Durante a gravidez continuei nadando e fui acompanhada pela querida doula Rafaela que com muito amor nos ajudou com pilates, acupuntura, drenagem e uma chuva de informações. Após passar por quatro obstetras após o 6º mês de gravidez achamos o Dr Petrus, que sem desculpas assistiria o meu parto
normal.
Gravidez sem graves problemas, sempre dormi bem, pressão arterial e glicose normais. Sentia muita azia. A ansiedade tomou conta quando entrei nas 40 semanas e nada de sinais de TP. O Dr Petrus havia feito toque pra estimular e nada acontecia. Ele já havia me dito que não passaria da 41ª semana.
Na quarta-feira, dia tal, estávamos com 40 semanas e xx dias. O médico pediu que eu ligasse no domingo que ele iria internar pra fazer indução. Saímos dali com vontade de não ligar mais, de esperar a hora que o Arthur quisesse nascer, mas eu ainda era imatura demais e não só pensava na culpa, se algo de ruim acontecesse com o Arthur. Escrevi para a querida doula virtual Rebeca, e contei da minha dificuldade. Ela atenciosamente me aconselhou os três hots e que eu escrevesse a carta para o Arthur.
No dia 27 de setembro acordei morrendo de medo. Já havia lido várias vezes que as contrações com a indução eram insuportáveis. Eu pedia a Deus pra sentir algum sinal de início de TP. À noite fomos a um aniversario, no horário combinado liguei para o médico e fiquei feliz e relaxada por ele não ter atendido. Ufa, não precisaria ir para o hospital. Minha tensão aumentou quando ele retornou a ligação e sugeriu que nos encontrássemos no hospital. Eu implorei que adiássemos mais um dia, perguntei se ele não tinha
família, que ficasse com ela, pois ainda era domingo. Ele então disse que me esperaria no hospital na noite seguinte e nem mais um dia. Então nós ficamos ali na festa, ainda com a barriga bem alta e comendo muita pizza. Quando chegamos a casa, de tanto eu insistir fizemos amor, isso era umas 2horas da
madrugada do dia 28 de setembro. Depois não consegui mais dormir, sentido cólicas, tentei dormir na rede, na poltrona, no sofá e nada. Resolvi escrever uma carta para o Arthur:
Arthur meu filho,
Sei que dentro do meu útero é muito bom pra você, mas você já pode nascer.
Estamos prontos. “Vem... que eu conto os dias, conto as horas pra te ver...”
Você verá que nos meus braços é muito bom também e você poderá sentir o calor do papai. Ele está tão empolgado com a tua chegada. Não vemos a hora de cantar, te pegar no colo, dar banho, contar histórias, são tantas coisas.....
Vem filho. Tenho tanta coisa pra te ensinar, tanto amor pra te entregar!
As 06h27min achei melhor tentar dormir de quatro com a barriga apoiada em travesseiros. Quando fiquei na posição senti um líquido molhar minha calcinha. Fiquei na dúvida se eu tinha feito xixi sem sentir, fui até o
banheiro e cheirei a calcinha, estava com cheiro de água sanitária. A bolsa havia estourado. Achei estranho, não sei por que eu estava desejando tanto aquele momento ou/e havia lido tanto sobre trabalho de parto, naquele momento eu não fiquei nervosa, agia naturalmente. Acordei o Elvis, e ele estava super tranqüilo, também, cansou de ver vídeos de partos!!! Ligamos para minha querida doula Rafaela, que disse que estava indo pra nossa casa.
Liguei para o médico, Dr. Petrus, que orientou-me a ir para o hospital, disse que acabara de fazer um parto e estava chegando em casa. Disse que a Drª Roberta me atenderia e o ligaria quando o parto estivesse próximo. Uns 10 minutos depois a Rafa ligou me orientado a ir ao hospital. Foi coisa de Deus
ou teríamos o Arthur dentro do carro ou em casa. Tomei um banho e seguimos calmamente para o hospital, pois achávamos que o trabalho de parto por ser o primeiro filho, demoraria em média 12h.
Saímos de casa às 06h50min. Chegamos ao hospital 07h45min, enquanto o Elvis foi estacionar o carro entrei na recepção do hospital disse: minha bolsa estourou, está aqui minha identidade e meu cartão do plano de saúde. O atendente se desesperou e pediu cadeira de rodas. E eu empoderada disse: “Não precisa, onde é a sala? Vou andando, meu marido está estacionando o carro, o nome dele é Elvis, avise onde estou”. Fui para um sala onde tinha uma cama e uma balança. Pesei, estava exatamente com 80 kg . Chegou uma moça com a cadeira de rodas pra me levar para a sala de pré-parto. Eu disse que queria ir caminhando, ela insistiu. Disse que era melhor. Eu não quis brigar e sentei na cadeira.
Quando cheguei à sala de pré-parto a médica foi me examinar e fez um toque: quatro cm de dilatação. A Rafaela ainda não tinha chegado, tirei a roupa e meu absorvente tava encharcado e levemente esverdeado, fiquei preocupada, a médica ligou para o Dr. Petrus e ele estava a caminho. Depois de um tempo a Rafa chegou, caminhamos no corredor do hospital, eu estava derramando líquido, fizemos exercício na bola, ela me abraçava em cada contração, como isso foi importante. Eu sentia perfeitamente a contração como uma onda, e a Rafa sempre me lembrava isso cada vez que a dor ia ficando mais forte.
Quando a dor começou a apertar eu fraquejei e dizia: “Eu quero anestesia”. O Dr. Petrus não chegava, o Elvis terminou de resolver as burocracias do hospital e eu pedi que ele ligasse para o médico. Eu falei gemendo de dor, pedi analgesia, ele disse que não daria porque o bebê estava com mecônio e o trabalho de parto estava bem adiantado. Eu me conformei e agüentei firme. Quando as contrações apertaram mais um pouco, acho que eu já estava com uns sete cm de dilatação, eu falava pra Rafa, quase que chorando:
“Eu assumo, eu não sou mamífera, eu quero uma cesárea, eu não agüento mais”. Ela me abraçava e pedia pra eu me entregar, pra rebolar e lembrar que a contração era uma onda. Muito rápido as contrações começaram a apertar, e eu não tinha mais tempo para descansar, estava de um em um min. e eu já estava exausta. Lembro que quando o Elvis estava na sala, já no final do trabalho de parto era ele que me abraçava, era incrível, quanta dor e quanto amor!
Enquanto eu estava na sala uma enfermeira queria colocar soro, e eu dona de mim não aceitei, disse que nem anestesia eu teria, então, não precisaria de soro. Ela insistiu dizendo que o soro era pra hidratar, eu rebati dizendo que pra hidratar eu queria água. A médica assistindo a conversa sugeriu que eu deixasse por o acesso a veia, caso houvesse alguma emergência, o acesso já estaria pronto. Aceitei. Fiquei apenas com o acesso, sem soro, sem medicamentos.
Às 09h30min chegou uma enfermeira e pediu que eu ficasse de cócoras na maca que iam me transportar para o centro cirúrgico. Não consegui ficar de cócoras. Quando eu deitei, sujou tudo de sangue e ela queria trocar o lençol, mas quando olhou meu períneo, disse: “Rafa não vai dar tempo, tem gente chegando aqui”. Nem tive tempo de mudar de posição, com mais uma contração saíu a cabeça do Arthur, por completo, de uma vez. A segunda foi motivação pra eu fazer força, eu não queria mais sentir outras contrações.
Na 3ª contração em cima da maca o corpinho dele foi cuspido. Ali, longe do centro cirúrgico, numa sala cheia de calor humano, só a empoderada mãe, pai, amorosa doula e a corajosa enfermeira Telma.
O Arthur nasceu assim, trabalho de parto e expulsão rápida. Sem episiotomia, pequena laceração de pele, com circular de cordão. Logo que ele nasceu foi para o meu peito, sugou meu peito e ficou um tempão. O
cordão foi cortado pelo pai, depois de parar de pulsar. Achei ótimo, sem médicos, sem intervenções. Aquele momento foi único e inesquecível, não entendi por que não chorei. Acho que foi a adrenalina.
Depois a Dr. Renata mandou me aplicar ocitocina pra ajudar na contração do útero e expulsão da placenta. Eu disse: “Ocitocina? Aumentar contrações? NÃO.
Meu bebê já nasceu e meu útero vai voltar ao normal com as mamadas”. Eita mulher empoderada, obrigada por me ensinar tudo isso mulheres do Parto Nosso!!!
_Janara, mãe do Arthur.
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