terça-feira, 7 de maio de 2013

A linguagem dos sentidos: além de sorrisos e olhares



Por Vicky Nóbrega - Especial para o Vida



É pela emoção que o bebê percebe o mundo em sua volta. 
Cuidados são necessários, mas tudo na medida certa

Em meio à agitação da vida moderna, tem-se um bebê. Para a mãe principalmente, os deveres aumentam e, aos envolvidos, crescem as tarefas diárias. O que, a princípio, parece sacrifício, torna-se um grande prazer. Afinal, o que é necessário para que aconteça a interação mãe-bebê? Segundo a parteira tradicional Suely Carvalho, vice-presidente da Aliança Latino-Americana de Parteiras (Alapar), basta saber que a criança precisa do essencial: "Sentir-se segura, protegida e amada".

Coordenadora da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais do Brasil e fundadora do Cais do Parto, Suely diz que a comunicação do bebê ocorre por meio da emoção. Pela sensibilidade, a criança apreende informações. "A percepção é mais aguçada do que se pode imaginar, mas ainda há pessoas que tratam a criança como se não fossem capazes de interagir. É um grande engano. Apesar de não elaborar as percepções, o sentimento fica na sua memória afetiva, sobretudo, no período de gestação".

Durante a gravidez, a parteira explica que o bebê se relaciona com o mundo externo por meio da percepção da mãe, sendo ela o único elo por onde a criança acessa os sentimentos. "A mãe é o balizador. Se está triste, tensa ou alegre a criança capta e registra a emoção. Ao crescer, dependendo da forma como a situação foi encarada, ela pode reagir com insegurança ou não diante dos fatos. Os pais pensam que está tudo bem por ter passado pela fase difícil, mas não se lembram que isso está registrado na memória afetiva do bebê". Após o nascimento, ganha-se mais autonomia e a criança se utiliza das reações e expressões da mãe como um dos canais de comunicação, possuindo agora suas próprias percepções.

Mesmo assim, questiona-se se há formas de resguardá-la dos momentos difíceis. Suely esclarece que a mãe só precisa trazer proteção e amor como suporte para a criança aprender a lidar com isso. "Os problemas são reais, mas não duram a vida inteira. À medida que ela cresce, vai aprendendo. Poupar é impossível. Tem que prepará-la para conviver com as circunstâncias do mundo. Se a mãe passa por tudo, transmitindo amor, o bebê se sentirá seguro e em outra turbulência, estará fortalecido".

Comunicação

A parteira destaca que a criança é um indivíduo com vontade própria cuja linguagem pela qual se comunica é o choro, seguido pelo balbuciar de sons, atribuindo mudanças nessa comunicação. Mas cada choro tem uma finalidade e é dever dos pais aprender cada um, pois trata-se de um processo de construção. "Diferenciando o choro do sono, da fome, da cólica, da sede, da manha, entre outros, a comunicação é estabelecida".

Daí a importância de saber falar com o bebê. "Fale assuntos agradáveis de maneira compreensível, e não emita sons pela boca ou vozes esganiçadas. As crianças devem achar ridículo os adultos que as tratam como bobas. Comunique-se. Mostre um passarinho, indique uma árvore. A criança tem uma mente sadia que capta informações", revela.

O olhar é outro forte canal de comunicação. "Quando nos declaramos a alguém, sempre buscamos olhar nos olhos. Independe da idade. Ninguém olha para o lado ao dizer que ama alguém. A melhor forma de mostrar o amor a uma criança, é olhando nos olhos dela. Dê um sorriso e fale poucas palavras. Não precisa de discurso, porque ela entende o olhar, o sentimento. Mostre que ama e ela vai confiar nisso".

Confiança

O vínculo de confiança é construído e não deve ficar restrito somente à mãe. A melhor maneira de assegurar isso é estabelecer uma rotina diária, a qual também inclui as pessoas, que devem ser as mesmas conforme cada tarefa. "É preciso ter hora para dormir, passear, brincar, comer e tomar banho com as pessoas determinadas. Se cada dia é uma pessoa diferente, a rotina não está sendo mantida. Por isso, tantas crianças se acostumam mais com a babá do que com a própria mãe".

Paciência é importante no trato com o bebê. "Se a mãe cuida da criança, mas fica se lamentando do cansaço, a criança vai crescer com um profundo sentimento de culpa, principalmente se a mãe for infeliz". Por isso, o primeiro passo de zelo com o bebê é a mãe ter cuidado consigo.

Aos pais, há papel imprescindível, já que precisam estar comprometidos com o filho e com o relacionamento conjugal. Na fase da amamentação, Suely conta que a mulher se volta integralmente ao bebê. Além disso, os hormônios da lactação inibem sua libido, o que compromete a frequência do ato sexual, gerando problemas conjugais diante da falta de compreensão dos homens. "O pai deve apoiar a mãe e saber que faz uma renúncia temporária por amor ao filho, para que ele tenha o que é essencial. É tudo que ele pode fazer. Depois desse período, ele terá essa mulher por inteiro", orienta.

Mãe dedicada

Há três meses, Mariana Camelo Sá Matos cuida do seu primeiro filho, Rafael, adapta-se às mudanças decorrentes ao bebê, e realiza todas as tarefas com paciência e conhecimento. Ao falar de cuidados com o bebê, ela confessa sorrindo: "Para cuidar do bebê, a mãe deve tampar o relógio, pois não existem horários".

No início, ela conta que Rafael pedia o leite materno logo depois que mamava. "Se isso acontece a mãe acha que não tem leite, mas precisa continuar tentando para o bebê estimular". Após receber orientações de um banco de leite, Mariana aprendeu a lição: "A mama deve ser dada até o final. A primeira parte do leite é o que protege o bebê e a segunda é a que engorda e dá saciedade", recomenda.

Outro sufoco foi por causa das cólicas, que faziam Rafael chorar por horas. A mãe descobriu a massagem indiana shantala pela internet e fez o teste. Deu certo! Também aprendeu que alivia as dores quando coloca o bebê na banheira com água morna até a altura da barriga.

Diferenciar os choros, Mariana tira de letra e diz ser fácil às mães que observam o bebê. "O importante é os pais terem contato com a criança". Após o banho, ela adquiriu o hábito de massagear Rafael com talco. Método também adotado pelo pai, Cristiano Matos, que, nos dias de folga do trabalho, troca fraldas e dedica o tempo disponível para reforçar o vínculo com o filho.

Fonte: Diário do Nordeste - http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1264180

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