Nosso Nicolas nasceu de parto normal hospitalar, de cócoras e sem intervenções, no dia 03 de setembro de 2009 às 18:30 no Hospital Brasília.
Espero que vocês tenham paciência para ler! Rs.
Espero que vocês tenham paciência para ler! Rs.
Sempre vi o parto normal como uma realização enquanto mãe e mulher e nunca tive dúvidas de que quando engravidasse seria, assim, que teria meu filho.
Decidimos começar a tentar engravidar em maio de 2008 e descobri que estava grávida em janeiro de 2009 (engravidei em dezembro), uma semana depois do réveillon. Recém chegada em Brasília, sem conhecer a cidade nem muita gente, começou a minha saga por um Obstetra. Fui a um ginecologista que me passou o Beta-HCG e o ultrasom, mas como não era obstetra, me recomendou um colega que atendia na mesma clínica.
Na primeira consulta, antes de sentarmos, ele foi logo dizendo de cara que não fazia parto normal pelo nosso plano, pois pagava pouco, se quisesse o parto com ele teria que ser cesárea. Eu e meu marido nos espantamos, mas como já havíamos conversado em mudar o plano para apartamento, e por pura ingenuidade, continuamos com ele. Este foi nosso primeiro erro.
Por volta do terceiro mês, ele me passou um remédio que era proibido para gestantes. Perdi a confiança nele e resolvemos mudar de médico.
Depois de ligar para vários obstetras, descobrir que médico humanizado não aceita plano de saúde, pesquisei incansavelmente médicos que fizessem parto normal, encontrei uma médica. Segundo ela, fazia parto normal. Mas, sempre que eu tentava conversar a respeito dos detalhes, ela falava a mesma coisa: "Está muito cedo para falarmos de parto". Quando estava com sete meses, coloquei-a contra a parede.
"Quero falar sobre o parto!" E ela disse, "Eu faço parto do jeito que a paciente quiser". Perguntei se ela fazia episiotomia de rotina, e ela começou a defender a episiotomia, dizendo que era fundamental para preservação do períneo e tal. Quando eu disse que não queria passar por episiotomia de rotina, ela começou a relatar um parto em que a paciente se negou a passar pela episiotomia, lacerou tudo e ela teve que chamar um Proctologista para consertar o estrago... Disse que fazia sem episio, mas não se responsabilizava por complicações que viessem a ocorrer. Logo, em seguida, ela começou a dizer que para pacientes de parto normal, ela não garantia estar lá na hora do parto, pois como não era possível agendar, ela poderia estar ocupada com outra coisa e era só chegar no hospital e ter com o médico plantonista. Isso começou a me preocupar...
"Quero falar sobre o parto!" E ela disse, "Eu faço parto do jeito que a paciente quiser". Perguntei se ela fazia episiotomia de rotina, e ela começou a defender a episiotomia, dizendo que era fundamental para preservação do períneo e tal. Quando eu disse que não queria passar por episiotomia de rotina, ela começou a relatar um parto em que a paciente se negou a passar pela episiotomia, lacerou tudo e ela teve que chamar um Proctologista para consertar o estrago... Disse que fazia sem episio, mas não se responsabilizava por complicações que viessem a ocorrer. Logo, em seguida, ela começou a dizer que para pacientes de parto normal, ela não garantia estar lá na hora do parto, pois como não era possível agendar, ela poderia estar ocupada com outra coisa e era só chegar no hospital e ter com o médico plantonista. Isso começou a me preocupar...
Comecei a procurar outro médico, mas estava difícil e enquanto não conseguia outro continuei me consultando com ela.
Pesquisando na internet, encontramos um fio de esperança. Uma reportagem falando de um hospital que inaugurara um quarto com toda estrutura para parto humanizado. Liguei lá e a surpresa, aceitava nosso plano. Marquei uma consulta. Fomos super animados.
Chegando lá, entramos no consultório e comecei a falar que estava à procura de um médico que apoiasse parto normal e estava lá porque tinha visto a reportagem. Ela olhou com uma cara e disse: "Eu não mexo com essas coisas não. Vocês têm uma idéia muito romântica a respeito de parto normal, mas não fazem idéia das complicações que podem acontecer num PN. Eu não penso duas vezes antes de recomendar uma cesárea. Aqui no hospital, só quem mexe com isso é a Dra. Fulana. Peça o telefone dela à atendente”. Nós não tivemos reação, ficamos tão chocados que saímos de lá sem dizer uma palavra. E eu, claro, me acabei de chorar quando chegamos ao carro. Já estava com 34 semanas e nada de obstetra.
Ligamos para a Dra. Fulana várias vezes, mas nunca conseguimos ser atendidos, só caia na caixa postal.
E continuou a procura.
Descobrimos um lugar chamado Espaço Acalanto, que dá apoio e cursos sobre parto normal. E a doula responsável pelo espaço me indicou alguns médicos (dois que só faziam particulares e o que atendia plano não era humanizado, mas era o único médico que fazia parto normal no hospital Brasília).
Liguei para os médicos humanizados. R$3.500,00 se o parto ocorresse em horário comercial. Se fosse fim de semana, feriado ou de madrugada, passava para R$4.500,00. Mais R$220,00 por consulta. E para conversar com o médico, saber se ele poderia facilitar o pagamento ou se eu ia gostar dele tinha que marcar consulta e pagar os R$220,00 de cara. Imagina como fiquei arrasada... Muito dinheiro...
O outro médico, o que atendia plano, só tinha vaga no mês seguinte e eu desesperada, pois já estava com 35 semanas.
Quando estava com 36 semanas fui para a consulta de pré-natal com aquela GO (já que não tinha conseguido outro). Levei o último exame de ultrasom que havia feito há uma semana e que mostrava uma circular cervical de cordão (o exame foi feito com Doppler, que mostrou ótimo fluxo sanguíneo no cordão). Tinha lido bastante e conversado com o médico que fez o ultrasom (que também era GO) e sabia que não era indicação de cesárea. Já estava vacinada para qualquer absurdo que ela viesse falar sobre esta circular.
Chegando ao consultório, ela me levou logo para fazer um exame de toque. Durante o exame ela "constatou" que o bebê era muito grande para o meu tamanho (tenho 1,53m). Que minha pelve era muito estreita e o bebê não teria passagem. Segundo ela, ele estava muito alto, tentava descer, mas não conseguia. Era preciso marcar uma cesárea o quanto antes, pois, além disso, meu plano é difícil de conseguir vaga. (?)
Depois do toque ela sentou-se à mesa e foi ver o ultrasom. Ao ver a circular ela deu um pulo. Disse que a cesárea era indiscutível, pois além de eu ter DESPROPORÇÃO CÉFALO PÉLVICA (ela fez esse diagnóstico só com o toque), o bebê poderia estar sendo estrangulado pelo cordão. Precisávamos marcar a cesárea para 39 semanas.
Eu perguntei a ela se, no caso de ter mesmo que fazer uma cesárea, não era melhor esperar iniciar o trabalho de parto, esperar a hora que o bebê estiver pronto ao invés de arrancá-lo de lá. E ela disse que isso era um grande erro que muitos médicos cometem, pois no caso da circular, o bebê vai entrar em sofrimento, pois quando ele tentar descer o cordão vai puxar ele de volta. E que eu vou sofrer a toa, pois não terei passagem.
Eu insisti que não queria marcar cesárea. E ela escreveu no meu prontuário, meio que querendo me aterrorizar. "Mãe avisada que o bebê está em risco devido a circular e DCF. Indicativa de cesárea, porém insiste em Parto Vaginal. Negou-se a agendar a cesárea."
Eu já previa que ela ia arranjar um motivo para indicar uma cesárea, desde que ela me veio com aquela história de que não garantia estar na hora do parto com pacientes de parto normal. Mas não imaginei que ela iria me aterrorizar desse jeito. E eis que alguns minutos após sair de lá, me liga a atendente daquele médico que só tinha vaga para o mês seguinte, dizendo que uma pessoa havia desistido e eu poderia ir naquela tarde mesmo.
Liguei para o meu marido, disse para ele dar um jeito de sair cedo. Passei no trabalho dele e fomos nesse outro GO. Ele fez um toque e disse que o bebê não era assim tão grande, que está na média e tem muitas chances de ter passagem sim.
Conversamos muito, ele me explicou esse lance da DCP direitinho, que não dá para fazer um diagnóstico desses só com um toque. Só dá para fazer mesmo durante o TP. Que a circular de cordão nunca foi indicativa de cesárea e tal.
Na consulta seguinte, levamos o Plano de Parto. Discutimos cada ponto, deixei claro que não queria episiotomia, analgesia, ocitocina, rompimento artificial da bolsa e o mínimo de intervenções possíveis. Ele concordou com tudo, exceto em fazer o parto de cócoras, pois o hospital não dispunha de banqueta e não gostou da idéia de fazer parto de cócoras apoiada. Eu disse que nós poderíamos levar uma banqueta. Mas ele disse que o hospital não autoriza a entrada de objetos grandes no Centro Obstétrico, pois lá também são feitas cesáreas. Não fiquei muito contente com isso (pois eu queria muito um parto de cócoras), então, toda consulta a gente falava novamente (como se não tivesse dito antes) que queria parto de cócoras e que levaríamos a banqueta. E ele respondia "Eu já disse para vocês que não pode... já conversamos sobre isso...
O Parto
Quando estava com 39 semanas, meu GO disse que o ideal era o bebê nascer até 41 semanas, que segundo estudos mais recentes era melhor para o bebê. Que tentaríamos um descolamento de membranas com 40 semanas e caso o bebê não nascesse me internaria no dia em que completasse 41 semanas para induzir.
Então, comecei a estimular, pois tinha muito medo de parto induzido...
Passava o dia quicando na bola suíça, tomando chá de canela, subindo escada e fazendo caminhada.
Com 39 semanas e cinco dias o tampão começou a descer. Fiquei super animada, achando que estava para acontecer, mas alguns dias se passaram e nenhuma novidade... Todos os dias saiam um pouquinho do tampão.
Com 40 semanas e três dias, mesmo relutante, decidi fazer o descolamento de membranas, com medo da indução hospitalar. No dia seguinte, à noite, começaram umas contrações com umas colicazinhas. Fiquei super animada, e pensei, é hoje. Vou dormir para ficar bem descansada. Só que dormi e nada mais aconteceu. Acordei no dia seguinte sem sentir nenhum sinalzinho.
Na noite seguinte a mesma coisa. Cólicas junto com as contrações... Fui dormir, e nada mais aconteceu.
No dia seguinte falei para o meu marido: "Hoje não vou dormir cedo, vou ver até onde vai".
Comi vatapá bem apimentado no almoço e na janta. Por volta da meia-noite começaram as contrações. Eu peguei o elevador, desci e comecei a subir de escada (moro no 7o andar e já havia subido de escada duas vezes naquele dia). Depois continuei quicando na bola e tomando chá de canela.
Deu 1:30 da manhã e nenhuma novidade. Fiquei cansada e resolvi ir dormir. Tomei banho e quando deitei senti uma contração forte, de um jeito diferente, uma dor nas costas... Fiquei imaginando, será que é???
Com dez minutos veio outra e com outros dez minutos mais outra. Falei para o marido. Ele ficou logo todo animado. E disse "Vc tem que dormir, pra descansar". Mas para mim era impossível dormir (também tinha medo que parasse como nos outros dias). Levamos a bola para o quarto e fiquei quicando, conversando com o marido, tirando fotos e marcando o tempo das contrações. No começo estava a cada 10 minutos, mas logo, em seguida, estava de sete em sete. Às quatro da manhã já estava de cinco em cinco minutos. Ligamos para o médico, que nos mandou ir para o hospital. Ligamos para a doula e marcamos de nos encontrarmos lá.
Pegamos todo o aparato, bola suíça, bolsa de água quente, bolsas e tal e nos mandamos, eu, meu marido e minha mãe.
Putz, como era difícil ficar sentada durante as contrações... Eu me contorcia toda naquele carro, minha mãe colocando a bolsa de água quente nas minhas costas e eu reclamando sempre que passávamos em uma lombada.
Chegando ao hospital, aquele stress básico da burocracia. Na recepção, nos mandaram dar entrada no setor de internação. Chegando lá, umas três mães na frente que iam fazer cesáreas. Não teve jeito senão esperar nossa vez, meu marido na fila e eu em pé, me contorcendo com as contrações. E todo mundo dizendo "Senta", mas eu não agüentava sentar. Quando chegou nossa vez, a atendente falou: "Mas ela tem que passar pelo médico pra ver se realmente é trabalho de parto, antes de dar entrada na internação". E a doula que não chegava... E ninguém entendia nada dessas questões burocráticas para internação.
E lá vamos nós em outra ala do hospital (me fizeram sentar numa cadeira de rodas, e eu fiquei muito irritada com isso...) ver a médica.
Chegando lá, três cm de dilatação, colo macio, quase apagado. O papai tem que voltar para dar entrada na internação... Ai ai ai...
A médica da triagem telefonou para o meu médico, informou meu estado e ele deu algumas instruções para ela.
Fui encaminhada para uma sala, que era bem apertadinha, com uma cama, uma cadeira, uns trecos lá, pois o hospital estava lotado e não tinha apartamento disponível... Teríamos que ficar lá até conseguir um. No caminho encontramos a doula (graças, ela chegou!!!).
O marido voltou do "serviço burocrático" e a partir daí ligamos o som que havíamos levado, nos acalmamos e passamos a curtir cada momento. É fantástica a sensação de sentir seu corpo trabalhando para trazer seu bebê ao mundo. Eu estava muito empolgada e vivenciando as contrações com muita alegria. Não acreditava que aquele momento tão sonhado e desejado estava acontecendo. Eu estava em trabalho de parto!!!
Meu médico não tinha chegado ainda. E eu estava aos cuidados da médica de plantão.
Pedi para comer alguma coisa, pois até aquele momento (já passavam das nove horas da manhã) não havia comido nada. Falamos com a enfermeira e ela disse que a médica havia suspendido minha alimentação. Fiquei louca... Como ela suspende se ela nem foi lá me ver? E o que meu médico falou? Liguei para o meu médico e ele disse que ia falar com a plantonista.
Depois de um tempo ela entra na sala, para fazer outro exame de toque... Fala que havia suspendido a alimentação porque podia ter que fazer cesárea e tal... Mas, que o Dr. Petrus havia falado com ela e ela havia liberado.
Chega um suco de goiaba com biscoito água e sal. Tomei apenas o suco, que me deu uma azia danada.
Fora a azia, estava levando tudo numa boa. Entre as contrações conversávamos, cantávamos, dançávamos e tirávamos fotos... Era uma celebração a chegada do nosso filhote, nosso parto normal, o momento que tanto esperei e desejei.
A doula foi maravilhosa, aliás, nunca imaginei que ela fosse tão necessária assim. Ela fazia massagens com óleo durante as contrações, fazia exercícios comigo, nos animava e nos tranqüilizava.
Lá pelas 10:30 a médica vai lá fazer outro exame de toque. E eu já estava começando a me irritar com tantos toques. Aí ela diz: "Quatro pra cinco cm. A tua bolsa está tinindo... Me deu uma vontade de estourar, mas como Petrus pediu para esperar por ele... Se você estivesse só pelo meu plantão teria estourado, aí teu bebê nascia daqui para 13h". Fiquei indignada com ela. Louca, quem ela pensava que era para falar assim... Ia estourar minha bolsa sem nem me falar nada...
A azia começou a apertar. Fui ao banheiro, vomitei. Voltei para a salinha e tomei um antiácido (que a minha mãe havia levado, não queria pedir nada para aquela médica louca, com medo dela suspender novamente minha alimentação... Queria o Dr. Petrus...).
Onze horas chega o almoço... E eu já estava me sentindo bem melhor e com uma fome... Comecei logo a comer e chega uma enfermeira dizendo que veio buscar o almoço que haviam trazido por engano, que a Dra. suspendeu a alimentação, pois eu já estava muito perto de ter bebê. Eu fiquei indignada, disse que estava comendo e que não ia devolver a comida, podia dizer para a médica. Ela saiu e não voltou mais.
Lá pelas 12:00 horas fomos para o apartamento. O Dr. Petrus chegou, olhou os batimentos do bebê e foi em casa almoçar.
No apartamento era bem maior, eu conseguia caminhar, tinha mais espaço para fazer os exercícios e tinha um frigobar com água, muita água... Eu sentia uma sede danada e na salinha a minha mãe ia pegar água como se fosse para ela e me dava. Agora eu podia beber água a vontade. A doula foi almoçar e o Magno e minha mãe ficaram me doulando... Rimos muito com eles dois fazendo-me massagens e tentando imitar a doula...
Depois o Dr. Petrus voltou (por volta das 13h), fez um toque (seis cm), ouviu o coração do bebê e voltou para o plantão dele no hospital. Eu fui para o chuveiro e lá relaxei bastante.
A Clarissa foi conversar com o Dr. Petrus para levar a banqueta para o Centro Obstétrico. Ele disse que ia ver o que podia fazer. Ia conversar não sei com quem.
Por volta das 16h (estava com uns oito cm de dilatação) as contrações estavam ficando cada vez mais freqüentes e fortes... E começou a fase mais difícil... Sempre pensava na dor como algo necessário, ela que iria me abrir para o meu bebê poder nascer... Então, quando ela me vinha tentava relaxar para facilitar a abertura (ou como eu dizia para o meu marido, ela tem que rasgar mesmo... rs). Mas, depois dos oito cm a dor era muito intensa e o impulso que eu tinha era de retrair. Sentia uma pressão muito forte no cóccix.
A partir daí, a minha consciência foi ficando mais distante... Eu me irritava quando minha mãe e o Magno ficavam conversando durante as contrações... Eu queria silêncio, queria me concentrar, mas eu não conseguia articular bem meus pensamentos, nem falar o que queria...
Uma coisa que lembro era que, quando o Dr. Petrus ia fazer exame de toque, ele esperava vir uma contração, para fazer durante a contração, aí ele ficava pegando na minha barriga, mas quando ele tocava na minha barriga a contração passava, ou simplesmente não vinha... E eu achava engraçado e comecei a gostar quando ele pegava na minha barriga, porque aliviava... Eu falei isso para eles e ele disse que não ia mais pegar na minha barriga... rs.
Lembro também que era insuportável deitar para fazer o exame de toque... Ficar de barriga para cima parecia triplicar a dor. Eu queria uma bola de tênis para colocar no meu cóccix quando eu deitava... Queria alguma coisa que fizesse pressão nessa região.
E a bolsa que não estourava e isso me deixava louca, queria que ela estourasse, mas cheguei aos nove cm e nada dela estourar.
Acho que no último exame de toque no apartamento, no momento do toque a bolsa estourou, não sei se foi coincidência ou se o Dr. Petrus que estourou. Lembro de todo aquele líquido amarelinho saindo e de ter sentido um grande alívio.
Eu via o movimento em minha volta e via que estávamos nos organizando para eu ir para o Centro Obstétrico, mas as coisas eram um tanto distantes...
Aí a Clarissa me levou mais uma vez para o chuveiro. Colocou a banqueta lá e eu fiquei sentada embaixo do chuveiro... Acho que nesse momento eu saí de mim... Não sei quanto tempo passei lá, só lembro que a Clarissa tentava me tirar e eu dizia que não ia sair dali. Queria ficar ali. E ela disse: “Sai daí senão o Nícolas vai nascer aí!”. Aí eu sai.
Eu senti muita sede durante todo o trabalho de parto. Bebia muita água. E a idéia de que eu poderia ficar sem beber água me dava mais sede ainda. Então, antes de ir para o Centro Obstétrico tomei mais um copo de água (embora o médico tivesse dito para evitar água a partir das 16:00 horas.
Deitaram-me na maca para me levar para o Centro Obstétrico. Eu queria ir andando... Fiquei irritada. Estava morrendo de frio, queria colocar umas meias, mas não deixaram. Colocaram-me pró-pé e uma touca (e meu cabelo todo molhado e eu morrendo de frio).
Chegando lá, me passaram da maca para a cama. A enfermeira queria pendurar minhas pernas e eu não queria, falava que meu parto ia ser de cócoras, mas ela meio que duvidava e insistia e eu resmungava e mandava-a falar com o Dr. Petrus, mas ele não havia chegado no C.O.
Em seguida o Dr. Petrus chegou com a doula e começaram a arrumar o local onde seria o parto. Forraram o chão com campo estéril, colocaram a banqueta. Eu sentei na banqueta, a doula ficou atrás de mim, me apoiando, o Magno ao meu lado e o Dr. Petrus a minha frente, para pegar o bebê.
Lembro que quando sentei na banqueta eram 18:00 horas (tinha um relógio de parede bem na minha frente). Não senti aquele louca vontade de fazer força como muitas pessoas falam. Só sentia dor.
E na dor da contração, obedecendo às instruções do GO, eu fazia força. Embora soubesse que deveria fazer só quando sentisse vontade, eu obedecia, pois parecia mais fácil... Queria que terminasse logo... Não sei quantas vezes fiz força, lembro que o pediatra estava aflito e achando muito demorado. Eu estava quase sem forças, cansada, fraca e todo mundo falando: "Faz força, não para...". Lembro que a sala do Centro Obstétrico de repente encheu de gente, pessoas da enfermagem, até um anestesista apareceu lá para ver o parto de cócoras... rs.
A cada força que eu fazia achava que não ia conseguir fazer a seguinte...
Até que o Magno falou: “Vai amor, ele tá saindo, estou vendo a cabecinha dele...”. Ao ouvir isso surgiu um ânimo! Tentei me recompor e concentrar minhas últimas energias e fiz uma força tremenda. E o bebê nasceu. A cabecinha saiu e o corpo escorregou para fora... Nossa, que alívio! Não existe alívio maior nesse mundo!
Pedi para segurar meu bebê, mas o pediatra passou o parto meio tenso, achando que estava demorando demais (meu expulsivo durou cerca de 40min.)
Pedi para segurar meu bebê, mas o pediatra passou o parto meio tenso, achando que estava demorando demais (meu expulsivo durou cerca de 40min.)
Então o Dr. Petrus cortou o cordão e passou o bebê para o pediatra. Este disse que o bebê estava com muita secreção e precisava aspirá-lo (ele não tinha aqueles aspiradores tipo pêra, para ficar na sala de parto, teve que levar o bebê para outra sala.), não pude nem segurá-lo. Levou o bebê, mandou uma pessoa aspirar (não sei quem... só vi isso no off da filmagem) e saiu. Só voltou quase uma hora depois.
Eu fiquei chorando feito uma desesperada, achando que tinha acontecido alguma coisa com meu bebê, embora todos falassem (o marido e a doula) que o bebê estava bem, eu não acreditava, eu queria meu bebê!!!
Eu fiquei chorando feito uma desesperada, achando que tinha acontecido alguma coisa com meu bebê, embora todos falassem (o marido e a doula) que o bebê estava bem, eu não acreditava, eu queria meu bebê!!!
Fiquei me culpando, achando que tinha feito besteira por ter insistido tanto em PN. Achava que tinha causado mal ao meu filho.
Depois da sutura da laceração fui levada para uma sala de recuperação, cochilei... Acordei, comecei a chamar a enfermeira dizendo que queria meu bebê, queria ir para o quarto... Ela disse que estava só esperando o anestesista vir para me liberar (detalhe, o meu parto foi sem anestesia!!!). Depois que disse isso, ela ficou com cara de babaca e foi providenciar um berço para trazer meu bebê para junto de mim.
Ela trouxe o Nicolas todo enroladinho num pacotinho e o colocou ao meu lado. Finalmente, pude observá-lo, namorá-lo, ver cada detalhe do seu rostinho... Seus lábios finos como os meus, seu narizinho de batatinha... Ah, nesse momento tudo deixou de ter importância... só existia nós dois!! Dessa vez, chorei de alegria, em ver o quão lindo e perfeito era meu filhote e o mais importante, que ele estava bem.
Chegamos juntos no quarto e não nos separamos mais. Ele estava dormindo e não quis mamar. Tivemos nosso merecido descanso, lado a lado. Quando ele acordou, enfim consegui amamentar. Ele mamou super bem, com aquela boquinha miudinha...
Chegamos juntos no quarto e não nos separamos mais. Ele estava dormindo e não quis mamar. Tivemos nosso merecido descanso, lado a lado. Quando ele acordou, enfim consegui amamentar. Ele mamou super bem, com aquela boquinha miudinha...
Hoje, sei que o que aconteceu foi total falta de preparo da equipe de pediatria em assistir um parto normal. Também, em um hospital onde 90% dos partos são cesáreas, não é de se estranhar. E a falta de sorte de pegar logo o plantão do pediatra mais conservador do hospital (o GO já havia me alertado sobre ele), que se nega em cortar o cordão tardiamente ou deixar de colocar colírio no bebê. Lamento não ter tido aquele tão sonhado momento de segurar o bebê nos braços, ainda ligado ao cordão. Mas, sei que o parto foi o melhor que eu poderia ter, dentro das circunstâncias. Para mim, foi a experiência mais fantástica e maravilhosa da minha vida. Principalmente pelo apoio que recebi do meu marido. De ter apoiado do início ao fim o meu desejo de ter parto normal. E ter transformado este num desejo dele também. De ter ficado ao meu lado durante todo o trabalho de parto, me dando apoio, ânimo e carinho, eu via nele a certeza de que eu iria conseguir! Isso sem dúvida nos uniu ainda mais e nos trouxe muita cumplicidade. Não imagino como poderia ser um parto sem contar com este tipo de apoio.
Minha recuperação foi ótima, e super rápida. A laceração foi bem pequena, segundo o GO, foi bem menor que uma episio. No dia seguinte já conseguia sentar normalmente e depois de um mês já não sentia mais nada no local.
_Rosiane, mãe de Nicolas.
Muito obrigada por partilhar sua experiência, estou achando que vou passar por algo semelhante ao seu PN hospitalar, mas agora com a sua história eu vou poder organizar melhor e já pontuar mtas coisas, seja com minha médica, seja com meu marido e com o pediatra! muito obrigada mesmo! Parabéns pelo Nicolas! Q Deus os abençoe grandemente!
ResponderExcluirNossa, q lindo! Queria eu ter um médico que me apoiasse assim! =/
ResponderExcluirMe passa o contato desse anjo..