sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Parteiras Caiçaras" em trabalho de parto!

... é... tenho andado um pouco ausente daqui, vocês notaram?!
Dos posts diários, apenas nossa Agenda Parto no Brasil e o Multimídia Parto no Brasil tenho conseguido cumprir c/ certo afinco. O bom disso tudo é que Ana Carolina tem subido algumas matérias incríveis, que tem nos levado à reflexão, além de compartilhar novidades do meio acadêmico e oportunidades - parceria vinda lá da Patota da Cozinha.
Mas, essa "sumida" é por um ótimo motivo!
Vocês se recordam do Projeto "Parteiras Caiçaras" que coordeno atualmente? Então, esse trabalho tem como objetivo concretizar um levantamento e registro das parteiras tradicionais caiçaras de Cananéia (saiba como tudo começou aqui!), região situada no Vale do Ribeira, no litoral sul paulista, que abriga comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras, fruto da miscigenação das etnias Carijó e Guarani M´Bya, c/ europeus degredados da Coroa Imperial Portuguesa e africanos, considerada o 1o. povoado do Brasil, c/ ocupação datada de 1502, além de Patrimônio Natural da Humanidade, pela Unesco e Reserva da Biosfera, contendo o último remanescente contínuo de Mata Atlântica do País, c/ diversas unidades de conservação, como a Ilha do Cardoso, além de reservas de uso sustentável, extrativista e áreas de proteção ambiental, que abrigam manguezais, costões rochosos, praias, lagamares!
Sim, aqui é um paraíso!
E, associada a beleza verdejante e úmida dessa flora e fauna também temos a riqueza humana e cultural! E, algumas poucas parteiras, já idosas, mas fonte de saberes e práticas pertencentes ao nosso patrimônio imaterial brasileiro.
Neste sentido, o Projeto "Parteiras Caiçaras" além de encontrar essas mulheres, também registrou, através de relatos em entrevistas in locco, isto é, feitas nas comunidades, especialmente nas áreas continentais e insulares, suas histórias de parto e nascimento, sendo que a memória dos tempos antigos direciona o caminho trilhado entre pesquisador e pesquisado, onde o protagonista é o narrador. Como metodologia uma pesquisa participante, c/ bases na Antropologia Interpretativa, História Oral e Memória.
Pois bem, desde o início do ano algumas ações ocorreram, como o Dia da Parteira, em 05 de maio, c/ a presença da parteira Cleuza da Silva dos Reis p/ uma prosa no Ponto de Cultura "Caiçaras", c/ exibição do filme Dia de Nascimemto (Birth Day), da parteira mexicana Naoli Vinaver, e a exposição de fotos de parto da Rede Parto do Princípio. O encontro fez parte, ainda, da Marcha das Parteiras, conforme nos conta Bia Fioretti em Marcha das Parteiras pelo Brasil.
Também participamos em maio do 3o. Seminário de Humanização das Assistências Obstétrica e Neonatal, em Bauru/SP, organizado pelo GAAME e Senac Bauru, c/ a apresentação de um pôster e de uma entrevista no Programa Conexão Futura, do Canal Futura, c/ a presença em estúdio da parteira Suely Carvalho, da Cais do Parto, em Olinda/PE.
Para outubro temos agendada a Oficina de Arpilleras, c/ Esther Vidal, p/ confeccionar um artesanato têxtil bordado, através desta técnica chilena utilizada durante a Ditadura de Pinochet como forma de lutar contra a opressão do Estado, feita por mulheres, geralmente as mães e esposas dos refugiados e presos políticos. O material será a capa da obra literária "Parteiras Caiçaras: relatos e retratos de parto e nascimento", apoiada pela Secretaria da Cultura, do Governo de São Paulo, pelo Programa de Ação Cultural.
Além de muito trabalho pela frente, visto que estou na fase das transcrições das entrevistas, redação, edição e produção do livro - fôlegofôlegofôlego!
Soma-se: cria full time (há quatro dias de comemorar dois anos!), home-office, craft-room (sim, ainda me meti a ser aprendiz de modelista/costureira - ah, e blogueira assumida, pois criei o Comadre para contar minhas aventuras manuais), 26 metros quadrados (o chalezin onde Rudá nasceu - Lar Doce Lar!), companheiro leonino agroecológico e, desde ontem três frangotes!
Tem q ser capricorniana, c/ ascendente em Libra, Carneiro no ano, Boi no mês e Coelho no dia, e, Tormenta Azul, filha de Iemanjá. Claro, antropóloga!
Brincadeiras a parte (mas, é verdade, sou toda essa miscelânea citada acima!) estou adorando ter essa dádiva, agradecida todo dia (obrigada, obrigada a todos os deuses e deusas!) de poder realizar este trabalho que valorize e reconheça a sabedoria de nossas parteiras tradicionais. Em lugares longínguos como esses elas eram as únicas que podiam amparar as parturientes e seus bebês. Mais do que tarde merecem este destaque!
Aproveito para agradecer também cada mulher que me recebeu em seu lar, que compartilhou comigo histórias de vida, de amor, de fé!
"Um Dom de Deus"
Cleuza da Silva dos Reis
Em dezembro ele nasce!
Enquanto isso, bora trabalhar - prometo um lindo slide show c/ as imagens das atividades!!!

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