sábado, 10 de agosto de 2013

Quando a voz é do pai


Por Juliano Codorna


Lembro que uma das primeiras histórias que marcaram o início desse meu processo de transformação como homem e como pai, foi quando minha companheira Bianca Lanu comentou comigo durante sua gestação que gostaria de parir o nosso filho em casa, e a minha reação foi única e imediata:
             - Não me venha com essa conversinha de antropóloga!!! rs
Mas, a partir desse momento foi dado o ponta pé inicial, mesmo sem nossa percepção, de um processo que mudaria nossas vidas para sempre e principalmente a minha, pois sou pai de “primeira viagem”. 
Bianca começou uma empreitada em busca de informações sobre parto humanizado, gestação ativa, e sempre a procura de textos, livros, vídeos, relatos de parto e com isso ela ia me passando alguns. Lembro que li durante a gestação Nascer Sorrindo, de Leboyer e O Camponês e a Parteira, de Michel Odent, além de alguns relatos de parto, mas acabava sempre assistindo algum vídeo ali meio que por acaso durante o cotidiano.
Claro que todas essas informações estavam sendo processadas em mim e a essa altura já via aquela ideia maluca como algo possível, pois aos poucos iam sendo desmistificados as impressões que tinha sobre essa possibilidade, e percebia como isso seria realmente importante para receber o Rudá e também de dar todo apoio a Bianca que desde o início pretendia ter um parto domiciliar de forma mais humana e calorosa. Outros fatores, como não acreditar no Sistema Único de Saúde e nem na Medicina convencional me ajudaram a realmente ter certeza do que seria melhor para todos nós.
No dia 23 de agosto de 2009 às 3h46 da manhã recebemos Rudá em nosso “Chalézinho”, em uma noite de chuva fina e de pouco frio... momentos inesquecíveis com pessoas que tenho o maior apreço nessa vida.
Realmente a vinda de Rudá foi algo maravilho em minha vida!
Eu sempre pretendi ter filhos, talvez até mesmo pela minha própria criação, e como filho único, sempre tive por perto dois corujões de marca maior, além do meu pai ter sido muito presente em minha criação, então acho até meio que óbvio ter Rudá como um parceiro pra essa caminhada chamada.
Mas, confesso que nunca pensei que a paternidade poderia ser algo tão transformador, pois me fez entender muitas coisas, como também me fará entender tantas outras, espero eu. E, me faz refletir de como matamos a criança que existe em nós para vivermos esse mundo cada dia mais maluco, cartesiano, e consumista.
Muita coisa sobre essa nova paternidade chegou até mim através dos relatos, textos, blogs, vídeos e livros e por isso acredito ser fundamental essas ferramentas como forma de empoderamento paterno e materno, como esse texto mesmo. Desde o nascimento do Rudá ensaio para escrever  um relato, mas a criatividade e a falta de tempo são fatores limitantes - por exemplo, esse texto mesmo era pra ser pro Dia das Mães, mas está saindo no Dias dos Pais! rs

* Mariana Massarani, A franja.

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