sejam respeitadas”.

Por Suely Carvalho, parteira tradicional e fundadora do CAIS do Parto, em Olinda/PE.

Fonte: http://acervodesaberes.wordpress.com/2012/10/05/a-agua-nas-tradicoes-culturais-brasileiras/

Foto: Acervo de Bianca Lanu, julho de 2010.

sábado, 13 de outubro de 2012

Multimídia Parto no Brasil - Dia das Crianças: Minha Mãe é Parteira

Porque só elas são a verdadeira garantia da graça, diversão e alegria em todos os nossos dias...





Recomendado pela companheira obstetriz, comadrona e sage-femme Bianca Zorzam.
Obrigada!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Câncer de mama

O Blog Parto no Brasil atenta:

Para mulheres assintomáticas, o documento do Consenso Internacional para Controle do Câncer de Mama recomenda mamografia - a cada dois anos - somente após os 50 anos de idade.


Antes disso, as mulheres assintomáticas precisam de bons clínicos - dispostos a realizarem bons exames clínicos. E precisam do auto-cuidado também.

Mamografia anual, a partir do 40, não serve à saúde das mulheres, mas ao financiamento do escoamento da tecnologia. Fique esperta!

Detalhe: O documento do Consenso Internacional também foi pactuado pelo Ministério da Saúde, que agora só fala em Mamografia. E como não poderia ser? A tecnologia está disponível, os bons clínicos, nem tanto.

Informações: http://www.redesaude.org.br/portal/home/conteudo/biblioteca/biblioteca/normas-tecnicas/012.pdf

* Via Ana Carolina Franzon, co-editora do Blog, e mestranda em Saúde Pública pela FSP/USP, na página do Blog Parto no Brasil, no Facebook.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Obstetrícia Intercultural: uma experiência mexicana

Depois de conhecer ontem o trabalho de Las Casildas, da Argentina, bora ver está rica fusão de saberes, no México!

Em janeiro de 2012, alunos do Programa de Treinamento do Governo credenciado pela Obstetrícia viajou para aldeias no Estado de Quintana Roo, para estudar com parteiras tradicionais maias.

Lá, os alunos da Escola de Parteiras CASA estudou práticas das parteiras indígenas, incluindo massagem uterina, ao mesmo tempo educaram parteiras tradicionais sobre como lidar com emergências de um nascimento. Este intercâmbio cultural integrado melhora as práticas de cuidados de saúde indígena enraizada no tradicional, em regiões isoladas e empobrecidas com a profissionalização dos cuidados de maternidade, com base em evidências, e é parte de uma tendência da Obstetrícia no México.

Alice Proujansky Photography registrou lindas imagens disponíveis em:


http://aliceproujansky.com/a/galleries/intercultural-midwifery/

* Grata a Ligia M. Sena, do blog Cientista que virou mãe por compartilhar via Facebook este trabalho inspirador!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Parirás com Poder

O post desta segunda-feira divulga o trabalho do grupo argentino Las Casildas, através da capa do seu material de campanha, apresentado no 27o. Encontro Nacional de Mulheres, que reuniu mais de 27 mil participantes na Argentina, no último dia 6 de outubro de 2012.


O objetivo da intervenção é "disseminar a informação de que as mulheres podemos parir de outro modo; que nossos filhos podem chegar ao mundo de maneira mais amorosa; e que nenhuma de nós deve ser violentada durante a assistência ao parto".

Admirável!

Saiba mais em:

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=374316849311896&set=a.111509255592658.17444.100002007528966&type=1&theater

E também no Blog:

http://www.las-casildas.blogspot.com.br/

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